Caça às bruxas
Nota: Este artigo é sobre o acontecimento histórico. Se procura o filme de 2011 "Caça às Bruxas", veja Season of the Witch.
A caça às bruxas foi uma perseguição religiosa e social que começou no século XV e atingiu seu apogeu nos séculos XVI a XVIII principalmente na Alemanha, Escandinávia, Inglaterra, Escócia, Suíça e em menor escala na França, Península Ibérica, Itália e Império Habsburgo. O mais famoso manual de caça às bruxas é o Malleus Maleficarum (Martelo das Feiticeiras), de 1486.
No século XX a expressão "caça-às-bruxas" ganhou conotação bem ampla, sua verdadeira conotação se auto-revelou se referindo a qualquer movimento político ou popular de perseguição política-arbitrária, com o objetivo de Poder, muitas vezes calcadas no medo e no preconceito submetiam a maioria, no que hoje poderíamos chamar de Terrorismo.
Índice
1 Relação da sociedade com a bruxaria ao longo da História
1.1 Neolítico e Idade do Bronze 10 000 a.C. - 1200 a.C.
1.2 Antiguidade Clássica 1200 a.C. - 476 d.C.
1.3 Alta Idade Média 476 - 900
1.4 Idade Média Clássica 900 - 1300
1.5 Baixa Idade Média 1300 - 1600
1.6 Séculos XVII (1601 - 1700) e XVIII (1701 - 1800)
1.7 Na Suécia
2 Novas versões históricas
3 Ver também
4 Referências
Relação da sociedade com a bruxaria ao longo da História |
Ver artigo principal: Caça às bruxas
Neolítico e Idade do Bronze 10 000 a.C. - 1200 a.C. |
O castigo contra feiticeiros maléficos já existia em muitas sociedades antigas, leis antifeitiçaria apareciam nos primeiros códigos legais preservados; Tanto no Egito como na Babilônia, desempenhou um papel conspícuo. O código de Hammurabi de cerca do ano 1800 a.C., prescreve que:
"Se um homem lançou um feitiço a outro homem e não se justificar, deve mergulhar no rio sagrado. Se ele se afogar, o acusador tomará posse de sua casa, mas se o rio declará-lo inocente, o acusador será morto e aquele que mergulhou deve tomar posse de sua casa""[1][2]
A Bíblia hebraica condenava a feitiçaria. Deuteronômio 18:10-12 declara "Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; Nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti". E Êxodos 22:18 prescreve "A Feiticeira não deixarás viver;"[3] contos como o de 1 Samuel 28, relata como Saul "cortou os que têm espiritos familiares e os magos da terra"
Antiguidade Clássica 1200 a.C. - 476 d.C. |
Em 451 a.C., as Doze Tabuas do direito romano tinham provisões contra encantamentos e feitiços mal intencionados que podiam danificar culturas de cereais.
Em 331 a.C., 170 pessoas foram executadas como bruxas após uma doença epidêmica desconhecida ter atingido a Itália Central.
Em 186 a.C., o senado romano emitiu um decreto restringindo severamente as celebrações a Lucifer, deus das bruxarias.[4] Conseqüentemente à proibição, em 184 a.C., cerca de 2.000 pessoas foram executadas por bruxaria (veneficium) e entre os anos 182 -180 a.C., outras 3.000 execuções ocorreram,[5] novamente desencadeada pelo surto de uma epidemia.
Em 81 a.C., o cônsul romano Sula promulgou uma lei que proibia o comércio e posse de drogas nocivas, venenos, livros mágicos e outras parafernalhas ocultistas. Estrabão, Caio Cílnio Mecenas, Dião Cássio e muitos outros confirmaram a tradicional oposição dos antigos contra a bruxaria e adivinhação. O imperador Augusto reforçou a legislação destinada a restringir essas práticas, em 31 a.C., mandou queimar mais de 2000 livros de magia em Roma.[6][7] Nessa mesma época, um clérigo israelita chamado Semeon ben Shetach condenou a morte 80 mulheres que haviam sido acusadas de bruxaria em um único dia na cidade de Ascalão. Mais tarde, os parentes das mulheres se vingaram trazendo falsas testemunhas contra o filho de Semeão, fazendo com que ele fosse executado. Nesse tempo, esse tipo de situação já ocorria.
