Brucelose






































Brucellosis


Vista ao microscópio.

Especialidade

infectologia
Classificação e recursos externos

CID-10

A23.a

CID-9

023

DiseasesDB

1716

MedlinePlus

000597

eMedicine

213430

MeSH

D002006

A Wikipédia não é um consultório médico. Leia o aviso médico 

A brucelose, também conhecida como febre de Malta, febre de Gibraltar, febre mediterrânica ou febre ondulante, é uma doença zoonótica infecciosa causada por bactérias do género Brucella. Na sua actual circunscrição taxonómica o género está dividido em seis espécies, sendo que cada espécie possui seus hospedeiros preferenciais: B. abortus (bovinos); B. melitensis (caprinos e ovinos); B. suis (suínos); B. canis (caninos); B. ovis (ovinos); B. neotomae (rato-do-deserto, Neotomae lepida); B. microti (camundongo-do-campo, Microtus arvalis); B. ceti (cetáceos); B. pinnipedialis (pinípedes) e a B. inopinata (homem). Todas são importantes patógenos para os animais (domésticos e silvestres) e o homem, causando a doença chamada, popularmente, brucelose. Todas possuem ação no homem, exceto a B. neotomae e a B. ovis.




Índice






  • 1 Patogênese


  • 2 Epidemiologia


  • 3 Transmissão


  • 4 Sinais e sintomas


  • 5 Diagnóstico


  • 6 Tratamento


  • 7 Prevenção


  • 8 Referências





Patogênese |




O leite não pasteurizado e os seus produtos são a principal fonte da brucelose. O quadro é de Vermeer.


Brucella é uma bactéria Gram-negativa que pertence à família Brucellaceae. As células possuem forma de bastonetes curtos e ovais (bacilos/cocobacilos) imóveis, normalmente isoladas ou, com menor aparição, aos pares ou em cadeias curtas.


A bactéria tem como portão de entrada no organismo a via oral ou venérea. Esta se prolifera no linfonodo satélite, e migram para os testículos, úbere, articulações e útero. Nas fêmeas, a Brucella tem tropismo pelo eritritol (hormônio produzido pela placenta no terço final da gestação para sinalizar que o feto está pronto), então ela vai para a placenta e causa lesões em glândulas uterinas e carúnculas. Essas lesões provocam endometrite ulcerativa e aborto. Nos machos, a bactéria tem tropismo por hormônios masculinos, como a testosterona, então esta vai para os testículos e causa lesões, que levam a orquite, podendo causar até a infertilidade. A Brucella também podem causar danos às articulações, onde causa bursite e artrite.



Epidemiologia |




O queijo, principalmente fresco, feito artesanalmente a partir de leite não pasteurizado é uma fonte importante da doença


Bovinos sexualmente maduros, especialmente vacas prenhes, são mais suscetíveis à infecção. A transmissão se faz por contaminação direta pelo contato com fetos abordados, placentas e descargas uterinas.


A via de infecção mais frequente é a oral. Quando uma fêmea aborta, elimina através do aborto, ou dos anexos fetais, uma grande quantidade de bactérias, contaminando assim o ambiente. Bezerros alimentados com leite contendo Brucellas podem albergar a bactéria e eliminá-la com as fezes contaminando assim o meio ambiente.


O contágio de rebanhos livres normalmente se dá pela introdução de um ou mais animais infectados, difundindo-se rapidamente de animal para animal.



Transmissão |


A brucelose no homem é de caráter principalmente profissional, estando mais sujeitos à infectar-se as pessoas que trabalham diretamente com os animais infectados (tratadores, proprietários, veterinários) ou aqueles que trabalham com produtos de origem animal (funcionários de matadouros, laboratorialistas). Porém, o consumidor também pode ser contaminado, devido à ingestão de carnes mal cozidas, derivados de leite não pasteurizados, produtos lácteos contaminados e seus subprodutos.



