Calvinismo

















Calvinismo

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João Calvino

Bases históricas:



Cristianismo
Agostinho de Hipona
Reforma



Marcos:



A Institutio Christianæ Religionis de Calvino
Os Cinco Solas
Cinco Pontos (TULIP)
Princípio regulador
Confissões de fé
Bíblia de Genebra



Influências:



Teodoro de Beza
John Knox
Ulrico Zuínglio
Jonathan Edwards
Teologia puritana



Igrejas:



Reformadas
Presbiterianas
Congregacionais
Batistas Reformadas



O calvinismo (também chamado de Tradição Reformada, Fé Reformada ou Teologia Reformada) é tanto um movimento religioso protestante quanto um sistema teológico bíblico com raízes na Reforma Protestante, iniciado por João Calvino em Genebra no século XVI. A Tradição Reformada foi desenvolvida, ainda, por diversos outros teólogos como Martin Bucer, Heinrich Bullinger, Pietro Martire Vermigli e Ulrico Zuínglio.[1] Apesar disso, a Fé Reformada costuma levar o nome de Calvino, por ter sido ele seu grande expoente.[2] Atualmente, o termo também se refere às doutrinas e práticas das Igrejas Reformadas.[3] O sistema costuma ser sumarizado através dos cinco pontos do calvinismo.


Calvinistas romperam com a Igreja Católica Romana, mas diferiam dos luteranos na doutrina sobre a presença real de Cristo na Eucaristia, Princípio regulador do culto e o uso da lei de Deus para os crentes, entre outras coisas.[4][5]


O termo calvinismo pode ser enganoso, pois a tradição religiosa que por ele é identificada sempre foi diversificada, com uma vasta gama de influências, em vez de um único fundador. O movimento calvinista foi chamado pela primeira vez calvinismo pelos luteranos que se opunham ao calvinismo, e muitos dentro da tradição preferem usar o termo Reformado para o descrever.[6][7]


A maior associação Reformada no mundo é a Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas com mais de 80 milhões de membros em 220 denominações em todo o mundo.[8][9] Outras organizações reformadas internacionais são a Fraternidade Reformada Mundial e a Conferência Internacional das Igrejas Reformadas.




Índice






  • 1 História


    • 1.1 A influência de João Calvino


    • 1.2 A difusão da Fé Reformada




  • 2 Doutrina


    • 2.1 Revelação e as Escrituras


    • 2.2 Pacto


    • 2.3 Deus


    • 2.4 Criação e Expiação


    • 2.5 Pecado




  • 3 Interpretação sociológica


  • 4 Demografia


  • 5 Denominações calvinistas


  • 6 Ver também


  • 7 Referências


  • 8 Bibliografia


  • 9 Ligações externas





História



A influência de João Calvino


João Calvino exerceu uma influência internacional no desenvolvimento da doutrina da Reforma Protestante, à qual se dedicou com a idade de 30 anos, quando começou a escrever a Instituição da Religião Cristã em 1534 (publicado em 1536). Esta obra, que foi revista várias vezes ao longo da sua vida, em conjunto com a sua obra pastoral e uma coleção maciça de comentários sobre a Bíblia, são a fonte da influência permanente da vida de João Calvino no protestantismo.[10]


Para Bernardye Cotitretw, biógrafo de Calvino, o calvinismo é o legado de Calvino e torna-se uma forma de disciplina, de ascese, que raramente é levada ao extremo da teimosia. O calvinista é, pois, no extremo, um profundo conhecedor da Bíblia, que pondera todas as suas ações pela sua relação individual com a moral cristã. O calvinismo é também o resultado de uma evolução independente das ideias protestantes no espaço europeu de língua francesa. O termo "calvinismo" foi aparentemente usado pela primeira vez em 1552, numa carta do pastor luterano Joachim Westphal, de Hamburgo.



