José Cutileiro
José Cutileiro | |
---|---|
Nome completo | José Pires Cutileiro |
Pseudónimo(s) | A. B. Kotter |
Nascimento | 20 de novembro de 1934 (84 anos) Évora, Portugal |
Ocupação | Diplomata, antropólogo e escritor |
Influências | Lista
|
Prémios | Grande Prémio da Crónica (2008) |
Género literário | Crónica |
Magnum opus | O amor burguês |
José Pires Cutileiro (Évora, 20 de Novembro de 1934) é um diplomata, antropólogo e escritor (cronista) português.
Índice
1 Biografia
2 Obras
3 Referências
4 Ligações externas
Biografia |
De família burguesa, de raízes alentejanas, José Cutileiro nasceu em Évora, filho de pai médico e mãe dona de casa. A família do pai era republicana e oposicionista ao regime do Estado Novo; a família da mãe, era católica conservadora, além de apoiante do regime de Salazar.
Quando José Cutileiro tinha três anos a família deixou a cidade de Évora e passou a viver em Lisboa. Mais tarde, o seu pai, sofrendo constrangimentos na direção do Centro de Saúde de Lisboa por motivos políticos — antes, fora afastado de um concurso para professor na Faculdade de Medicina de Lisboa, por interferência da PIDE — passa a exercer a sua profissão ao serviço da Organização Mundial da Saúde. É assim que, por força da atividade profissional do pai, Cutileiro passa parte da sua adolescência em países tão distintos como a Suíça, a Índia e o Paquistão[1].
De novo em Lisboa, Cutileiro termina os estudos secundários no Colégio Valsassina, passando em seguida pelos cursos de Arquitetura e de Medicina, na Escola Superior de Belas-Artes e na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, respetivamente. Esse é também o tempo das tertúlias no Almanaque, com José Cardoso Pires e Luís de Sttau Monteiro.
Abandonando os estudos em Portugal, decidiu viajar para o Reino Unido, onde viria a licenciar-se em Antropologia Social, na Universidade de Oxford. Subsequentemente, no ano de 1968, completou o doutoramento na mesma disciplina. Ingressou depois no St. Antony's College, como fellow (1968-1971), passando, em seguida, para a London School of Economics and Political Science, como lecturer (1971-1974)[2].
Com a Revolução dos Cravos José Cutileiro é nomeado conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Londres, cargo que desempenhará de 1974 até 1977. Torna-se, de seguida, embaixador e representante de Portugal junto do Conselho da Europa, cargo que desempenhou até 1980. Passou ainda pela Embaixada de Portugal em Maputo e foi nomeado representante permanente de Portugal junto da Conferência de Desarmamento na Europa, realizada em Estocolmo, a 14 de Janeiro de 1984.
Em 1987, era chefe do Governo Aníbal Cavaco Silva, José Cutileiro foi chamado a Lisboa para assumir o cargo de diretor-geral dos Negócios Político-Económicos. Nessa altura, negociou a adesão de Portugal à União da Europa Ocidental e chefiou a delegação que negociou com os Estados Unidos da América os termos da utilização da Base das Lajes, nos Açores, em 1988 e 1989. Foi depois nomeado embaixador de Portugal em Pretória em 1989, passando depois a exercer a função de conselheiro especial do Ministério dos Negócios Estrangeiros para a Presidência Portuguesa da Comunidade Europeia. Nessa qualidade, coordenou a Conferência de Paz para a Jugoslávia, de Janeiro a Agosto de 1992, presidida por Lord Carrington[3]..
Presidia ao Instituto Diplomático, desde março de 1994, quando assumiu a secretaria-geral da União da Europa Ocidental (UEO), em 16 de Novembro de 1994, após uma eleição em que contou com o apoio explícito da Grã-Bretanha e da Holanda. A escolha recaiu sobre um diplomata de carreira atlantista numa altura em que a UEO ganha nova vida após a ratificação do Tratado de Maastricht, enquanto pilar da defesa comum. José Cutileiro foi reconduzido na secretaria-geral da UEO em maio de 1997[4]..
