Vale do Lapedo









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Vale do Lapedo (visto a sul do mesmo, perto do CIALV




Vale do Lapedo e a ribeira do Sirol


O Vale do Lapedo é uma depressão de grande valor arqueológico que se situa na Freguesia de Santa Eufémia, a 13 quilómetros da cidade portuguesa de Leiria.


O vale tem cerca de 1,5 km de extensão e uma profundidade máxima de 100 metros.
Por ele passa a ribeira do Sirol, afluente do rio Lis, e é um vale em "canhão” devido às paredes de grande inclinação, semelhantes a penhascos, que rasgam o maciço calcário. É então uma garganta estreita e funda, de encostas muito íngremes e de natureza calcária (o que facilita a sua dissolução por parte da água da ribeira), com numerosas cavidades cársicas que foram escavadas durante centenas de milhar de anos pela ribeira e outras linhas de água. O vale situa-se no extremo setentrional do Maciço Calcário Estremenho, ponto em que os calcários se afundam debaixo dos sedimentos que caracterizam a depressão tectónica de Leiria.
O vale é, assim, a fronteira entre esse maciço e o Sistema Condeixa-Alvaiázere.


É um vale de grande interesse geológico e também biológico, uma vez que a formação geológica permitiu a preservação de uma comunidade biológica que é das mais antigas da Península Ibérica, a mata mediterrânica, com espécies autóctones da região como o carvalho cerquinho, amieiros, salgueiros, freixos, choupos, trepadeira, carrasco, pimenteira e também o medronheiro. Da fauna podemos destacar algumas aves como chapins, picapau-verde, gralha-preta, águia de asa redonda, etc.


O Vale do Lapedo foi outrora denominado mata real do Lapedo, e em 1450 D. Afonso V ordenou o seu desbravamento. E se a preservação deste espaço é possível é porque logo a partir desse século lhe foi dada a devida importância, sendo interdita a caça e o corte de árvores. Ao longo do tempo o local foi abandonado, tendo mesmo sido obrigatório o cultivo das terras no vale. Hoje em dia a paisagem permanece pouco humanizada, existindo apenas 3 casas dedicadas à moagem (moinho e lagares) - na verdade foram essas condições tão pouco favoráveis à humanização do local que permitiram a conservação dos achados arqueológicos lá encontrados, originários de uma altura em que era favorável a ocupação do vale.


Se hoje em dia o vale do Lapedo é hoje conhecido por todo o mundo não é pelo seu valor geológico mas sim por causa do seu valor cultural, associado à descoberta de vestígios de ocupação humana no Paleolítico, tendo estes sido muito importantes para saber o modo de vida do homem da altura e a forma com geria o seu território ao longo de milhares de anos.




Abrigo do Lagar Velho.



Abrigo do Lagar Velho |


Ver também: Menino do Lapedo

Até o final do século passado não havia qualquer vestígio do Paleolítico na bacia hidrográfica do Lis. Tudo mudou com as descobertas feitas no Abrigo do Lagar Velho, situado no extremo oeste do vale, na margem esquerda da ribeira. Este abrigo é das maiores cavidades do Lapedo e de outros vales cársicos de Leiria - e nos quais já se fizeram descobertas arqueológicas, como o vale da Curvachia, do Leão ou da Ribeira dos Milagres. Estudos apontam que o Abrigo tem entre 20 000 e 30 000 anos.


A primeira pintura rupestre foi descoberta em 1998, depois do proprietário dum terreno no Abrigo do Lagar Velho ter reparado numa pintura no local, o que foi depois confirmado por Pedro Ferreira. A pintura correspondia a duas figuras antropomórficas, entre outros motivos, pintadas a vermelho, datadas do calcolítico ou neolítico.
De seguida Pedro Ferreira convidou dois arqueólogos a explorar o local, dando-se o achado mais importante no local: o menino do Lapedo.
Depois desta descoberta, procedeu-se à exploração do abrigo, trazendo à superfície milhares de achados arqueológicos que aí estiveram conservados durante milhares de anos.


Há cerca de 30 000 anos estima-se que o Lagar Velho era uma praia fluvial: os sedimentos desta época são aluviais e entre eles encontrou-se ossos de animais de grande porte.


Infelizmente antes do menino do Lapedo ser descoberto, o local sofreu uma terraplanagem efectuada por esse proprietário do terreno, destruindo alguma da sequência sedimentar do abrigo (impossibilitando assim uma datação relativa dos achados, ou destruindo-os até).
No Abrigo do Lagar Velho foram encontrados vários vestígios arqueológicos: restos faunísticos (ossos), carvões, artefactos líticos lascados, seixos, termoclastos, etc. Estes vestígios estão datados do Último Máximo Glaciar.


Mais tarde, escavações do solo puseram a descoberto vestígios datados de há 23 000 anos, em cerca de 20 metros quadrados, que incluía restos de fauna calcinados, fragmentos de carvão, termoclastos e dezenas de ossos queimados (de veado, corço, cabra montez, javali, camurça, raposa, auroque, cavalo e coelho), indicando que era naquele espaço que os animais eram preparados. 3 metros ao lado descobriu-se o que se convencionou chamar de "Lareira do Talhe", de menores dimensões que a primeira e quase sem ossos de animais, indicando que servia para actividades de talhe dos animais e processamento de peles.


Vestígios da passagem de caçadores-recolectores pelo local, quase 10 000 anos depois, foram apagados com a tarterraplanagem abrigo, restando apenas o Testemunho Pendurado.
Este é uma faixa sedimentar com 60 cm de espessura e incluída na parede do Abrigo, prolongando-se ao longo de todo o vale do Lapedo. Procedeu-se a uma limpeza e estudo de uma secção do mesmo, que nos permitiu fazer uma projeção do paleo ambiente de há cerca de 21 000 anos: grande instabilidade e episódios erosivos de grande intensidade, com elevadas taxas de sedimentação. Neste estrato também se recolheram 32 000 vestígios faunísticos, 6 000 artefactos lascados e milhares de fragmentos de carvão, termoclastos e seixos queimados.


No Vale do Lapedo foi criado o Centro de Interpretação Abrigo do Lagar Velho, agregando toda a informação que diz respeito à descoberta. Um dos atractivos do centro de interpretação, inaugurado no início de 2008, é a possibilidade de ver o menino, cujo rosto foi reconstruído pelo antropólogo norte-americano, Brian Pierson. Pode ser apreciada também uma réplica das ossadas ali encontradas. O original encontra-se no Museu Nacional de Arqueologia.


O vale e o sítio do abrigo do lagar velho (onde o menino e outros achados arqueológicos foram descobertos) encontra-se em fase de classificação de monumento nacional, e prepara-se a candidatura do mesmo a Património Mundial da UNESCO.


É a única sepultura do Paleolítico Superior até agora descoberta na Península Ibérica, com 24.500 anos.




Ligações externas |



  • Abrigo do Vale do Lapedo 1 na base de dados Endovélico da Direção-Geral do Património Cultural


















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