A difusão da Fé Reformada


O calvinismo marca a segunda fase da Reforma Protestante, quando as igrejas protestantes começaram a se formar, na sequência da excomunhão de Martinho Lutero da Igreja Católica Romana. Neste sentido, o calvinismo foi originalmente um movimento luterano. O próprio Calvino assinou a Confissão Luterana de Augsburg de 1524. Por outro lado, a influência de Calvino começou a fazer sentir-se na Reforma Suíça, que não foi luterana, tendo seguido a orientação conferida por Ulrico Zuínglio. Tornou-se evidente que a doutrina das igrejas reformadas tomava uma direção independente da de Lutero, graças à influência de numerosos escritores e reformadores, entre os quais Ulrico Zuínglio , João Calvino, Martin Bucer, William Farel, Heinrich Bullinger, Pietro Martire Vermigli, Teodoro de Beza, e John Knox.


Uma vez que tem múltiplos fundadores, o nome "calvinismo" induz ligeiramente ao equívoco, ao pressupor que todas as doutrinas das igrejas calvinistas se revejam nos escritos de João Calvino. O nome aplica-se geralmente às doutrinas protestantes que não são luteranas e que têm uma base comum nos conceitos calvinistas, sendo normalmente ligadas a igrejas nacionais de países protestantes, conhecidas como Igrejas Reformadas, ou a movimentos minoritários de reforma protestante.


Nos Países Baixos, os calvinistas estabeleceram a Igreja Reformada Neerlandesa. Na Escócia, através da zelosa liderança do ex-sacerdote católico John Knox, a Igreja da Escócia foi estabelecida segundo os princípios calvinistas. Na Inglaterra, o calvinismo também desempenhou um papel na Reforma, e, de lá, seguiu com os puritanos para a América do Norte. Na França, os calvinistas, chamados de huguenotes, foram perseguidos, combatidos e muitas vezes obrigados ao exílio. Em Portugal, na Espanha ou na Itália, estas doutrinas tiveram pouca divulgação e foram ativamente combatidas pelas forças da contrarreforma, com a ação dos jesuítas e da Inquisição.


O sistema teológico e as práticas da Igreja, da família ou na vida política, todas elas algo ambiguamente chamadas de "calvinismo", são o resultado de uma consciência religiosa fundamental centrada na "soberania de Deus".


O calvinismo pressupõe que o poder de Deus tem um alcance total de atividade e resulta da convicção de que Deus trabalha em todos os domínios da existência, incluindo o espiritual, físico, intelectual, quer seja secular ou sagrado, público ou privado, no céu ou na terra. De acordo com este ponto de vista, qualquer ocorrência é o resultado do plano de Deus, que é o criador, preservador, e governador de todas as coisas, sem excepção, e que é a causa última de tudo. As atividades seculares não são colocadas abaixo da prática religiosa. Pelo contrário, Deus está tão presente no trabalho de cavar a terra como na prática de ir ao culto. Para o cristão calvinista, toda a sua vida é um culto a Deus.


De acordo com o princípio da predestinação, por causa de seus pecados, o homem perdeu as regalias que possuía e distanciou-se de Deus. O homem é considerado "morto" para as coisas de Deus e é dominado por uma indisposição para servir a Deus.


Só havia, então, uma maneira de resolver esse problema: o próprio Deus reatando os laços. Deus então, segundo a doutrina da predestinação, escolheu alguns dos seres humanos caídos para salvar da pecaminosidade e restaurar para a comunhão com Ele. Deus teria tomado esta decisão antes da criação do Universo. Mas é claro que não é por causa de quaisquer boas ações que eles foram escolhidos: "porque pela graça sois salvos,mediante a fé, e isso não vem de vós; é dom de Deus; não vem de obras, para que ninguém se glorie" (Efésios 2:8,9).


