Filo





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A hierarquia da classificação científica dos seres vivos


Filo (em latim: phylum; em grego: Φῦλον; plural: Φῦλα: phyla), é um taxon usado na classificação cientifica dos seres vivos. A palavra Phyla tem a sua origem no conceito grego clássico de φυλαί, phylai, o sistema de votação de base clânica usado nas cidades-estado da Grécia Antiga. Os filos são os agrupamentos mais elevados geralmente aceites em cada um dos Reinos em que os seres vivos foram divididos tendo em conta os traços evolutivos, estruturais e ancestrais. Cada filo representa o agrupamento mais alargado geralmente aceite de seres vivos que partilham certas características evolutivas comuns. Tal não impede que os filos sejam por vezes agrupados em taxa mais gerais, designados por superfilos (ou versão latinizada, superphyla), como por exemplo os Ecdysozoa, um agrupamento de 8 filos, incluindo os artrópodes e os vermes; ou os Deuterostomia (incluindo os equinodermes, os cordados, hemichordados e quetognatas). Em linguagem informal, a designação filo é utilizada, embora com risco de incorrecção, para designar agrupamentos de seres vivos baseados numa configuração morfológica comum.[1]
A utilização do termo filo teve a sua origem no campo zoológico, sendo no campo botânico tradicionalmente preferido o uso do termo divisão para designar agrupamentos taxionómicos de nível correspondente. Contudo, na moderna Sistemática, um filo corresponde a uma divisão enquanto grupo taxionómico, sendo o conceito de utilização universal, isto é aplicável em toda a Biologia, sem destrinça para os campos clássicos da Botânica e da Zoologia. Esta posição foi reafirmada no XV Congresso Internacional de Botânica, em 1992, que incluiu esse princípio no Código Internacional de Nomenclatura Botânica. Assim sendo, na classificação de plantas (reino Metaphyta), os filos subdividem-se, normalmente, em Classes, pelo que o termo divisão pode ser substituído pelo termo filo.




Índice






  • 1 Enquadramento


  • 2 História


    • 2.1 O debate filo versus divisão




  • 3 Lista de filos animais


  • 4 Lista de filos (ou divisões) vegetais


  • 5 Lista dos filos (divisões) dos fungos


  • 6 Grupos tradicionalmente considerados como filos


  • 7 Ver também


  • 8 Referências


  • 9 Ligações externas





Enquadramento |


Desde cedo que a classificação científica dos seres vivos inclui os seguintes níveis de organização (taxons): Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Género, Espécie e Subespécie (alargada, no caso dos animais e plantas domesticados, a raça, variedade e cultivar). Neste contexto de classificação hierárquica, filo corresponde a um agrupamento muito alargado.


Com a introdução do Sistema dos Três Domínios, agora já com aceitação generalizada, surgiu um novo nível, o Domínio hierarquicamente superior ao tradicional Reino, sendo agora o nível classificativo mais abrangente e aquele que tenta dividir o mundo vivo nas suas clades mais fundamentais.


Os filos animais mais conhecidos são os Moluscos, Poríferos, Cnidários, Platelmintos, Nemátodos, Anelídeos, Artrópodes, Equinodermos e Cordados, este sendo o filo ao qual os humanos pertencem. Apesar de se admitir geralmente que existem 35 filos, os 9 atrás citados incluem a maioria das espécies conhecidas. Assim, apesar de se estimar existirem na Terra mais de 2 400 000 de espécies, todas elas podem ser enquadradas em pouco mais de três dezenas de grandes grupos.


