Abu Zacarias Iáia















































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































Abu Zacarias Iáia


Dinar de Iáia

Emir haféssida
Reinado

1228—1249
Antecessor(a)
Nenhum
Sucessor(a)

Maomé I Almostancir

 
Descendência

Maomé I Almostancir

Casa

Haféssida
Morte

1249
Pai

Abu Maomé Abde Aluaide
Religião

Islamismo

Abu Zacarias Iáia ibne Hafes (em árabe: أبو زكريا يحيى بن حفص; transl.: Abu Zakariya Yahya ibn Hafs; 1249) foi o fundador do Reino Haféssida da Ifríquia e seu primeiro emir, governando de 1228 até 1249. Inicialmente serviu brevemente como governador da Ifríquia em nome dos califas do Califado Almóada de Marraquexe, mas logo emancipa-se no contexto das guerras entre os pretendentes ao trono almóada. Nos anos que se seguem consolida sua posição realizando várias campanhas militares e em 1136/1137 incorpora seu nome na cunhagem e adota um dos títulos califais.



Vida |




Mesquita de Tinmel





Reino Haféssida


Iáia era filho de Abu Maomé Abde Aluaide, o governador haféssida da Ifríquia em nome do Califado Almóada.[1] Em 1226, o califa Abu Maomé Adil (r. 1224–1227), em resposta ao crescente descontentamento dos ifríquios pela nomeação de Abu Zaide Abdul Ramane, nomeia Abu Maomé Abdalá, irmão de Iáia, como governador. Ele chegou em Túnis, capital da Ifríquia, em novembro, mas Iáia chegou antes dele e começou a pacificar as tribos locais.[2] Em setembro de 1227, Abul Alá Idris Almamune, irmão de Adil e governador do Alandalus em seu nome, decidiu se rebelar e se declarar califa.[3] No caos que se seguiu, Iáia se aliou ao rebelde, enquanto seu irmão manteve-se leal a Adil.[2]


Na guerra que se seguiu entre Almamune e o sucessor de Adil, Iáia Almotácime (r. 1227–1229), o primeiro expulsou o último da capital Marraquexe, alterou a doutrina almóada e massacrou muitos oficiais e notáveis, sobretudo de Tinmel e Hintata, da qual Iáia pertencia. Discordando das decisões de Almamune, Iáia convenceu os almóadas ifríquios, que também discordavam do califa, a depor seu irmão e reconhecê-lo como emir contra a autoridade de Marraquexe.[4] As mudanças religiosas encabeçadas por Almamune provavelmente tinham como finalidade obter o apoio dos Andalusinos contra seu rival, mas tiveram como revés a ruptura da plataforma ideológica do Califado Almóada, permitindo aos haféssidas emanciparem-se como sob alegação de serem os verdadeiros almóadas.[5]


Em 1229, sob pretensão de defender a pureza da tradição almóada, que reclamou estar minada, Iáia omitiu o nome de Almamune da cunhagem,[1] ao mesmo tempo que, por alguns meses, reconheceu a autoridade de Almotácime antes de remover seu nome.[6] Ainda no mesmo ano, Iáia incorporou seu nome na cunhagem logo abaixo do nome do Mádi ibne Tumarte, como era hábito entre os califas almóadas.[2] Em 1230, conquistou Constantina e Bugia, garantindo o controle sobre toda a Ifríquia, e em 1234 livrou a Tripolitânia e o campo ao sul de Constantina das investidas do rebelde Iáia ibne Gania. Em 1235, conquistou Argel e o vale do rio Chelife e encorajou a expansão dos Banu Sulaim (Cuube e Mirdas) quando empurraram os Banu Ria (Dauauida).[1]