O historiador Suetônio refere que o Imperador Augusto mandou queimar publicamente mais de 2 mil livros de bruxaria, escritos em latim e grego, que confiscou em Roma.[8] O imperador Constantino, decretou entre 317-319 leis de combate a bruxaria, lei que depois foi incorporada no código do imperador Teodósio: "Esses homens que praticam a magia e dos quais se tenha demonstrado que conspiraram contra a segurança dos indivíduos, ou que transformaram em seres lúbricos espíritos até então virtuosos, serão castigados e corrigidos como merecem pelas mais severas leis".[9] Em 354 da era cristã, enquanto Tiberius Claudius era imperador, 45 homens e 85 mulheres, todos suspeitos de feitiçaria, foram executados.[10]
A caça às bruxas continuou até o final do século IV (301 - 400), quando o católicismo se tornou religião oficial do Império Romano na década de 390's. O desejo da Igreja Católica de inibir a caçada de bruxas aparece nos concílios de Elvira (306) e Ancira (314), que impuseram certas penitencias eclesiásticas suaves.[11]
Alta Idade Média 476 - 900 |
Esse ceticismo ficou explicito nos decretos de Trullo em 692 e Paderborn em 785 que proibia as pessoas de dedurar bruxas e condenou a morte aqueles que pensavam em queimar bruxas. O código lombardo de 643 dizia:
"Que ninguém pretenda matar alguém ou uma estrangeira como bruxa, pois não é possivel, nem deve ser acreditado por mentes cristãs"[12]
O Concílio de Frankfurt em 794, convocado por Carlos Magno, também foi muito explícito ao condenar a perseguição de supostas bruxas, chamando a crença na bruxaria "supersticiosa" e ordenando a pena de morte para aqueles que presumiam queimar bruxas.[13] Outros exemplos incluem um sínodo irlandês em 800,[14] e um sermão de Agobard de Lyon (810).[15]
Idade Média Clássica 900 - 1300 |
Durante a Plena Idade Média, o ceticismo em relação as bruxas aumentou. No ano 906, século X (901 - 1000), uma lei canônica da Igreja afirmava que é heresia acreditar em bruxas e bruxarias e que essa crença popular era coisa de pagão.
O rei Kálmán (Colomão) da Hungria, no Decreto 57 de seu Primeiro Livro Legislativo (publicado em 1100), proibiu a caça às bruxas e disse: "as bruxas não existem".[16]
O "Decretum" de Burchard, Bispo de Worms (1020), especialmente o seu 19º livro, é outro trabalho de grande importância. Burchard estava escrevendo contra a crença em poções mágicas, como por exemplo, que podia provocar impotência ou aborto. Este também foi condenado por vários Padres da Igreja.[17] Mas ele rejeitou também a possibilidade de muitos outros poderes alegados das bruxas. Tais, por exemplo, voar com uma vassoura mágica nas noites de sábado, mudar a disposição de uma pessoa do amor para o ódio em relação a outra pessoa, o controle do trovão, da chuva e do sol, a transformação de pessoas em animais, a relação sexual de incubis e succubis com seres humanos e entre outros. Não só a tentativa de praticar tais coisas, mas a própria crença em sua possibilidade, é tratada por Burchard como falsa e supersticiosa.
O papa Gregório VII, em 1080, escreveu ao rei Haroldo III da Dinamarca, proibindo que as bruxas fossem mortas por presunção de terem causado tempestades, fracassos de colheitas ou pestilências. Nem estes foram os únicos exemplos de um esforço para evitar a suspeita injusta a que tais pobres criaturas poderiam ser expostas.