Os cinco pontos do calvinismo (conhecidos pelo acróstico TULIP, referente às iniciais dos pontos em inglês) são doutrinas básicas sobre a salvação, definidas pelo Sínodo de Dort, em resposta a uma dissidência dentro do calvinismo, cujo principal líder foi Jacob Armínio. São eles:




  • Depravação total - Graça Soberana Necessitada


  • Eleição incondicional - Graça Soberana Específica


  • Expiação limitada - Graça Soberana Meritória


  • Vocação eficaz - Graça Soberana Eficaz


  • Perseverança dos santos - Graça Soberana Perseverante


O calvinismo também defende uma Teologia Aliancista e os sacramentos como meio de graça, Santa Ceia e Batismo, incluindo o Batismo infantil. Calvino na sua principal obra, as Institutas diz: "Eis aqui por que Satanás se esforça tanto em privar nossas criaturas dos benefícios do batismo; Sua finalidade é que se esquecermos de testificar que o Senhor tem ordenado para confirmar as graças que ele quer nos conceder pouco a pouco vamos nos esquecendo das promessas que nos fez a respeito disto. De onde não só nasceria uma ímpia ingratidão para com a misericórdia de Deus, mas também a negligência de ensinarmos nossos filhos no temor do Senhor, e na disciplina da Lei e no conhecimento do Evangelho. Porque não é pequeno estímulo sabermos que devemos educá-los na verdadeira piedade e obediência a Deus. E saber que desde seu nascimento foram recebidos no Senhor e em seu povo, fazendo-os membros de sua Igreja" (CALVINO, 1999, p. 1069).


O calvinismo deveria ser austero e disciplinado, ou seja: as pessoas não tinham direito a excessos de luxo e conforto, sem esbanjamento matriana.


Doutrina



Revelação e as Escrituras


Teólogos reformados acreditam que Deus comunica o conhecimento de si mesmo para as pessoas através da Palavra de Deus. As pessoas não são capazes de saber nada sobre Deus, exceto através desta autorrevelação. A especulação sobre qualquer coisa que Deus não revelou através de sua Palavra não se justifica. Todavia, os calvinistas entendem que Deus é infinito, e as pessoas finitas são incapazes de compreender um ser infinito. Enquanto o conhecimento revelado por Deus nunca está incorreto, ele também nunca é completo.[11]


De acordo com teólogos reformados, a autorrevelação de Deus é sempre através de seu filho Jesus Cristo, porque Cristo é o único mediador entre Deus e as pessoas. A revelação de Deus através de Cristo vem através de dois canais básicos. O primeiro é a Criação e Providência, a chamada revelação natural, que é criar e continuar a trabalhar no mundo de Deus. Esta ação de Deus dá a todos o conhecimento sobre Ele, mas esse conhecimento só é suficiente para fazer todos os seres humanos culpados por seus pecados, porque ele não inclui conhecimento do evangelho. O segundo canal através do qual Deus se revela é a redenção, que é o evangelho da salvação da condenação que é castigo pelo pecado - esta é a revelação especial.[12]


Na teologia reformada, a Palavra de Deus assume diversas formas. O próprio Jesus Cristo é o Verbo encarnado. As profecias sobre ele podem ser encontradas no Antigo Testamento e no ministério dos apóstolos que o viram e comunicaram a sua mensagem, também são a Palavra de Deus. Além disso, a pregação dos ministros sobre Deus é a própria Palavra de Deus, porque Deus é considerado falando através deles. Deus fala também através de escritores humanos na Bíblia, que é composta de textos separado por Deus para a auto-revelação.[13] Teólogos reformados enfatizam a Bíblia como um meio excepcionalmente importante pelo qual Deus se comunica com as pessoas.[14]


