Os Conjurados




Os Conjurados foram um grupo nacionalista e patriótico português, nascido clandestinamente na parte final do domínio espanhol sobre Portugal, responsável pelo golpe de Estado do 1.º de Dezembro de 1640 que eliminou a possibilidade do Reino de Espanha se manter em união dinástica com o Reino de Portugal, tornando-se este último um estado independente e soberano em relação a Espanha e ao Mundo.


Era constituído por cerca de cinquenta homens, 40 da nobreza, e os restantes do clero e militares, daí também serem conhecidos por Os Quarenta Conjurados ou os Os Quarenta Aclamadores, por estarem envolvidos quarenta brasões. O objectivo - logrado com sucesso - era a destituição dos Habsburgos, proclamar e aclamar um rei português tal como aconteceu.


Aquele que ficou reconhecido como tendo sido o grande impulsionador da conspiração foi João Pinto Ribeiro, bacharel em direito canónico cuja jurisprudência anulou o juramento de Tomar por incumprimento de obrigações por parte dos Habsburgos espanhóis. No entanto podemos reconhecer também, como preponderante, que pode ter havido um papel e alguma influência dos jesuítas da província portuguesa, duma forma mais velada, nomeadamente pelo comportamento do Padre António Vieira e pela convivência familiar do Doutor D. André de Almada, especialmente sobre determinados fidalgos e que se encontram entre os quarenta. Aqueles nobres portugueses que tinham ficados presos e destituídos de quase tudo no desastre de Alcácer Quibir, mais precisamente seus filhos ou netos órfãos, que nada puderam fazer e lutar contra um diferente destino de Portugal, anos antes, durante a crise dinástica cuja sorte tinha imposto o domínio de um rei castelhano sobre os destinos do Reino de Portugal.


Depois de se ter dado uma nova e a última reunião no palácio de D. Antão de Almada, hoje conhecido como Palácio da Independência por essa razão. A 1 de Dezembro de 1640, Os Conjurados invadiram o paço da ribeira onde se encontrava a vice-rainha de Portugal, a Duquesa de Mântua e o seu secretário-geral Miguel de Vasconcelos.
Perante a invasão, a Duquesa de Mântua escondeu-se num armário e Miguel de Vasconcelos foi "defenestrado" (atirado pela janela) o que lhe causou a morte, e proclamaram rei D. João IV, Duque de Bragança descendente de D. João I, aos gritos de "Liberdade".
O povo e toda a nação portuguesa acorreu logo a apoiar a revolução, Restauração da Independência, e assim, D.Filipe III de Portugal e IV de Espanha, que se encontrava já a braços com uma revolução na Catalunha, não teve como retomar de imediato o poder em Portugal.



Lista dos Conjurados |



  • D. Afonso de Menezes, Mestre de Sala d’el Rei D. João IV;

  • D. Álvaro de Abranches da Câmara, General do Minho, do Conselho de Guerra;

  • D. Antão de Almada, 7.º conde de Avranches, 10.º senhor dos Lagares d´El-Rei[1], 5.º senhor de Pombalinho e Governador da Cidade;

  • D. António de Alcáçova Carneiro, Senhor do Morgado de Alcáçova, Alcaide-Mor de Campo Maior e Ouguela;

  • D. António Álvares da Cunha, Senhor de Tábua;

  • D. António da Costa, Comendador na Ordem de Cristo, Senhor do Morgado da Mustela;

  • D. António Luís de Menezes, 3º Conde de Cantanhede, 1º Marquês de Marialva;

  • D. António Mascarenhas, Comendador de Castelo Novo na Ordem de Cristo;


  • António de Melo e Castro, Capitão de Sofala, Governador da Índia;


  • António de Saldanha, Alcaide-mor de Vila Real;


  • António Teles de Meneses, 1.º e último Conde de Vila Pouca de Aguiar;

  • D. António Telo, Capitão-mor das Naus da Índia;


  • Ayres de Saldanha, Comendador e Alcaide-mor de Soure;

  • D. Carlos de Noronha, Comendador de Marvão, presidente da mesa da Consciência e Ordens;

