Batalha de Tamão









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Batalha de Tamão
Data

1521
Local

Tamão
Desfecho
Vitória da dinastia Ming.
Beligerantes



Dinastia Ming
Reino de Portugal Portugal
Comandantes



Wang Hong
Portugal Simão de Andrade
Forças



Frota de juncos
Frota de caravelas
Baixas



Desconhecida Desconhecida


Batalha de Tamão está localizado em: Hong Kong


Batalha de Tamão




A Batalha de Tamão ou Tunmen (chinês tradicional: 屯門海戰, pinyin: Túnmén Hǎizhàn) foi uma batalha naval travada em 1521 em Tamão, entre a marinha imperial da dinastia Ming, comandada por Wang Hong (chinês: 汪鋐) e a frota do Império Português, comandada por Simão de Andrade, que resultou na vitória da dinastia Ming.[1][2]




Índice






  • 1 Causas


  • 2 Local


  • 3 A batalha


  • 4 Ver também


  • 5 Notas e referências


    • 5.1 Notas


    • 5.2 Referências


    • 5.3 Bibliografia







Causas |


O militar e pirata português Simão de Andrade havia raptado as crianças chinesas para vendê-las em Malaca,[nota 1] tendo ignorado a autoridade soberana chinesa em Tamão e construído um forte sobre o local.[nota 2][5][6][7] Os chineses acreditavam que os portugueses assavam e comiam as crianças chinesas raptadas[nota 3][9] e iniciaram um ataque contra os portugueses, que teriam morrido à fome se não tivessem executado o bloqueio.



Local |




Ilha Nei Lingding vista a partir de Castle Peak, em Tuen Mun.


Os portugueses designavam o seu estabelecimento por Tamão, que provém de Tunmen (屯門, Túnmén), o nome da zona ocidental de Hong Kong e Shenzhen que existe desde a dinastia Tang. As fontes em língua chinesa afirmam que os portugueses se estabeleceram ao redor da enseada de Tamão (屯門澳, Túnmén Ào), mas o local onde se encontra a atual enseada de Tamão é desconhecido, visto que a localização exata do estabelecimento português e do campo de batalha continuam em debate entre os historiadores.


Na atualidade, Tamão (Tunmen) refere-se a Tuen Mun, a leitura cantonesa dos mesmos caracteres chineses. Por vezes, isto levou alguns investigadores a relacionar Tamão de Ming a Tuen Mun dos Novos Territórios de Hong Kong. A enseada de Tamão pode referir-se a uma das duas baías localizadas ao redor de Tuen Mun: a baía Castle Peak, situada próxima à cidade planeada de Tuen Mun ou a baía Deep situada entre os Novos Territórios e a cidade histórica de Nantou no atual território de Shenzhen, onde embarcou uma força de defesa costeira da dinastia Ming.[10]


As fontes em língua portuguesa afirmam que Tamão era uma ilha, como Tuen Mun não é uma ilha, os investigadores indicam que Tamão na verdade, refere-se a uma das ilhas vizinhas. A ilha Nei Lingding, situada a oeste de Tuen Mun, é comummente aceite no meio académico ocidental como uma das possibilidades mais prováveis,[11] enquanto que a ilha Lantau foi também sugerida.[12]



A batalha |


Durante este período, a marinha chinesa enviou cerca de cinquenta navios,[nota 4] que derrotaram a frota de Simão de Andrade e encorajaram os chineses a prosseguir a sua ação militar na batalha da ilha da Veniaga contra Martim Afonso de Melo Coutinho, ocorrida no ano seguinte.[14][15][16]


As tropas chinesas foram comandadas por Wang Hong. A batalha iniciou-se em abril ou maio e terminou quando os portugueses fugiram para Malaca em outubro.[nota 5] Muitas embarcações portuguesas foram capturadas pelas forças chinesas e os chineses mataram e capturaram vários portugueses e apenas três navios da armada portuguesa sobreviveram à batalha entre os vários navios e juncos chineses com os quais atacaram estes. Os portugueses só conseguiram escapar porque um forte vento surgiu e empurrou os navios chineses, permitindo que os portugueses escapassem para mar aberto. Anos depois, os chineses tentaram executar cada português que tentasse embarcar à China.[nota 6]


No entanto, com a melhoria gradual das relações e a ajuda portuguesa dada aos chineses contra os piratas japoneses wakō nas margens da China, em 1557 as autoridades chinesas autorizaram finalmente os portugueses de estabelecerem-se em Macau, como sua nova colónia comercial.[19] O Sultanato de Johore melhorou também as suas relações com os portugueses e lutaram ao seu lado contra o Sultanato de Achém.