Muitos dos filos são exclusivamente marinhos, e apenas um filo, o constituído pelos vermes Onychophora, está inteiramente ausente dos oceanos. Ao longo do último século só foram descobertos três novos filos, sendo que o filo de constituição mais recente é o Cycliophora, constituído em 1993 para acomodar a espécie Symbion pandora, que pela sua extraordinária diferenciação não pôde ser incluído em nenhum dos filos anteriormente reconhecidos.[2]


Durante a Explosão câmbrica, a grande expansão da biodiversidade que ocorreu aproximadamente entre 542 e 530 milhões de anos atrás, levou à constituição dos atuais filos, sendo claro que todos filos conhecidos como presentes no mundo vivo (e muitos hoje já extintos) já existiam no final daquele período. Em comparação com os cerca de 35 filos extantes, estima-se que no auge da biodiversidade do Câmbrico terão coexistido cerca de 100 filos distintos, testemunho do largo espectro evolucionário da fronteira entre as épocas Precâmbrica e Câmbrica.[3]


Apesar dessa constância em termos filogenéticos, com o passar dos tempos, o papel ecológico dos diversos filos variou marcadamente: durante o Câmbrico a megafauna, ou seja os grandes animais, dominante era constituída por artrópodes, sendo esse papel hoje desempenhado pelos vertebrados.[4]



História |


A classificação científica dos organismos em sistemas hierárquicos está em usos desde os trabalhos pioneiros de Lineu em pleno século XVIII, baseados geralmente no agrupamentos dos seres vivos de acordo com as semelhanças morfológicas detectadas pela comunidade científica. Os grupos eram constituídos de acordo com o grau de semelhança percebido, e incluídos numa hierarquia de semelhanças decrescentes, ou seja em grupos cada vez mais alargados de forma a acomodar a crescente diversidade morfológica e funcional.


Estas classificações baseadas em anatomia comparada dominaram a Sistemática até às décadas mais recentes, quando a disponibilidade de meios de análise do material genético e o surgimento da biologia molecular vieram por em crise a estruturação existente, já que organismos aparentemente semelhantes podem ter origem filogenética muito distinta enquanto organismos morfologicamente muito afastados podem ser parentes próximos. Assim, apesar das suas aparências diversas, crescentemente os seres vivos são agrupados em função da sua organização biológica intrínseca, formandos Filos baseados na sua organização interna, estudada ao nível molecular.[5]
Desde cedo na história da Sistemática se percebeu que, na determinação das relações de pertença a um qualquer grupo taxionómico, a organização interna e a estrutura orgânica de um organismo eram mais importantes do que a sua morfologia externa. A organização interna determina a forma como um animal procede à troca de gases com o meio envolvente, obtêm nutrientes e elimina resíduos metabólicos e se reproduz. Estas funções, subjacentes à própria definição de ser vivo, são hoje as grandes determinantes na cladística moderna.


Assim, o objeto da Biologia Evolucionária é hoje tentar determinar a proximidade filogenética entre seres vivos, tentando obter agrupamentos racionais, ignorando quando necessário a diversidade morfológica, já que nem sempre existe uma relação direta entre a forma e a função e muito menos entre a morfologia exterior e a morfologia interna e a biologia molecular.


Por exemplo, apesar de aparentemente muito diferentes, as aranhas e os caranguejos pertencem ao filo dos Arthropoda, enquanto as minhocas e as lombrigas, apesar de morfologicamente muito semelhantes, pertencem, respectivamente, aos filos Annelida e Nematoda.



O debate filo versus divisão |


Tendo o conceito sido originalmente desenvolvido no campo zoológico, tradicionalmente apenas os reinos considerados animais eram divididos em filos (Monera, Protista e Metazoa). Os reinos considerados tradicionalmente como vegetais (Monera, Fungi, Metaphyta e Protista) utilizavam a designação divisão para os seus agrupamentos de ordem superior. Note-se que nos reinos Protista e Monera se utilizam historicamente divisões e filos (divisões para as algas unicelulares; filos para os protozoários), consoante a afinidade percebida dos organismos com vegetais ou animais.


No reino Virus não é costume utilizarem-se divisões ou filos, embora haja um tipo de classificação viral onde existem dois filos (Desoxivirus e Ribovirus). Essa classificação é geralmente considerada como inadequada, pois nem todos os vírus se enquadram nos filos por ela postulados. Existe uma nova proposta de Classificação dos vírus na qual se opta pela inexistência de agrupamentos superiores, sendo o reino considerado um único filo e classe, subdividido apenas ao nível da ordem.



