Papiamento
Papiamento (papiamentu) | ||
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Falado em: | Curaçao, Aruba e Bonaire. | |
Região: | Ilhas do Caribe | |
Total de falantes: | 319.400[1] | |
Família: | Crioulos de base portuguesa Crioulos da Alta Guiné Papiamento | |
Regulado por: | - | |
Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | -- | |
ISO 639-2: | --- (B) | pap (T) |
ISO 639-3: | pap |
Papiamento ou Papiamentu é uma língua crioula e é a principal língua falada nas ilhas caribenhas de Aruba, Curaçao e Bonaire. Recentemente, ganhou o status de língua oficial nas três ilhas.
O papiamento é uma língua crioula derivada a partir do português e de línguas africanas[2] com algumas influências de línguas indígenas da América, inglês, neerlandês e espanhol.[3]
Índice
1 História
1.1 Laços linguísticos e históricos com com os crioulos portugueses da Alta Guiné
2 Breve comparação entre o português, papiamento, crioulo da Guiné-Bissau e crioulo de Cabo Verde
3 Ligações externas
4 Referências
História |
O papiamento originou-se do pidgin português conhecido como guene, por ser falado pelos escravos africanos (originários das zonas de Guiné-Bissau/ Cabo Verde e São Tomé/ Golfo da Guiné, entre outras) trazidos pelos neerlandeses para o trabalho na lavoura de cana-de-açúcar. Após a retomada de Cabo Verde por Portugal e a reconquista da Nova Holanda pelos portugueses, alguns judeus sefarditas, portugueses de Cabo Verde e quase todos os do nordeste brasileiro foram para as antilhas neerlandesas levando consigo o idioma português. A linguagem judaico-portuguesa iria se misturar ao guene dos escravos africanos, dando origem à primeira forma do papiamento no século XVIII. Com a administração do império colonial neerlandês nas ilhas, a influência neerlandesa legou muitas palavras de seu idioma ao papiamento. No final do século XIX, a influência do castelhano ocorreu com o contato com os países vizinhos, especialmente a Venezuela. O papiamento sofreu também influencia da língua inglesa pelos missionários que se estabeleceram nas ilhas e posteriormente pela presença de turistas vindos de países anglófonos.
O nome procede da palavra papiá, que significa 'conversar', derivada originalmente da palavra portuguesa "papear". Origina-se igualmente deste verbo coloquial o nome do crioulo de base lusófona de Malaca, o papiá kristáng. O verbo papiâ ainda existe no crioulo cabo-verdiano e significa falar.
Já existem jornais em papiamento e dicionários bilíngues. Alguns intelectuais portugueses interessam-se pela criação de uma rede de pesquisadores de crioulística que enlace os interessados nestas manifestações linguísticas mestiças, incluindo o papiamento.
Laços linguísticos e históricos com com os crioulos portugueses da Alta Guiné |
As pesquisas atuais sobre as origens do papiamento incidem especificamente sobre as relações linguísticas e históricas entre o papiamento e os crioulos de base portuguesa da Alta Guiné falados na ilha de Santiago, em Cabo Verde e na Guiné-Bissau e Casamança. Elaborando sobre as comparações feitas por Martinus (1996) e Quint (2000),[4] Jacobs (2008,[5] 2009a, 2009b[6]) defende a hipótese de que o papiamento é uma ramificação de uma variedade inicial do crioulo da Alta Guiné, transferido da Senegâmbia para Curaçao na segunda metade do século XVII, um período em que os neerlandeses controlaram o porto de Goreia, logo abaixo da ponta da península de Cabo Verde. Em Curaçao, esta variedade sofreu alterações internas, assim como as alterações induzidas por contato em todos os níveis da gramática (embora particularmente no léxico) devido ao contato com o espanhol e, em menor grau, com o neerlandês, bem como com uma variedade de línguas kwa e bantas. Estas mudanças não obstante, a estrutura morfo-sintática do papiamento ainda é notavelmente próxima à dos crioulos da Alta Guiné de Cabo Verde e da Guiné-Bissau/Casamança.
Breve comparação entre o português, papiamento, crioulo da Guiné-Bissau e crioulo de Cabo Verde |
Português | Papiamento | Crioulo da Guiné-Bissau | Crioulo de Cabo Verde* † |
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Bem-vindo | Bon Bini | Bô bim drito | Bem-vindo |
Bom Dia | Bon dia | bon dia | Bon dia |
Obrigado | Danki | Obrigado | Obrigadu |
Como vai? | Con ta bai? | Kuma ku bu na bai? | Módi ki bu sa ta bai? |
Muito bom | Hopi bon | I bon dimás | Mutu bon |
Eu estou bem | Mi ta bon | Ami n'stá bon | N sta dretu |
Eu, Eu Sou | Mi | Ami | N, Mi e |
Tenha um bom dia | Pasa un bon dia | Pasa un bon dia | Pasa un bon dia |
Vejo você depois, Até logo | Te aworo | N'ta odjau dipus | N ta odjâ-u dipôs |
Comida | Cuminda | Bianda; Kumida | Kumida |
Pão | Pan | Pon | Pon |
Suco, Refresco, Sumo | Refresco | Sumo | Sumu |
Eu amo Curaçao | Mi stima Kòrsow | N´gosta di Curaçao | N gosta di Curaçao |
*Variante de Santiago
†Escrita adotada neste exemplo: Alfabeto Unificado para a Escrita do Cabo-Verdiano (ALUPEC)
Note-se que expressões como "Vejo você depois", "Suco" e "Eu amo Curaçao" são muito mais comuns no Brasil do que em Portugal onde é muito mais vulgar dizer-se "Até à vista, até à próxima", "Sumo" e "Eu gosto muito (muitíssimo, mesmo muito) de Curaçao". A razão prende-se com o uso bastante mais conservador do verbo "amar" em Portugal - quase exclusivamente dedicado a pessoas (ou a entidades abstratas, ex: a pátria, a língua portuguesa etc).
Ligações externas |
- Dicionário Papiamento-Português-Papiamento
Bookish Plaza livraria online com literatura em Papiamento
Ortografia di Papiamento - INTRODUCCION
Vocabulario di Papiamento (Lista di palabra na Papiamento)
Lista di Palabra Papiamentu (Fundashon pa Planifikashon di Idioma)- Regla di gramatica di Papiamento
Stilistica di Papiamento
Referências
↑ Ethnologue
↑ Jacobs, Bart (23 de março de 2012). «The Upper Guinea origins of Papiamentu» (PDF). Ludwig-Maximilians-Universität München. portaldoconhecimento.gov.cv/
↑ Romero, Simon (5 de julho de 2010). «Willemstad Journal: A Language Thrives in Its Caribbean Home». The New York Times
↑ Quint, Nicolas (2000) Le Cap Verdien: Origines et Devenir d’une Langue Métisse. Paris: L’Harmattan
↑ Jacobs, Bart (2008) "Papiamento: A diachronic analysis of its core morphology". Phrasis 2, 59–82
↑ Jacobs, Bart (2009b) "The origins of Old Portuguese features in Papiamento". In: Nicholas Faraclas, Ronald Severing, Christa Weijer & Liesbeth Echteld (eds.), Leeward voices: Fresh perspectives on Papiamento and the literatures and cultures of the ABC Islands, 11–38. Curaçao: FPI/UNA