Lúpulo
Lúpulo | |||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||
Humulus lupulus L. |
Lúpulo, ou pé-de-galo[1][2] é uma liana, angiosperma, da espécie Humulus lupulus, da família Cannabaceae, nativa da Europa, Ásia ocidental e América do Norte. É uma planta dioicia, perene, herbácea, que cresce brotos no início da primavera e definha como um rizoma endurecido no inverno. Sendo uma trepadeira, tem capacidade de crescer em torno de 4,6 a 6,1 metros[3]. Possuem flores polinizadas pelo vento[4] que atraem borboletas[5].
O lúpulo é tradicionalmente usado, junto com o malte (grão maltado), a água e a levedura, na fabricaçāo da cerveja. No calor do cozimento da mistura, o lúpulo libera suas resinas de sabor amargo, dando à cerveja sabor característico.
O lúpulo é um conservante natural, sendo essa uma das principais razões para ser adotado na produção de cerveja. O lúpulo era adicionado diretamente ao barril de cerveja após a fermentação para mantê-la fresca enquanto era transportada. Foi assim que um estilo particular de cerveja surgiu, a Índia Pale Ale. Na virada do século XVIII, os cervejeiros britânicos começaram a enviar cerveja forte, com muito lúpulo adicionado aos barris para preservar a bebida durante a viagem de vários meses para a Índia. No final da viagem, a cerveja acabava adquirindo grande intensidade de aroma e sabor de lúpulo. Perfeito para satisfazer a sede de pessoal britânico nos trópicos.
[6]
Além de um constituinte da cerveja, o lúpulo é cultivado como trepadeira ornamental em jardins em áreas subtropicais e temperadas. Também é usado em pequena escala na alimentação, produzindo o chamado "aspargo de lúpulo". H. lupulus contém mirceno, humuleno, xantohumol, mircenol, linalol, tanino e resina.
Índice
1 Variedades
2 Cultivo
2.1 Histórico
3 Utilização na cerveja
4 Produção
5 Química
6 Referências
Variedades |
Humulus lupulus var. lupulus. Europa, Ásia Ocidental.
Humulus lupulus var. cordifolius. Ásia Oriental.
Humulus lupulus var. lupuloides (sin. H. americanus). Região Oeste da América do Norte.
Humulus lupulus var. neomexicanus. Região Leste da América do Norte.
Humulus lupulus var. pubescens. Região Central da América do Norte.
Cultivo |
Histórico |
A primeira citação do uso do lúpulo na elaboração de cervejas é encontrada na epopeia nacional da Finlândia, a Kalevala, compilada por Elias Lönnrot. Esta epopeia remonta períodos anteriores 1000 A.C., porém a compilação dos poemas ocorreu apenas a partir do século 19, o que pode ser um fator subjetivo para ser considerada com a primeira referência do uso do lúpulo.[7]
A evidência mais aceita do primeiro campo de cultivo de lúpulo data de 736, no jardim de um prisioneiro de origem eslava, próximo a Gensenfeld, no distrito de Hallertau, região da atual Alemanha.[8] Em 1067, Hildegard Von Bingen descreveu as qualidades do lúpulo para o uso na fabricação de cervejas, escrevendo: "Se alguém decide preparar cervejas com aveia, deve utilizar lúpulo."[9] Em 1516, duque Guilherme IV da Baviera, instituiu uma lei, conhecida como Lei de Pureza da Cerveja, Reinheitsgebot, que determinava que os únicos ingredientes utilizados na elaboração fossem a água, malte e lúpulo. [10]
O lúpulo foi introduzido nas cervejas da Inglaterra no início do século XVI, e, no caso dos Estados Unidos, tendo o cultivo começado em 1629, no estado de Virginia Ocidental onde hoje é o Distrito de Columbia e a cidade de Washington.
Atualmente, os principais centros de produção do Reino Unido encontram-se em Kent (que produz o lúpulo Kent Golding), Worcestershire, e Washington state no caso dos Estados Unidos. Outras importantes áreas de cultivo incluem Bélgica, Alemanha, República Tcheca, Xinjiang (China), Tasmânia (Austrália), a região de Lublin (Polônia) e Chuvashia (Rússia). Nova Zelândia é referência na produção de lúpulo orgânico.
Utilização na cerveja |
A utilização na cerveja é o maior uso comercial do lúpulo.[11] A flor de Humulus Lupulus é utilizado como condimento e conservante em quase todas as cervejas hoje em dia.
As resinas do lúpulo são compostas por dois principais ácidos: alfa ácidos e beta ácidos.