Em muitas ocasiões diferentes, os eclesiásticos que falaram com autoridade fizeram o seu melhor para desiludir o povo de sua crença supersticiosa em feitiçaria. Este é, por exemplo, o sentido geral do livro, Contra insulsam vulgi opinionem de grandine et tonitruis, escrito por Agobard (d. 841), Arcebispo de Lyons ("Contra a crença tola do tipo comum em relação ao granizo e ao trovão".
A partir de então, mulheres que praticavam curandeirismo e benzedorismo passaram a ser uma das figuras mais respeitadas na sociedade Medieval, principalmente nas áreas rurais, chamadas de “mulheres sábias” em todo o continente europeu. Eram geralmente viúvas ou solteiras, com enorme conhecimento de ervas medicinais. Embora fossem pessoas miseráveis, tinham grande prestígio social, pois serviam como faz-tudo: parteiras, adivinhas, terapeutas, enfermeiras, médicas e entre outros.
Por outro lado, pessoas que praticavam magia negra, góetica, enoquiana e outros, também aproveitaram essa época dourada e tolerante para as praticas mágicas e ocultismo. Fazendo valer seus caprichos, amaldiçoando inimigos e enfeitiçando amantes.
Baixa Idade Média 1300 - 1600 |
No início do século XIV (1301 - 1400), após séculos de tolerância, a Europa Medieval estava infestada de bruxas e a Igreja foi responsabilizada, por isso, houve muitas acusações contra cléricos e outras pessoas instruidas que eram capazes de ler e escrever livros de magia, até o papa Bonifácio VIII foi acusado de apostasia e bruxaria em 1303.
Entre os anos de 1304 e 1320, ocorreu uma verdadeira "faxina" dentro da própria Igreja, sendo as execuções ainda muita raras. Na França, um bispo foi executado por usar a feitiçaria na tentativa de matar o papa João XXII. Essa era a maneira mais popular nessa época para matar um rei, imperador ou papa. Nos anos seguintes foram mais silenciosos, mas a partir das décadas de 1350's, 1360's e 1370's, na parte central da Europa, começaram a surgir rumores e pânico acerca de conspirações malignas que estariam tentando destruir os reinos cristãos através de magia e envenenamento; falava-se de conspirações por parte dos turcos otamanos e de associações entre judeus e leprosos ou judeus e bruxas. Os judeus que por toda Idade Média tiveram liberdade de religião começaram a ser vistos com desconfiança pela população. Depois da enorme devastação decorrente da peste negra (que vitimou 1/3 da população européia em meados do século XIV) esses rumores aumentaram e passaram a focar mais em bruxas e "propagadores de praga". Depois da Peste também se espalhou aquela ideia de que o banho frenquente desprotegia a pele e trazia doenças para o corpo através da água, que era supostamente contaminada por conspiradores.
De 1376 adiante, as acusações aumentaram e mais frequentes contra pessoas comuns. Em 1398, a universidade de Paris declarou que o pacto demoníaco não precisava de nenhum documento assinado, pois o simple ato de convocar um demônio constituiu um pacto implícito. Entre os anos 1376 e 1435, o ritmo de julgamentos aumentou de modo significativo, e entre os anos 1436 e 1520, o número de julgamentos por bruxaria na Europa agora é, em média três vezes maior do que no périodo 1376 - 1435. A caça chegou a diminuir a partir dos anos 1520's continuando assim por algumas décadas, mas voltou a aumentar a partir da década de 1560 atingindo o patamar do período 1436 - 1520. O período com maior número de julgamentos e execuções por bruxaria foi de 1580 a 1660 com um auge de pico entre 1610 e 1650, os 40 anos mais histéricos.
Em 1435, o teologo Johannes nider escreveu um tratado em forma de diálogo, o Formicarius que dizia que as feiticeiras eram parte de uma espécie de seita demoníaca.