Ver também |



  • Batalha da ilha da Veniaga

  • Fernão Pires de Andrade

  • Hong Kong britânico

  • Império Português

  • Macau (Portugal)

  • Martim Afonso de Melo Coutinho

  • Tamão



Notas e referências


Notas




  1. Citação: «Na altura, os portugueses embarcaram para Tamão e começaram a construir fortes, atacar e saquear os navios chineses e raptar homens e mulheres do território. No entanto, é muito provável que o principal problema era a compra e escravidão das crianças chinesas por parte dos portugueses, que provavelmente foram raptadas por criminosos locais. A compra e a escravatura destas crianças raptadas foram levadas a cabo por homens liderados por Simão de Andrade entre 1518-19, o irmão mais novo de Fernão Pires de Andrade. Nesta época, Fernão Pires de Andrade já havia regressado a Lisboa com triunfo, mas foi detido pelos chineses quando se dirigia a Cantão, tendo morrido numa prisão em 1524. Os portugueses foram expulsos de Tamão em 1521 e as autoridades de Pequim e Cantão anunciaram a proibição do comércio com os portugueses.»[3]


  2. Citação: «Os portugueses compreendiam a maior parte das possibilidades em Tamão, comandando a entrada e saída dos navios que passavam pelo rio das Pérolas, onde permitiu que os portugueses dominassem o comércio externo. Isto e outros comportamentos inábeis foram ressentidos pelos chineses e em 1521, uma força naval chinesa atacou e derrotou os portugueses.»[4]


  3. Citação: «Embora, segundo Cristóvão Vieira, o imperador referiu-se com magnanimidade, "Essas pessoas não conhecem nossos costumes, mas conhecerão gradualmente, mais acusações, algumas das quais bastante fantásticas, foram apresentadas contra os portugueses. Depois de ter dito que uma das acusações era que "nós comprávamos crianças raptadas de pessoas importantes e as comíamos assadas", João de Barros comentou: "Eles parecem acreditar que isto é verdade, como sendo sobre pessoas de quem nunca tinham ouvido falar, e éramos o terror e o medo de todo o Oriente, e por isto não era preciso tanto para acreditar que fizemos tais coisas, do mesmo modo que nós também pensamos deles e dos outros países longínquos, dos quais temos pouco conhecimento". Alguns historiadores chineses apresentaram pormenores sobre os preços das crianças e como elas eram assadas.»[8]


  4. Citação: «Era uma frota com mais de cinquenta navios. Foram dias edificantes em que Wang Hong empenhou-se e derrotou uma expedição portuguesa.»[13]


  5. Citação: «Uma frota portuguesa com vários navios regressou à China em abril ou maio de 1521. O tribunal da dinastia Ming ordenou às autoridades de Cantão que expulsassem a frota portuguesa. As forças navais lideradas por Wang Hong, lutaram contra os portugueses e venceram. Muitos portugueses foram capturados e executados de forma horrível. Outros navios chegaram nos meses seguintes e atacaram os chineses, mas todos falharam. No final de outubro, os portugueses se retiraram para Malaca, depois de muitas baixas. Esta foi a batalha de Tamão.»[17]


  6. Citação: «Entretanto, após a partida de Simão de Andrade, a nau Madalena, pertencente a D. Nuno Manuel, partiu de Lisboa sob o comando de Diogo Calvo, tendo chegando a Tamão com outras embarcações de Malaca, entre elas o junco de Jorge Álvares, que no ano anterior não conseguiu navegar com a frota de Simão de Andrade, por ter se rompido. Quando as instruções emanadas de Pequim contra os portugueses chegaram a Cantão, com a notícia da morte do imperador, os chineses prenderam Vasco Calvo, o irmão de Diogo Calvo e também prenderam outros portugueses que estavam a negociar na costa de Cantão. A 27 de junho de 1521, Duarte Coelho chegou a Tamão com dois juncos. Os chineses capturaram algumas embarcações portuguesas e bloquearam o navio de Diogo Calvo e outros quatro navios portugueses em Tamão, com uma grande frota de juncos armados. Poucas semanas depois, Ambrósio do Rego chegou com dois navios. Como muitas tripulações portuguesas tinham sido mortas, abatidas ou presas nos combates, não havia na altura portugueses suficientes para todas as embarcações e isto obrigou Calvo, Coelho e Rego a abandonarem os juncos para manejar melhor as três naus. Os portugueses partiram a 7 de setembro e foram atacados pela frota chinesa, mas conseguiram escapar graças a um vendaval oportuno que empurrou os juncos inimigos e os portugueses chegaram a Malaca em outubro de 1521. Vieira menciona que outros juncos que chegaram a China com os portugueses a bordo, foram atacados e suas tripulações foram mortas ou feitas prisioneiras no primeiro combate, sendo abatidas posteriormente.»[18]





Referências




  1. «Portugal na China». Super Interessante (162). Outubro de 2011 


  2. Morais, José Simões (19 de julho de 2015). «A segunda embaixada portuguesa à China». Hoje Macau 


  3. Hao 2011, p. 11


  4. Ng 1983, p. 25


  5. Morbey, Jorge. «As relações entre Portugal e a China: Uma abordagem bilateral aos primeiros contactos». Fundação Macau. Consultado em 26 de dezembro de 2016 