Teólogos reformados afirmam que a Bíblia é verdadeira, mas as diferenças surgem entre eles sobre o significado e a extensão de sua veracidade.[15] Seguidores da escola conservadora dos teólogos Princeton, tais como a Igreja Presbiteriana do Brasil, Igreja Presbiteriana Nacional no México e Igreja Presbiteriana na América, consideram que a Bíblia é verdadeira e infalível, ou incapaz de erro ou falsidade, em todos os lugares.[16] Este ponto de vista é muito semelhante ao do Catolicismo Ortodoxo, bem como o moderno Evangelicalismo. Um outro ponto de vista, influenciado pelo ensino de Karl Barth e a Neo-Ortodoxia, é encontrada na Confissão de 1967 da Igreja Presbiteriana (EUA). Aqueles que tomam este ponto de vista acreditam que a Bíblia é a principal fonte de nosso conhecimento de Deus.[17] Neste ponto de vista, Cristo é a revelação de Deus, e as Escrituras testemunham desta revelação ao invés de ser a própria revelação.[16] A opinião conservadora tem prevalecido nas últimas décadas, na medida em que as igrejas que aderem a visão tradicional da Bíblia como Palavra de Deus estão em crescimento, enquanto as igrejas que adotam a segunda visão, em declínio.


Pacto


Teólogos reformados usam o conceito de aliança para descrever a maneira como Deus entra comunhão com as pessoas na história.[18] O conceito de aliança é tão proeminente na teologia reformada que a teologia reformada como um todo é às vezes chamada de "teologia da aliança".[19] No entanto, teólogos do século XVI e XVII desenvolveram um sistema teológico particular chamado "teologia da aliança" ou "teologia federal" que muitas igrejas reformadas conservadoras continuam a afirmar nos dias de hoje.[20] Esse sistema estabelece uma divisão sobre a relação de Deus com as pessoas principalmente em dois pactos: o "pacto das obras" e o "pacto da graça".[21] O pacto das obras é feito com Adão e Eva no Jardim do Éden, onde Deus proveria uma vida abençoada no Jardim com a condição de que Adão e Eva obedecessem à lei Divina perfeitamente. Como Adão e Eva quebraram o pacto ao comer o fruto proibido, eles ficaram sujeitos à morte, foram banidos do jardim e o pecado foi transmitido a toda a humanidade. Teólogos federais geralmente inferem que Adão e Eva teriam ganho a imortalidade caso tivessem obedecido perfeitamente.[22]


O segundo pacto, chamado o pacto da graça, é dito ter sido feito imediatamente após o pecado de Adão e Eva. Nele, Deus graciosamente oferece a salvação da morte sob a condição de fé em Jesus Cristo. Este pacto é administrado em formas diferentes em todo o Antigo e Novo Testamentos, mas mantém a substância de ser livre de uma exigência de perfeita obediência.[23]


Deus


Para a maior parte da tradição reformada não houve modificação do consenso medieval sobre a doutrina de Deus.[24] O caráter de Deus é descrito usando principalmente três adjetivos: eterno, infinito e imutável[25]. Teólogos reformados como Shirley Guthrie propuseram que em vez de conceber a Deus em termos de seus atributos e liberdade para fazer o que quiser, a doutrina de Deus deve ser baseada no trabalho de Deus na história e sua liberdade para viver com e capacitar as pessoas.[26]


Tradicionalmente, teólogos reformados também seguiram a tradição medieval que remonta aos conselhos da Igreja primitiva de Niceia e Calcedônia na doutrina da Trindade. Deus é um Deus em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. O Filho (Cristo) é detido para ser eternamente gerado pelo Pai e o Espírito Santo procede eternamente do Pai e Filho.[27] No entanto, os teólogos contemporâneos têm sido críticos de aspectos de pontos de vista ocidentais. Com base na tradição cristã oriental, estes teólogos reformados propuseram uma "Trindade Social", onde as pessoas da Trindade só existem em sua vida juntos como pessoas-em-relação.[27] Confissões reformadas contemporâneas como a Confissão de Barmen e as declarações da Igreja Presbiteriana (EUA) têm evitado a linguagem sobre os atributos de Deus e têm enfatizado seu trabalho de reconciliação e de capacitação das pessoas.[28] O Teólogo reformado conservador Michael Horton, no entanto, argumentou que o trinitarianismo social é insustentável porque abandona a unidade essencial de Deus em favor de uma comunidade de seres separados em comunidade.[29]