Por intermédio da bula de 5 de dezembro de 1484, o papa Inocêncio VIII ordena uma investigação acerca da bruxaria, com vistas a definir os sinais pelos quais se poderia reconhecer o pacto do indivíduo com o diabo e aboliu a lei canônica de 906.
Considerado um dos papas mais fracos do século XV, sua indicação aconteceu graças a um impasse na feroz disputa pelo papado entre os cardeais Bórgia e Giuliano della Rovere. Temerosos de que a disputa entre os dois levasse à escolha do cardeal Barbo, tido como homem de princípios rígidos e um possível reformador da Igreja, uniram forças e conseguiram eleger o inofensivo Cibo, que se tornou papa com o nome de Inocêncio VIII.
Em 1486 foi lançado o livro Malleus Maleficarum, pelos inquisidores Heinrich Kraemer e James Sprenger, o livro nunca foi aprovado pela Igreja Católica Romana e acabou sendo inserido no Index Librorum Prohibitorum, tendo seus dois autores sido posteriormente excomungados por continuarem publicando-o. Mas a partir dos anos 1520's, ocorreu a reforma protestante e a maré começou a mudar, pois os reformadores acabaram aceitando a "Bíblia do caçador de bruxas". Com 28 edições esse volumoso manual define as práticas consideradas demoníacas. Ele se torna uma espécie de bíblia da caça às bruxas e vai ter grande influência do outro lado do Atlântico no século XVII (1601 - 1700) sobre as comunidades puritanas nos Estados Unidos, tendo sido utilizado no famoso caso das bruxas de Salém.
Ao surgirem as primeiras ondas da Reforma Protestante o número de julgamentos chega a diminuir por alguns anos. Entretanto, em 1560 a perseguição cresce novamente até atingir o pico no século XVII.
Séculos XVII (1601 - 1700) e XVIII (1701 - 1800) |
Os horrores da Caça às Bruxas no século XVII que varreu o Norte da Europa, aconteceu em um mundo sacudido pela reforma protestante, assolado pelas guerras religiosas e políticas e fustigada pela fome e pela doença. Esse é o período mais sanguinário da história, que atingiu tanto terras católicas como protestantes e ocorreu principalmente entre os anos 1610 e 1650.
O conceito de "bruxa" passou a ser bem mais amplo. Curandeiras e benzedeiras passaram a ser alvo fácil, já que as autoridades não via mais distinção entre bruxas/feiticeiras, curandeiras e benzedeiras. Passou a ser difícil distinguir suas especificidades, pois todas estavam ligadas a magia e ao uso de ervas medicinais. Até o final do século XVI (1501 - 1600), na Baixa Idade Média, essa diferenciação estava bem clara, pois acreditavam que as bruxas enviavam o mal, enquanto as curandeiras o sanavam. Na Idade da Razão (a partir de 1601), no entanto, essa diferença desapareceu e milhares de pessoas inocentes foram torturadas e mortas.
A partir da década de 1660's, os julgamentos começaram a diminuir graças a expansão do Iluminismo que nasceu no início dos anos 1600's. Em alguns países como a Polônia, o auge da caçada foi entre 1670 e 1730 (século XVIII). A Inglaterra foi o país com maior porcentagem de mulheres entre os executados, mais do que em qualquer outro país: 90%[18] Segundo estimativas recentes entre 500 e 1.000 pessoas foram executadas por bruxaria na Inglaterra.[18]
Estudiosos estimam que das 35 mil pessoas que foram executadas como bruxas, cerca de 30 mil ocorreu na chamada Idade das Luzes, que foi quando o feudalismo foi totalmente substituído pelo capitalismo, surgiu o estado moderno centralizado e absolutista e o Iluminismo, nos séculos XVII e XVIII.
As elites deixaram de acreditar em bruxaria com o Iluminismo, mas continuou fazendo parte da cultura popular e uma parcela da população continuou temendo as bruxas. Linchamento de suspeitos de feitiçaria passaram a ser comum a partir de 1750, principalmente em países de religião protestante e houve casos de perseguição até meados do século XIX (1801 - 1900).