  6. Guo 2015, p. 19


  7. Oliveira 2003, p. 25


  8. Pires, Cortesão & Rodrigues 1990, p. 39


  9. Ramos 1990, p. 162


  10. Lau & Liu 2012, p. 35


  11. Braga 1939, p. 420–432


  12. Lau & Liu 2012, p. 39


  13. Ng 1983, p. 65


  14. Morais, José Simões (24 de julho de 2015). «Regresso de Tomé Pires a Cantão». Hoje Macau 


  15. Real Sociedade Asiática da Grã-Bretanha e Irlanda 1894, p. 44


  16. Real Sociedade Asiática da Grã-Bretanha e Irlanda 1895, p. 44


  17. Hao 2011, p. 12


  18. Pires, Cortesão & Rodrigues 1990, p. 11


  19. Jr. 1998, p. 343-344



Bibliografia |




  • Braga, J. M. (maio de 1939). «The "Tamao" of the Portuguese Pioneers». Tien Hsia Monthly (em inglês). 8 (5): 420–432 


  • Ng, Peter Y. L. (1983). New Peace County: A Chinese Gazetteer of the Hong Kong Region (em inglês). Hong Kong: Hong Kong University Press. ISBN 962-209-043-5. Resumo divulgativo – Google Livros 


  • Ramos, João de Deus (janeiro–março de 1990). «Relações de Portugal com a China anteriores ao estabelecimento de Macau» (PDF). Instituto da Defesa Nacional. Revista Nação e Defesa. 15 (53). ISSN 0870-757X 


  • Pires, Tomé; Cortesão, Armando; Rodrigues, Francisco (1990). The Suma Oriental of Tome Pires: An Account of the East, from the Red Sea to China, Written in Malacca and India in 1512-1515: And, the Book of Francisco Rodrigues: Pilot-Major of the Armada That Discovered Banda and the Moluccas: Rutter of a Voyage in the Red Sea, Nautical Rules, Almanack, and Maps, Written and Drawn in the East Before 1515. Col: The Suma Oriental of Tome Pires: An Account of the East, from the Red Sea to Japan, Written in Malacca and India in 1512-1515, and The Book of Francisco Rodrigues, Rutter of a Voyage in the Red Sea, Nautical Rules, Almanack and Maps, Written and Drawn in the East Before 1515 (em inglês). 1. Nova Deli: Asian Educational Services. ISBN 81-206-0535-7. Resumo divulgativo – Google Livros 


  • Jr., John E. Wills (1998). «Relations with Maritime Europe, 1514–1662». In: Twitchett, Denis; Fairbank, John King; Feuerwerker, Albert. The Cambridge History of China (em inglês). 8. Nova Iorque: Cambridge University Press. ISBN 0-521-24333-5 


  • Hao, Zhidong (2011). Macau History and Society (em inglês). Hong Kong: Hong Kong University Press. ISBN 988-8028-54-5. Resumo divulgativo – Google Livros 


  • Lau, Chi-pang; Liu, Shuyong (2012). 屯門: 香港地區史研究之四 (em chinês). Hong Kong: Joint Publishing. ISBN 9789620431470 


  • Oliveira, Francisco Manuel de Paula Nogueira Roque de (2003). A construção do conhecimento europeu sobre a China, c. 1500 - c. 1630. Impressos e manuscritos que revelaram o mundo chinês à Europa culta. Departamento de Geografia (PDF)<|formato= requer |url= (ajuda) (Tese). Barcelona: Universidade Autónoma de Barcelona. ISBN 8468839345. Resumo divulgativo (PDF)Teses e Dissertações Digitais 


  • Guo, Mo (2015). A China em Portugal: A porcelana Blue Canton da Vista Alegre. Departamento de Línguas e Culturas (PDF)<|formato= requer |url= (ajuda) (Tese). Aveiro: Universidade de Aveiro. Resumo divulgativo (PDF)Repositório Institucional da Universidade de Aveiro 


  • Gruzinski, Serge (2015). A Águia e o Dragão: Portugueses e Espanhóis na Globalização do Século XVI. Traduzido por Duarte, Pedro Elói. Lisboa: Edições 70. ISBN 978-972-44-1844-5. Resumo divulgativo – Google Livros 


  • Este artigo incorpora texto de uma publicação, atualmente no domínio público: Real Sociedade Asiática da Grã-Bretanha e Irlanda (1894). Journal of the North-China Branch of the Royal Asiatic Society (em inglês). 26-27. Norte da China: Royal Asiatic Society North China. Resumo divulgativo – Google Livros 


  • Este artigo incorpora texto de uma publicação, atualmente no domínio público: Real Sociedade Asiática da Grã-Bretanha e Irlanda (1895). Journal of the China Branch of the Royal Asiatic Society for the Year (em inglês). 27-28. China: Royal Asiatic Society China. Resumo divulgativo – Google Livros 

  • Este artigo foi inicialmente traduzido do artigo da Wikipédia em inglês, cujo título é «Battle of Tunmen», especificamente desta versão.














































































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