Lista de filos animais |





















































































































































































































































































Filo

Significado

Nome comum

Características distintivas

Espécies descritas

Acanthocephala
Cabeça espinhosa
Vermes espinhosos

Probóscide espinhosa reversível
Cerca de 1 151

Acoelomorpha
Sem canal digestivo

Ausência de boca e de canal alimentar

Annelida
Pequeno anel
Vermes segmentados
Múltiplos segmentos circulares
Cerca 15 000 modernas

Arthropoda
Patas articuladas
Artrópodes

Exoesqueleto de quitina
1 134 000+

Brachiopoda
Pé no braço
Braquiópodes

Lofóforo e pedículo
Entre 300 e 500 espécies extantes

Bryozoa
Animais musgo
Briozoários, ectoprotas
Lofóforo, ausência de pedículo, com tentáculos ciliados
Cerca de 5 000+

Chaetognatha
Mandíbula com espinhos
Quetognatas
Espinhos quitinosos dos dois lados da cabeça, barbatanas
Cerca de 100 espécies modernas

Chordata
Corda
Cordados
Espinha dorsal oca percorrida por um cordão nervoso
63 000+

Cnidaria
Urticante
Celenterados

Nematocistos (células urticantes)
Cerca de 10 000

Ctenophora
Com pente

Oito fileiras de "pentes" de cílios fundidos
Cerca de 100

Cycliophora
Que leva uma roda

Symbion
Boca circular rodeada por cílios
Pelo menos 3

Echinodermata
Pele espinhosa
Ouriços-do-mar
Simetria penta-radial, espinhos calcificados
Cerca de 7 000 extantes e 13 000 extintas

Echiura
Cauda espinhosa

Conjunto de ganchos na parte posterior do corpo
Cerca de 140

Entoprocta

Ânus interior

Ânus no interior de um anel de cílios
Cerca de 150

Gastrotricha
Estômago peludo
Meiofauna
Dois tubos adesivos terminais
Cerca de 450

Gnathostomulida
Orifício nas mandíbulas


Cerca de 100

Hemichordata
Meia corda

Presença de uma estomocorda
Cerca de 100

Kinorhyncha
Nariz móvel

Onze segmentos, cada com uma placa dorsal
Cerca de 150

Loricifera
Que leva corsetes

Escamas em forma de umbela em cada extremidade do corpo
Cerca de 21

Micrognathozoa
Animal de mandíbula minúscula

Tórax extensível em forma de acordeão
1

Mollusca
Concha fina
Moluscos
Pé muscular e conchas arredondadas
Cerca de 70,000 [2]

Myxozoa
Animais de muco

Cápsulas polares semelhantes a nematocistos
Pelo menos 12 000

Nematoda
Rosca
Nemátodos
Secção circular, cutícula queratinosa
80 000 a 1 000 000

Nematomorpha
Em forma de rosca


Cerca de 320

Nemertea
Uma ninfa do mar
Vermes fita

Cerca de 1200

Onychophora
Que têm garras
Vermes aveludados
Pernas terminando em garras quitinosas
Cerca de 110

Orthonectida
Nadam a direito


Cerca de 20

Phoronida
Amante de Zeus
Vermes ferradura
Tubo digestivo em forma de U
20

Placozoa
Animal tubular


1

Platyhelminthes
Verme plano
Vermes planos

Cerca de 25 000

Porifera
Que tem poros
Esponjas
Parede interior perfurada
Mais de 5 000

Priapulida
Pénis
Vermes priapulídeos
Probóscide retráctil rodeada por papilas
17

Rhombozoa
Losangos

Um única célula axial rodeada por células ciliadas
75

Rotifera
Que têm rodas
Rotíferos
Coroa de cílios na parte anterior do corpo
Cerca de 2000

Sipuncula
Pequeno tubo
Vermes amendoim
Boca rodeada por tentáculos invertíveis
144 a 320

Tardigrada
Passo lento
Tardígrados
Cabeça e corpo com quatro segmentos
Cerca de 750

Xenoturbellida
Verme estranho


Deuterostomas ciliados
2

TOTAL




2 400 000+



Lista de filos (ou divisões) vegetais |

































































Filo

Significado

Nome comum

Características distintivas

Anthophyta
Planta que floresce
Plantas com flor
Produzem flores e frutos (ou similares)