Em 1236 ou 1237, assumiu o título califal de miralmuminim e logo em seguida os chefes de várias cidades do Alandalus, inclusive os nacéridas de Granada, reconheceram sua suserania na esperança de obter apoio militar contra os cristãos.[2] Em 1238, subjugou os berberes huaras da fronteira argelino-tunisiana[1] e enviou 18 navios para ajudar a defender Valência contra os aragoneses, pois era importante aos haféssidas como fonte de madeira que precisaram para sua frota. Com a subsequente conquista aragonesa, Iáia não mais envolveu-se nos assuntos do Alandalus.[7]


Para Jamil M. Abun-Nasr, em vez de preocupar-se com a guerra entre cristãos e muçulmanos, procurou substanciar sua reivindicação de herdeiro da autoridade almóada ao extender seu poder sobre o Magrebe. Dois poderosos chefes da Argélia Ocidental, Abde Alcaui dos Banu Tujine e Alabás ibne Mandil dos magrauas, submeteram-se a ele e em 1242, quando Iáia foi vítima de um complô do zaidita Iagomoracém ibne Ziane, marchou contra Tremecém com ajuda deles.[8] A cidade foi tomada em julho e entregue ao almóada Abdalá Aluaide II (r. 1232–1242) em troca de sua submissão à autoridade de Iáia. Em seu retorno, concedeu aos chefes das tribos dos Banu Tujine o controle sobre seus territórios respectivos, criando assim, no Magrebe Central, alguns pequenos Estados vassalos capazes de garantir a segurança.[1] Na mesma época, Sijilmassa e Ceuta reconheceram sua suserania.[8] Iáia faleceu em 1249 e foi sucedido por seu filho Maomé I Almostancir (r. 1249–1278).[9]




Ruínas de Sijilmassa


Iáia sustentou a tradição almóada em sua administração civil e militar e em sua capital realizou várias construções: almocelas, socos, a Mesquita da Casbá e madraças (as mais antigas da região). O maliquismo foi interferido pelo almoadismo oficial, nem o misticismo foi associado com Aldamani, Abdalazize Almadaui, Sidi Abu Saíde, Abu Haçane Xadili e Aixa Almanubia. Além disso, com o fim de suas campanhas militares e a segurança estabelecida, houve um acelerado crescimento econômica e o floresceu o comércio com a Provença, Languedoque e as repúblicas italianas, com as quais assinou acordos. Em 1239, as relações com a Sicília estreitam, pois aceitou pagar um tributo anual em troca do direito de comércio marítimo e liberdade de importar o trigo siciliano. À época, laços de amizade foram firmados entre Túnis e os aragoneses e comunidades de comerciantes cristãos (hispânicos, provençais e italianos) assentarem-se nos portos, sobretudo em Túnis, com seus funduques e cônsules. Nesse começo do século XIII, muitos muçulmanos andalusinos, artesãos, homens de letras, etc. emigraram à Ifríquia haféssida e em pouco tempo constituiu poderoso corpo andalusino ao lado da casta almóada na capital.[1]




Referências




  1. abcdef Idris 1998, p. 66.


  2. abcd Abun-Nasr 1987, p. 119.


  3. Buresi 2012, p. 75.


  4. Buresi 2012, p. 78.


  5. Bennison 2016, p. 116.


  6. Buresi 2012, p. 79.


  7. Abun-Nasr 1987, p. 119-120.


  8. ab Abun-Nasr 1987, p. 120.


  9. Idris 1998, p. 66-67.



Bibliografia |




  • Abun-Nasr, Jamil M. (1987). A History of the Maghrib in the Islamic Period. Cambrígia: Cambridge University Press 


  • Bennison, Amira K. (2016). Almoravid and Almohad Empires. Edimburgo: Edinburgh University Press. ISBN 0748646825 


  • Buresi, Pascal; El Aallaoui, Hicham (2012). Governing the Empire: Provincial Administration in the Almohad Caliphate (1224-1269) : Critical Edition, Translation, and Study of Manuscript 4752 of the Hasaniyya Library in Rabat Containing 77 Taqādīm ("appointments"). Leida: Brill  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)


  • Idris, H. R. (1998). «Hafsids». The Encyclopaedia of Islam - Vol. III - H-Iram. Leida: Brill 








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