Além da diplomacia, Cutileiro é sobejamente conhecido pela sua atividade como cronista, na imprensa escrita. Foi o autor das crónicas ficcionadas, escritas sob o alter-ego de Alfred Barnaby Kotter, um aristocrata inglês elitista, residente em Colares, Sintra, filho de uma mãe pró-fascista, e as suas experiências com e opiniões sobre o Portugal pós-revolucionário (supostamente traduzidas pelo seu «criado» Português),[5] que a princípio foram percepcionadas como crónicas reais.[6] Aquelas crónicas que surgiram no jornal O Independente (entre 1993 e 1998) foram em 2004 recolhidas em livro em Bilhetes de Colares de A. B. Kotter (1982-1998), publicado pelo jornal na sua colecção Horas Extraordinárias Série Inéditos da Impressa,[7] sendo a partir de então considerado por vezes um brilhante romance (pelo texto longo, embora episódico, e o seu carácter ficcionado)[8] e noutras um brilhante livro de crónicas (mesmo se ficcionadas). Todas as crónicas, publicadas desde 1982 até 1998, foram publicadas pela editora Assírio & Alvim, em 2007.[9].
Sendo um relativo sucesso de popularidade, textos deste livro surgem por vezes em blogues portugueses[10]. Bilhetes de Colares de A. B. Kotter recebeu em 2009 o Grande Prémio de Crónica Associação Portuguesa de Escritores.[11]
Fora da ficção, Cutileiro também é reconhecido enquanto escritor de crónicas no jornal Expresso e em blogues.
O seu nome encontra-se na lista de colaboradores da publicação académica Quadrante [12] (1958-1962) publicada pela Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa.
Em 4 de dezembro de 2008 Cutileiro recebeu o Grande Prémio da Crónica 2008, da Associação Portuguesa de Escritores e da Câmara Municipal de Sintra, e distinguindo as obras em português de autores portugueses publicadas em primeira edição no biénio anterior à entrega do prémio, pela antologia Bilhetes de Colares de A. B.Kotter (1982-1998)[13].
Obras |
O amor burguês: poesia (197?);
Versos da mão esquerda (1961);
Ricos e pobres no Alentejo : uma sociedade rural portuguesa (1977);
Ricos e pobres no Alentejo : uma análise de estrutura social (1973);
Bilhetes de colares (1982-1987) (sob o pseudónimo A. B. Kotter; antologia de Vítor Cunha Rego para o jornal Semanário, 1990);
Vida e morte dos outros : a comunidade internacional e o fim da Jugoslávia (2003);
Bilhetes de Colares de A. B. Kotter (1982-1998) (antologia publicada em 2004);
Visão global : conversas para entender o mundo (com Ricardo Alexandre, 2009);
Abril e Outras Transições (2017).
Referências |
↑ Observador
↑ Observador
↑ Observador
↑ Observador
↑ Livros da Década (II), Henrique Raposo, 29 de dezembro de 2009
↑ Bilhetes de Colares de A. B. Kotter, Wook.com
↑ Bilhetes de Colares de A. B. Kotter (1993-98) - José Cutileiro, Bibliofeira
↑ Livros da Década (II), Henrique Raposo, 29 de dezembro de 2009
↑ Outra vez José Cutileiro, blogue Dito assim, 24 de Agosto de 2014
↑ [http://riodasmacas.blogspot.pt/2009/12/bilhetes-de-colares.html Bilhetes de Colares, blogue Rio das Maçãs, 4 de Dezembro de 2009
↑ Bilhetes de Colares de A. B. Kotter, Wook.com
↑ Ana Cabrera. «Ficha histórica:Quadrante – a revolta de uma elite perante a crise da universidade» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 30 de março de 2015
↑ Bilhetes de Colares, blogue Rio das Maçãs, 4 de Dezembro de 2009
Ligações externas |
Textos de José Cutileiro no jornal Expresso
Obras de A. B. Kotter (pseudónimo de José Cutileiro) no Catálogo da Biblioteca Nacional de Portugal