- Ácidos alfa têm uma leve efeito antibiótico/bacteriostático contra bactéria Gram-positiva, e favorece a atividade exclusiva da levedura durante a fermentação da cerveja. Os alfa ácidos são responsáveis pelo sabor amargo na cerveja, porém o mesmo é insolúvel em água até ser isomerizado pela ebulição do mosto. Quanto maior o tempo de ebulição, maior o percentual de isomerização e mais amarga a cerveja será. No entanto, os óleos que contribuem com sabores e aromas característicos são voláteis e se perdem em grande quantidade durante longas fervuras. Há muitas variedades de lúpulo, mas estes podem ser divididos em duas categorias gerais: Amargor e Aroma. Lúpulos de amargor são ricos em ácidos alfa, cerca de 10 por cento de seu peso.[6] Lúpulos de aroma contêm geralmente menos, cerca de 5 por cento e produzem um sabor e aroma mais desejável à cerveja. Muitas variedades estão no meio termo e são utilizadas para ambos os fins. Lúpulos de amargor são acrescentados no início da ebulição e fervidos durante cerca de uma hora. Lúpulos de Aroma são adicionados ao final da fervura e normalmente fervidos por 15 minutos ou menos. Adicionando diferentes variedades de lúpulo em diferentes momentos durante a fervura, um perfil mais complexo de lúpulo pode ser alcançado, fazendo com que a cerveja apresente um equilíbrio entre amargor, sabor e aroma.[6]
- Beta ácidos não isomerizam durante a fervura do mosto, e têm um efeito desprezível no sabor da cerveja. Em vez disso, eles contribuem para o aroma da cerveja; variedades de lúpulo com elevados níveis de beta ácidos são muitas vezes adicionados no final da fervura do mosto para conferir aroma. Beta ácidos, podem oxidar e dar origem a compostos como o dimetilsulfureto (DMS), que produz na cerveja sabores estranhos, como legumes podres ou milho cozido.[6]
Produção |
A produção mundial de lúpulo no ano de 2014, de acordo com dados da FAOSTAT, foi de 100.360 toneladas, sendo os principais produtores mundiais listados a baixo:
Produção em toneladas. Ano 2014. | |||||
País | Produção (ton) | Porcentagem | |||
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Alemanha | 38 487 | 38,35% | |||
Estados Unidos | 32 203 | 32,09% | |||
China | 7 656 | 7,63% | |||
República Checa | 6 202 | 6,18% | |||
Polónia | 2 713 | 2,70% | |||
Coreia do Sul | 2 010 | 2,00% | |||
Eslovênia | 1 960 | 1,95% | |||
Albânia | 1 700 | 1,69% | |||
Espanha | 958 | 0,95% | |||
Nova Zelândia | 838 | 0,83% | |||
Outros países | 5 633 | 5,61% | |||
Total | 100 360 | 100% |
O valor bruto da produção mundial, no ano de 2013 foi de US$ 468,80 milhões. [12]
Química |
Lúpulo contém 8-prenilnaringenina, o mais potente fitoestrógeno conhecido.[13]
Referências
↑ S.A., Priberam Informática,. «Significado / definição de pé-de-galo no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa». www.priberam.pt. Consultado em 26 de novembro de 2017
↑ «Definição ou significado de pé-de-galo no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 26 de novembro de 2017
↑ «Humulus lupulus - Plant Finder» (em inglês)
↑ «Hops, Humulus lupulus, plant facts - Eden Project» (em inglês)
↑ «Humulus lupulus - Plant Finder» (em inglês)
↑ abcd Palmer, John. «How to Brew». Consultado em 6 de Julho de 2012
↑ Neve, R. A. (6 de dezembro de 2012). Hops (em inglês). [S.l.]: Springer Science & Business Media. ISBN 9789401131063
↑ Hornsey, Ian Spencer (1 de janeiro de 2003). A History of Beer and Brewing (em inglês). [S.l.]: Royal Society of Chemistry. ISBN 9780854046300
↑ Parkes, John (13 de dezembro de 2013). Home Brewing: Self-Sufficiency (em inglês). [S.l.]: Skyhorse Publishing, Inc. ISBN 9781628731408
↑ Silva, Hiury Araújo (Março de 2016). «Cerveja e sociedade». Contextos da Alimentação – Revista de Comportamento, Cultura e Sociedade|acessodata=
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(ajuda)
↑ A. H. Burgess, Hops: Botany, Cultivation and Utilization, Leonard Hill (1964), ISBN 0-471-12350-1
↑ «FAOSTAT». www.fao.org. Consultado em 18 de abril de 2017
↑ Keiler; Zierau; Kretzschmar (2013). «Hop Extracts and Hop Substances in Treatment of Menopausal Complaints». Planta Med 2013; 79(07): 576-579 (em English). 79 (07): 576-567. doi:10.1055/s-0032-1328330 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link) !CS1 manut: Língua não reconhecida (link)