Criação e Expiação


Teólogos reformados afirmam a crença cristã histórica de que Cristo é eternamente uma pessoa com uma natureza divina e uma natureza humana. Reformadores cristãos especialmente enfatizam que Cristo verdadeiramente se tornou humano para que as pessoas pudessem ser salvas.[30] A natureza humana de Cristo tem sido um ponto de discórdia entre a cristologia Reformada e Luterana. De acordo com a crença de que os seres humanos finitos não podem compreender a Divindade infinita, teólogos reformados asseguram que o corpo humano de Cristo não pode estar em vários locais ao mesmo tempo. Porque luteranos creem que Cristo é corpo presente na Eucaristia, eles sustentam que Cristo é corpo presente em muitos locais simultaneamente. Para os cristãos reformados, tal crença nega que Cristo realmente se tornou humano.[31]


João Calvino e muitos teólogos reformados que o seguiram descrevem a obra da redenção de Cristo, em termos de três ofícios: profeta, sacerdote e rei. Cristo é dito ser um profeta que ensina a doutrina perfeita, sacerdote que intercede ao Pai em favor dos crentes e se ofereceu como sacrifício pelo pecado, e um rei que governa a Igreja e luta pelos crentes. O ofício tríplice vincula a obra de Cristo com a obra de Deus no antigo Israel.[32]


Os cristãos acreditam que a morte e ressurreição de Jesus torna possível para os crentes alcançar o perdão dos pecados e reconciliação com Deus por meio da expiação. Reformadores protestantes geralmente inscrevem-se a uma visão particular da expiação chamada expiação substitutiva, o que explica a morte Cristo como um pagamento de sacrifício pelo pecado. Acredita-se que Cristo morreu no lugar do crente, que é considerado justo como resultado desse pagamento sacrificial.[33]


Pecado


Na teologia cristã, as pessoas são criadas boas e à imagem de Deus, mas se tornaram corrompidos pelo pecado, o que faz com que sejam imperfeitos e excessivamente autointeressadas.[34] Cristãos reformados, seguindo a tradição de Agostinho de Hipona, acreditam que este corrupção da natureza humana foi causada pelo primeiro pecado de Adão e Eva, a doutrina chamada Pecado original. Teólogos reformados enfatizam que este pecado afeta toda a natureza de uma pessoa, incluindo a sua vontade. Sob esta visão o pecado domina as pessoas de forma que são incapazes de evitar o pecado, tem sido chamado de depravação total.[35] Em Português, o termo "depravação total" pode ser facilmente mal interpretada para significar que as pessoas estão ausentes de qualquer bondade ou incapazes para fazer qualquer bom. No entanto, o ensino Reformado na verdade é que, enquanto as pessoas continuam a suportar algo da imagem de Deus, podem fazer coisas que são exteriormente boas, mas suas intenções pecaminosas afetam toda a sua natureza e ações pelo que eles não são totalmente agradáveis a Deus.[36] Talvez, em português, fosse melhor usar a expressão "depravação GERAL" ao invés de "total", para entender que toda a natureza foi afetada, que é o que pretende a expressão original.



Interpretação sociológica


Sociólogos como Max Weber e Ernest Gellner analisaram a teoria e as consequências práticas desta doutrina e chegaram à conclusão de que os resultados são paradoxais. Em parte explicam o precoce desenvolvimento do capitalismo nos países onde o calvinismo foi popular (Holanda, Escócia e Estados Unidos, sobretudo).


O calvinista acredita que Deus é Soberano em todas as coisas e, portanto, o homem não tem participação alguma na própria salvação, logo, Deus predestinou os seus escolhidos para a salvação, uma vez que a humanidade após o pecado não teria condições de se voltar ao Criador por estarem mortos em seus pecados e delitos. O calvinista não tem dúvidas de sua salvação, e nem por isso se acha parte de um grupo seleto, pelo contrário, o calvinismo atuou de forma forte na Reforma Protestante levando o Evangelho para todas as pessoas. Cabe apenas a Deus o saber de todas as coisas e quem são seus eleitos, os calvinistas seguem as Escrituras e pregam a todos e seguem o mandamento do Senhor Jesus de pregar o Evangelho.