Sinais e sintomas |


Os principais sintomas da brucelose em humanos são similares aos da gripe, como:



  • Febre

  • Cansaço corporal

  • Dor e enfraquecimento das articulações

  • Calafrios

  • Sudorese

  • Fraqueza

  • Dor de cabeça e no corpo em geral


Complicações incluem:




  • Encefalite (inflamação do cérebro ou cerebelo ou tronco encefálico)


  • Meningite (inflamação das membranas que envolvem o sistema nervoso central)


  • Endocardite (inflamação do interior do coração)


  • Artrites (inflamação das articulações)


  • Epididimiorquite (inflamação dos testículos)


  • Aborto, principalmente a partir do sexto mês de gestação, ou nascimento prematuro com retenção de placenta.


  • Vaginite com corrimento vaginal.



Diagnóstico |


Pode ser feito tanto pelo isolamento e identificação da bactéria (diagnóstico direto) como pela pesquisa da resposta imunológica à infecção (diagnóstico indireto). O diagnóstico direto é feito através de exames bacteriológico dos tecidos e produtos dos animais infectados (tecidos fetais e genitais) e o diagnóstico indireto pela pesquisa de anticorpos, através da sorologia, bem como pela pesquisa da resposta celular pelo teste cutâneo ou testes in vitro. Os testes sorológicos permitem a pesquisa de anticorpos no soro, líquido seminal e leite dos animais infectados.



Tratamento |


A vacinação contra a brucelose é feita em animais para evitar o contágio a humanos. O tratamento se dá a partir da associação de antibióticos (tetraciclina, rifampicina, estreptomicina e gentamicina ou um aminoglicosídeo e doxiciclina) que atenuam e controlam os sintomas da doença.


Alguns estados do Brasil, por exemplo Paraná e Santa Catarina, já possuem um protocolo de tratamento da brucelose humana, o que facilita o diagnóstico e posterior tratamento da doença. Segundo o Conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina, o tratamento é prolongado e com o uso de antibióticos específicos. Em alguns pacientes o quadro persiste por mais de um ano com complicações osteo-articulares em 20% a 60% dos casos, febre e abscessos em certos órgãos, em casos mais graves pode levar a óbito.[1] 


A Coordenação do Programa Estadual da Brucelose Humana da Diretoria de Vigilância Epidemiológica/Secretaria de Saúde de Santa Catarina informou que em 2012, ano em que o Protocolo de Tratamento da Brucelose Humana foi adotado, houve 25 pessoas reagentes a  doença, em 2013 foram 74 pessoas, em 2014 foram 20 e em 2015 este número subiu para 130 pessoas. 


Já no caso animal existe vacinação que atua na prevenção da doença, porém não existe tratamento para os animais já contaminados. Pela legislação Federal, a vacinação (amostra B19) dos bovinos é recomendada, em dose única, somente nas fêmeas com idade entre 3-8 meses. As bezerras são marcadas com ferro candente no lado esquerdo com um V e os algarismos finais do ano de vacinação. A resposta sorológica das bezerras vacinadas tende a desaparecer rapidamente, ao contrário do que ocorre com a vacinação dos animais adultos. Os animais positivos às técnicas sorológicas devem ser eliminados. 



Prevenção |



  • Exame de todo o rebanho anualmente.

  • Abate dos animais contaminados.

  • Isolamento das matrizes que abortarem.

  • Comprar animais somente em rebanhos (plantéis) livres da doença. Isso porque animais com exames de sangue (sorologia) negativos, vindos de rebanhos que têm animais infectados, podem conter a doença em estágio de incubação.

  • Pasteurização do leite.

  • Cozimento prolongado da carne em fogo alto.

  • O uso de EPIs por parte dos profissionais que manuseiam os animais.

  • Dar o destino correto ao material orgânico contaminado.

  • Esterilizar equipamentos.



Referências




  1. Governo, Portal do; Geral, Ouvidoria; Informação, Acesso à; Administração, Saeb-Sec da; Seagri - Sec. da Agricultura, Pecuária; Educação, Sec-Secretaria da; Social, Secom-Secretaria de Comunicação; Cultura, Secult-Secretaria de; Secti - Sec. de Ciência, Tecnologia e Inovação. «ADAB combate à brucelose bovina». Agência de Defesa Agropecuária da Bahia - Governo da Bahia. Consultado em 25 de maio de 2017 










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