Ary dos Santos
José Carlos Ary dos Santos | |
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Nome completo | José Carlos Pereira Ary dos Santos |
Nascimento | 7 de dezembro de 1936 Lisboa, Portugal |
Morte | 18 de janeiro de 1984 (47 anos) Lisboa, Portugal |
Nacionalidade | Português |
Ocupação | poeta e declamador |
Magnum opus | A Liturgia do Sangue |
Movimento estético | Novo realismo |
José Carlos Pereira Ary dos Santos GOIH (Lisboa, 7 de Dezembro de 1936 — Lisboa, 18 de Janeiro de 1984) foi um poeta e declamador português[1][2].
Ficou na História da música portuguesa por ter escrito poemas de 4 canções vencedoras do Festival RTP da Canção e apuradas para representarem Portugal no Festival Eurovisão da Canção: Desfolhada Portuguesa (1969), com interpretação de Simone de Oliveira, Menina do Alto da Serra (1971), interpretada por Tonicha, Tourada (1973), interpretada por Fernando Tordo e Portugal no Coração (1977), interpretada pelo grupo Os Amigos.
Índice
1 Biografia
2 Bibliografia
3 Homenagens
4 Referências
5 Ligações externas
Biografia |
De uma família da alta burguesia, com antepassados aristocratas, era filho do médico Carlos Ary dos Santos (Lisboa, São Jorge de Arroios, 31 de Maio de 1905 - Lisboa, São Sebastião da Pedreira, 11 de Maio de 1957) e de sua mulher Maria Bárbara de Miranda e Castro Pereira da Silva (Setúbal, Vila Nogueira de Azeitão, 6 de Abril de 1899 - Lisboa, Benfica, 9 de Abril de 1950). Era bisneto do 2.º Senhor de Manique do Intendente, 1.º Barão de Manique do Intendente e 1.º Visconde de Manique do Intendente (filho de Diogo Inácio de Pina Manique, 1.º Senhor de Manique do Intendente) e de Maria Guilhermina Frederica de Sousa Holstein de Pina Manique, prima direita do 1.º Conde de Palmela, 1.º Marquês de Palmela e 1.º Duque do Faial, logo 1.º Duque de Palmela. Era irmão de Diogo Ary dos Santos.[3]
Ary dos Santos iniciou a sua instrução no Colégio Infante Sagres, em Lisboa, mas, tendo sido expulso por mau comportamento, passou para o colégio jesuíta Nun'Álvares, em Caldas da Saúde, Santo Tirso[4]. Mais tarde regressou aos estudos em Lisboa, no Colégio São João de Brito, onde foi um dos primeiros estudantes.
Após a morte da mãe viu publicados, pela mão de familiares, alguns dos seus poemas. Tinha 14 anos e viria a rejeitar esse livro, que considerava de fraca qualidade. O poeta eminente revelaria as suas qualidades em 1954, ao ser incluído na Antologia do Prémio Almeida Garrett.
Pela mesma altura, incompatibilizado com o pai, abandonou a casa da família. Para seu sustento económico exerce as mais variadas actividades, desde vender máquinas para pastilhas elásticas a empregado numa empresa de publicidade. Frequentou as Faculdades de Direito e Letras, mas nunca acabou os cursos. A sua estreia literária efetiva dá-se com a publicação de A Liturgia do Sangue (1963). Em 1969 adere ao Partido Comunista Português, com qual participa activamente nas sessões de poesia do então intitulado Canto Livre Perseguido.
Através da música chegará ao grande público, concorrendo, por mais que uma vez, ao Festival RTP da Canção, sob pseudónimo, como exigia o regulamento. Classificar-se-ia em primeiro lugar com as canções Desfolhada Portuguesa (1969), com interpretação de Simone de Oliveira, Menina do Alto da Serra (1971), interpretada por Tonicha, Tourada (1973), interpretada por Fernando Tordo e Portugal no Coração (1977), interpretada pelo grupo Os Amigos.
Com Fernando Tordo escreve mais de 100 poemas para canções do músico e o duo Tordo/Ary continua a ser, até hoje, um dos mais profícuos da História da Música Portuguesa. São de suas autorias canções intemporais, como Tourada, Estrela da Tarde, Cavalo à Solta, Lisboa Menina e Moça, O amigo que eu canto, Café, Dizer Que Sim à Vida, Rock Chock, Meu amigo está longe. Estas canções foram interpretadas por cantores como Fernando Tordo, Carlos do Carmo, Mariza, Amália Rodrigues, Mafalda Arnauth e Paulo de Carvalho. Alguns dos maiores sucessos deste último, como Os Putos, Lisboa Menina e Moça e Quando Um Homem Quiser foram com poemas de Ary dos Santos. Também Carlos do Carmo cantou Lisboa, menina e moça, Os putos, e outras letras de Ary, sendo de destacar o seu álbum antológico Um homem na cidade, composto por 12 temas, todos com letra do poeta, aliados a um conjunto de composições inovadoras; entre eles, além de Um homem na cidade, refiram-se Fado do Campo Grande, Nova feira da ladra, Namorados de Lisboa, Fado varina ou Balada para uma velhinha[5]. Além dessas, Estrela da tarde, Menor/Maior, Sonata de outono ou Novo fado alegre são igualmente temas de referência na carreira do fadista, escritas por Ary dos Santos.