Sendo um bom cristão, trabalhando muito, seguindo sempre todos os princípios bíblicos, o calvinista faz tudo para a glória de Deus. Com essa cosmovisão, por meio do trabalho a sociedade se desenvolveu economicamente fazendo com que houvesse uma ligação com o capitalismo.


Os holandeses, os escoceses e os americanos ganharam, então, a fama de serem sovinas, pouco generosos, interessados apenas no dinheiro. Estas características são na vida moderna quase um dado adquirido em qualquer cultura, mas nos tempos da Reforma Protestante, o calvinismo terá instituído uma nova e revolucionária forma de relação com a riqueza.


Ocorre que o uso dos ideais calvinistas para o alavancar da sociedade capitalista é equivocadamente relacionado a ideais capitalistas intrínsecos ao calvinismo. Calvino em sua obra afirma que a riqueza não tem razão de ser se não para ajudar aos que necessitam, e critica a avareza ao dizer que o fruto do trabalho só é digno se útil ao próximo:


"Da mão de Deus tens tu o que possuis. Tu, porém, deverias usar de humanidade para com aqueles que padecem necessidades. És rico? Isso não é para teu bel prazer. Deve a caridade faltar por isso? Deve ela diminuir? Não está ela acima de todas as questões do mundo? Não é ela o vínculo da perfeição?"; [37]


"Condena o Profeta a estes ladrões e assaltantes que lhe parecia deterem o poder de oprimir a gente pobre e o pequeno trabalhador, uma vez que eram eles que tinham grande abundância de trigo e grãos;... é o mesmo como se cortassem a garganta dos pobres, quando os fazem assim sofrer fome" [38].


Mas o calvinismo se espalhou pelos países que estavam passando pelo processo da Expansão Comercial. Entre eles os países eram: França, Holanda, Inglaterra, e Escócia. Isto atraíra vários comerciantes e banqueiros.


Demografia


Um relatório de 2011 do Pew Forum on Religious e Vida Pública estima que os membros de igrejas reformadas e presbiterianas (dois maiores ramos do calvinismo) representam 7% dos cerca de 801 milhões de protestantes no mundo, ou cerca de 56 milhões de pessoas. [39] Embora a fé reformada amplamente definida é muito maior, uma vez que constitui congregacionais (0,5%), a maioria das Igrejas Unidas (sindicatos de diferentes denominações) (7,2%) e, provavelmente, algumas das outras denominações protestantes (38,2%). Todos os três são categorias distintas de Presbiterianos/Reformados (7%) neste relatório.


A família reformada de igrejas é uma das maiores denominações cristãs. De acordo com adherents.com os reformados/presbiterianos/congregacionais/ igrejas unidas representam 75 milhões de crentes no mundo.[40]



Denominações calvinistas




Conjunto escultórico representando João Calvino, Rio de Janeiro, Brasil.


O[41] Calvinismo é como denominam o conjunto de doutrinas de diversas Igrejas Protestantes, dentre elas destacamos:



  • Igreja Cristã de Nova Vida


  • Igreja Reformada Suíça - religião oficial da maioria dos cantões da Suíça.


  • Igreja Reformada Neerlandesa e Igreja Protestante Evangélica Holandesa - recentemente unificada, não é mais a religião oficial dos Países Baixos


  • Igreja Reformada Francesa - a igreja dos Huguenotes

  • Igreja Reformada Hungara

  • Igreja da Escócia

  • Igrejas Reformadas do Brasil

  • Igreja Presbiteriana do Brasil

  • Igreja Presbiteriana Unida do Brasil

  • Igreja Presbiteriana Independente do Brasil

  • Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil

  • Igreja Presbiteriana da Reforma no Brasil

  • Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal


  • Igreja Congregacional - concentrada na Nova Inglaterra, nos Estados Unidos, hoje parte da Igreja Unida de Cristo.

  • Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil

  • União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil

  • Igreja Anglicana Reformada do Brasil

  • Igreja Evangélica de Panorama



Ver também



  • Calvinismo no Brasil

  • Predestinação

  • Presbiterianismo

  • Museu Internacional da Reforma Protestante de Genebra



Referências




  1. «História do Movimento Reformado». Consultado em 23 Nov. 2016 


  2. «João Calvino no Movimento Reformado». Consultado em 23 Nov. 2016 


  3. Calvinism As A Life System, de Abraham Kuyper


  4. Schaff, Philip. «Protestantism». New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge. IX. [S.l.: s.n.] pp. 297–299 


  5. Muller, Richard A. (2006). Dictionary of Latin and Greek Theological Terms: Drawn Principally from Protestant Scholastic Theology 1st ed. [S.l.]: Baker Book House. pp. 320–321. ISBN 978-0801020643 


  6. Hägglund, Bengt (2007). Teologins Historia [History of Theology] (em German) Fourth Revised ed. Saint Louis: Concordia Publishing House  !CS1 manut: Língua não reconhecida (link)


  7. Muller 2004, p. 130.


  8. «Theology and Communion». Wcrc.ch. Consultado em 5 de dezembro de 2013 


  9. «Member Churches». Wcrc.ch. Consultado em 5 de dezembro de 2013 


  10. História do Movimento Reformado, BR: Universidade presbiteriana Mackenzie .


  11. Allen 2010, pp. 18–20.


  12. Allen 2010, pp. 22–23.


  13. Allen 2010, pp. 24–25.


  14. McKim 2001, p. 12.


  15. Allen 2010, p. 28.


  16. ab Allen 2010, p. 31.


  17. Farley & Hodgson 1994, p. 77.


  18. Allen 2010, pp. 34–35.


  19. McKim 2001, p. 230 n. 28.


  20. Allen 2010, pp. 34 – 35.


  21. Allen 2010, p. 44.


  22. Allen 2010, pp. 41 – 42.


  23. Allen 2010, p. 43.


  24. Allen 2010, p. 54.


  25. Allen 2010, p. 55.


  26. Allen 2010, pp. 57–58.


  27. ab Allen 2010, pp. 61–62.


  28. Guthrie 2008, pp. 32–33.


  29. Horton 2011a, pp. 298–299.


  30. McKim 2001, p. 82.


  31. Allen 2010, pp. 65–66.


  32. McKim 2001, p. 94.


  33. McKim 2001, p. 93.


  34. McKim 2001, p. 66.


  35. McKim 2001, pp. 71–72.


  36. Muller, Richard A. (2012). Calvin and the Reformed Tradition Ebook ed. Grand Rapids, MI: Baker Academic  A referência emprega parâmetros obsoletos |p= (ajuda)


  37. Sermao CXLI sobre Dt 24.19-22. OPERA CALVINI, tomo XXVIII, p. 204


  38. Os Doze Profetas Menores, op. cit., Am 8.5


  39. Pew Research Center's Forum on Religion and Public Life (19 de dezembro de 2011), Global Christianity (PDF), pp. 21, 70. 


  40. «Major Branches of Religions» 


  41. «Igrejas Reformadas do Brasil». www.igrejasreformadasdobrasil.org. Consultado em 1 de agosto de 2018 


Bibliografia




  • KUYPER, Abbraham. Calvinismo. Editora Cultura Cristã, 2002.

  • Seaton, W. J. Os Cinco Pontos do Calvinismo. São Paulo: Editora PES.

  • Rodrigues,Joelza Ester História em Documento 6ª Série, Editora: FTD. Pág. 168




Ligações externas



  • Teologia calvinista Monergismo


  • Portal Mackenzie: Movimento Reformado(Calvinismo)


  • Quinhentos anos do nascimento de Calvino(em inglês)





















































































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