Bryophyta
Planta musgosa
Musgos e hepáticas

Esporos diplóides, desprovidas de vascularização

Pteridophyta
Planta de feto
Fetos

Esporos diplóides e sistema vascular

Pinophyta
Planta de pinheiro
Coníferas
Pinhas contendo sementes

Sphenophyta
Planta de pincel
Equiseta e erva-rabuda
Fotosintética, oca, caules ocos e com septos

Cycadophyta
Planta de palmeira
Cícadas
Sementes, uma coroa de folhas compostas

Ginkgophyta
Planta de Ginkgo
Ginkgo
Sementes não incluídas em frutos (monoespecífico)

Gnetophyta

Gnetophytes
Sementes e sistema vascular lenhoso

Pteridospermatophyta
Planta de feto
com sementes
Fetos com sementes
Apenas conhecida pelo registo fóssil, na maior parte do Devoniano, taxon disputado[6]



Lista dos filos (divisões) dos fungos |















































Filo

Significado

Nome comum

Características distintivas

Chytridiomycota
Cogumelo de vaso pequeno
Quitrídeos
Paredes celulares celulósicas, gametas flageladas

Deuteromycota
Segundo cogumelo
Fungos imperfeitos
Apenas se reproduzem assexuadamente

Zygomycota
Cogumelos de pé
Zygomycetes
Fundem gametângios para formar um zigoesporângio

Glomeromycota
Cogumelos bola
Glomeromicetas
Formam micorrizas arborescentes na raiz de plantas

Ascomycota
Cogumelo de saco
Ascomicetas
Produzem esporos num 'asco'

Basidiomycota
Cogumelos de base larga
Basideomicetas
Produzem esporos num 'basídio'



Grupos tradicionalmente considerados como filos |




























































Ex-filo

Nome comum

Consenso actual

Craniata

Subgrupo do Filo Chordata; talvez sinónimo de Vertebrata.

Cephalochordata
Anfíoxos
Subfilo do Filo Chordata

Cephalorhyncha

Superfilo de Scalidophora.

Enteropneusta
Vermes enteropneumonares
Classe do filo Hemichordata.

Pentastomida
Vermes de língua
Subclasse dos Maxillopoda do filo Arthropoda.

Pogonophora
Pogonóforos
Parte da família Siboglinidae do filo Annelida.

Pterobranchia

Classe do filo Hemichordata.

Symplasma
Esponjas coralinas
Classe Hexactinellida do filo Porifera.

Urochordata
Tunicados
Subfilo do filo Chordata.

Vestimentifera
Vermes
Parte da família Siboglinidae do filo Annelida.



Ver também |



  • Divisão

  • Cladística

  • Filogenética

  • Sistemática

  • Taxonomia



Referências




  1. Valentine, James W. (2004). On the Origin of Phyla. Chicago: University Of Chicago Press. 7 páginas. (ISBN 0-226-84548-6) 


  2. www.microscopy-uk.org.uk URL acedida a 5 de Julho de 2006.


  3. www.veritas-ucsb.org, URL acedida a 5 de Julho de 2006)


  4. [1] (URL acedido a 5 de Julho de 2006)


  5. Parker, Andrew (2003). In the blink of an eye: How vision kick-started the big bang of evolution. Sydney: Free Press. pp. 1–4. (ISBN 0-7432-5733-2) "


  6. "Kingdon Plantae"



Ligações externas |



Wikcionário

O Wikcionário tem os verbetes en:Phylum e Phylum.



  • Os principais filos animais

  • São os filos reais?

  • Filo no American Heritage Dictionary

  • Filo no Online Etymological Dictionary



















































































Nível taxonômico


Domínio ou Super-reino




Superordem

Superfamília



Superespécie

Reino

Filo/Divisão

Classe


Ordem

Família

Tribo

Gênero

Espécie

Sub-reino

Subfilo

Subclasse

Coorte

Subordem

Subfamília

Subtribo

Subgênero

Subespécie

Infrarreino

Infrafilo

Infraclasse

Legião

Infraordem



Seção

Infraespécie



Parvclasse


Parvordem




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