Após o 25 de Abril, torna-se um activo dinamizador cultural da esquerda, percorrendo o país de lés a lés. No Verão Quente de 1975, juntamente com militantes da UDP e de outras forças radicais, envolve-se no assalto à Embaixada de Espanha, em Lisboa.
Autor de mais de seiscentos poemas para canções, Ary dos Santos fez no meio muitos amigos. Gravou, ele próprio, textos ou poemas de e com muitos outros autores e intérpretes. Notabilizou-se também como declamador, tendo gravado um duplo álbum contendo O Sermão de Santo António aos Peixes, do Padre António Vieira. À data da sua morte tinha em preparação um livro de poemas intitulado As Palavras das Cantigas, onde era seu propósito reunir os melhores poemas dos últimos quinze anos, e um outro intitulado Estrada da Luz - Rua da Saudade, que pretendia ser uma autobiografia romanceada.
Homem de forte personalidade e de apetites excessivos, grande fumador e bebedor, acabaria por adoecer de cirrose, vindo a morrer a 18 de Janeiro de 1984.
O seu nome foi dado a um largo do Bairro de Alfama, descerrando-se uma lápide evocativa na fachada da sua casa, na Rua da Saudade, onde viveu praticamente toda a sua vida. Ainda em 1984 foi lançada a obra VIII Sonetos de Ary dos Santos, com um estudo sobre o autor de Manuel Gusmão e planeamento gráfico de Rogério Ribeiro, no decorrer de uma sessão na Sociedade Portuguesa de Autores, da qual o autor era membro. Em 1988, Fernando Tordo editou o disco O Menino Ary dos Santos, com os poemas escritos por Ary dos Santos na sua infância. Em 2009, Mafalda Arnauth, Susana Félix, Viviane e Luanda Cozetti dão voz ao álbum de tributo Rua da Saudade - canções de Ary dos Santos.
Hoje, o poeta do povo é reconhecido por todos e todos conhecem José Carlos Ary dos Santos, pois a sua obra permanece na memória de todos e, surpreendemente, muitos dos seus poemas continuam actualizados.
Todos os grandes cantores o interpretaram e ainda hoje surgem boas vozes a cantá-lo na perfeição. Desde Fernando Tordo, Simone de Oliveira, Tonicha, Paulo de Carvalho, Carlos do Carmo, Amália Rodrigues, Maria Armanda, Teresa Silva Carvalho, Vasco Rafael, entre outros, até aos mais recentes como Susana Félix, Viviane, Mário Barradas, Vanessa Silva e Katia Guerreiro.
A 4 de Outubro de 2004 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique a título póstumo.
[6]
Bibliografia |
1953 - Asas
1963 - A Liturgia do Sangue
1964 - Tempo da Lenda das Amendoeiras
1965 - Adereços, Endereços
1968 - Insofrimento In Sofrimento
1970 - Fotos-grafias
1970 - Ary por Si Próprio
1973 - Resumo
1974 - Poesia Política
1975 - Lllanto para Alfonso Sastre y Todos
1975 - As Portas que Abril Abriu
1977 - Bandeira Comunista
1979 - Ary por Ary
1979 - O Sangue das Palavras
1980 - Ary 80
1983 - Vinte Anos de Poesia
1984 - As Palavras das Cantigas
1984 - Estrada da Luz
1984 - Rua da Saudade
Homenagens |
No dia 4 de junho de 2016 foi inaugurada em Sacavém (Loures) a Biblioteca Municipal Ary dos Santos[7].
Referências
↑ «Inforarte (biografia)». www.inforarte.com
↑ «C.I.T.I. (biografia)». www.citi.pt
↑ http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06558.096.19427#!18
↑ «Museu do Fado». www.museudofado.pt
↑ «Portal do Fado». www.portaldofado.net
↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "José Carlos Ary dos Santos". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 7 de março de 2015
↑ «Título ainda não informado (favor adicionar)». www.cm-loures.pt
Ligações externas |
Poesia de Ary dos Santos (em português)