  • D. Estevão da Cunha, Prior de São Jorge em Lisboa, Cónego da Sé do Algarve, Bispo eleito de Miranda;


  • Fernão Teles da Silva, 1º Conde de Vilar Maior, Governador das armas da província da Beira;

  • D. Francisco Coutinho, filho de Dona Filipa de Vilhena que o armou Cavaleiro e a seu irmão;

  • D. Fernando Telles de Faro, Senhor de Damião de Azere, de Santa Maria de Nide de Carvalho;


  • Francisco de Melo, Monteiro-mor;


  • Francisco de Melo e Torres, 1.º Conde da Ponte, 1.° Marquês de Sande, General de Artilharia;

  • D. Francisco de Noronha, irmão do 3.º Conde dos Arcos;


  • Francisco de São Payo;

  • D. Francisco de Sousa, 1º Marquês de Minas, 3.º Conde do Prado;

  • D. Gastão Coutinho, Governador do Minho;


  • Gaspar de Brito Freire, Senhor do Morgado de Santo Estevão de Nossa Senhora de Jesus na Baía, Brasil;


  • Gomes Freire de Andrade, Capitão de Cavalos;


  • Gonçalo Tavares de Távora, Capitão de Cavalos;

  • D. Jerónimo de Ataíde, 6.º Conde de Atouguia, filho de Dona Filipa de Vilhena que o armou Cavaleiro e a seu irmão;

  • D. João da Costa, 1.º Conde de Soure;

  • D. João Rodrigues de Sá e Menezes, 3º Conde de Penaguião;


  • João de Saldanha da Gama, Capitão de Cavalaria;


  • João de Saldanha e Sousa;

  • D. João Pereira, Prior de S. Nicolau, Deputado do Santo Ofício.


  • João Pinto Ribeiro, Bacharel em Direito Canónico, Juiz de Fora de Pinhel e de Ponte de Lima;


  • João Sanches de Baena, do Conselho de Sua Majestade, Desembargador do Paço, Doutor em Cânones;


  • Jorge de Melo, General das galés, do Conselho de Guerra;

  • D. Luís de Almada, filho de D. Antão de Almada;


  • Luis Álvares da Cunha, Senhor do Morgado dos Olivais;


  • Luís da Cunha de Ataíde;


  • Luís de Mello, Porteiro-mor;

  • D. Manuel Child Rolim;


  • Martim Afonso de Melo, 2º Conde de São Lourenço, Alcaide-mor de Elvas;


  • Miguel Maldonado, Escrivão da Chancelaria-Mor do Reino;

  • D. Miguel de Almeida 4.º conde de Abrantes;

  • D. Nuno da Cunha de Ataíde, 1º Conde de Pontével;

  • D. Paulo da Gama, Senhor do Morgado da Boavista;


  • Pedro de Mendonça Furtado, Alcaide-mor de Mourão;

  • D. Rodrigo da Cunha, Arcebispo de Lisboa;


  • Rodrigo de Figueiredo de Alarcão, Senhor de Ota;


  • Sancho Dias de Saldanha, Capitão de Cavalos;

  • D. Tomás de Noronha, 3º Conde dos Arcos;

  • D. Tomé de Sousa, Senhor de Gouveia, Védor da Casa Real, Trinchante-mor e Mestre-sala;

  • D. Tristão da Cunha de Ataíde, Senhor de Povolide, Comendador de São Cosme de Gondomar;


  • Tristão de Mendonça.



Ver também |



  • Restauração da Independência

  • Revolta do Manuelinho

  • Guerra da Restauração



Bibliografia |




  • «Relação de tudo o que passou na felice Aclamação do mui Alto & mui Poderoso Rei Dom João o Quarto, nosso Senhor, cuja Monarquia prospere Deos por largos anos». Texto publicado em 1641, sem indicação do autor, impresso à custa de Lourenço de Anveres e na sua oficina (atribuído ao Padre Nicolau da Maia de Azevedo)


  • Luís de Menezes, Conde da Ericeira, “História de Portugal Restaurado", Lisboa, 1751-1759




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