Na Suécia |
Ver artigo principal: Caça às bruxas na Suécia
As perseguições às bruxas na Suécia (häxprocesser) foram relativamente reduzidas, tendo sido efetuadas principalmente no período de 8 anos, entre 1668 e 1676.
[19][20]
Novas versões históricas |
No passado os historiadores consideraram a caça às bruxas européia como uma perseguição social, contra aqueles que supostamente atentavam contra a ordem e geravam calamidades. Seguindo essa lógica, era "natural" supor que a perseguição teria sido pior quando o poder da igreja era maior, ou seja: antes de a Reforma Protestante dividir a cristandade ocidental em segmentos conflitantes. Nessa visão, embora houvesse ocorrido também julgamentos no começo do período moderno, eles teriam sido poucos se comparados aos supostos horrores medievais. As pesquisas recentes derrubaram essa teoria de forma bastante clara e, ironicamente, descobriu-se que o apogeu da histeria contra as bruxas ocorreu entre 1560 e 1660, pouco depois do surgimento da Reforma Protestante e em parte já no início da celebrada "Idade da Razão" (séculos XVII e XVIII).
A partir de 1970 uma mudança considerável ocorreu no estudo da caça às bruxas européia, com a tentativa de "filtrar" e fato político da perseguição a seitas religiosas. Os historiadores passaram a se deter aos registros históricos dos julgamentos, deixando de lado fontes não oficiais sobre o tema. Essa metodologia trouxe mudanças significativas na visão acadêmica sobre o tema, sugerindo-se agora, por exemplo, que o número de vítimas fatais não seria superior a 100 mil pessoas, enquanto antes, considerando-se os relatos não oficiais, as estimativas escalariam a casa de nove milhões. É, todavia, postulado pela própria academia que na época da Inquisição Espanhola a Igreja perdeu o controle sobre o que veio a se tornar uma verdadeira histeria coletiva, com julgamentos e execuções realizadas à sua revelia por comunidades locais.
Em função desta revisão histórica, passaram a ser postuladas as seguintes ideias chave:
A "Caça às Bruxas" na Europa começou no fim da Idade Média e foi uma questão de seitas e conotação de processo religioso - político e social da Idade Moderna. A situação assumiu tamanha dimensão, também devido às populações sofrerem frequentemente de maus anos agrícolas e de epidemias, resultando elevada taxa de mortalidade, e dominadas pela superstição e pelo medo. A maior parte das vítimas foram julgadas e executadas entre 1580 e 1660. A quantidade de julgamentos e a proporção entre homens e mulheres condenados poderá variar consideravelmente de um local para o outro. Por outro lado, 3/4 do continente europeu não presenciou nem um julgamento sequer. A maioria das vítimas foram julgadas e executadas por tribunais seculares, sendo os tribunais locais, foram de longe os mais intolerantes e cruéis. Por outro lado, as pessoas julgadas em tribunais religiosos recebiam um melhor tratamento, tinham mais chances de poderem ser inocentadas ou de receber punições mais brandas, o que se denominava na época de Comissões da Verdade as inquisições, com base nos Cânones.
O número total de vítimas ficou provavelmente por volta dos 50 mil, e destes, cerca de 25% foram homens. Mulheres estiveram mais presentes que os homens, e também enquanto denunciantes, e não apenas como vítimas.
Estudos recentes apontam que muitas das vítimas da "Caça as Bruxas", bem como de muitos "casos de endemoniados", teriam sido vítimas de uma intoxicação. O agente causador era um fungo denominado Claviceps purpurea, um contaminante comum do centeio e outros cereais. Este fungo biossintetiza uma classe de metabólitos secundários conhecidos como alcalóides da cravagem e, dependendo de suas estruturas químicas, afectavam profundamente o sistema nervoso central. Os camponeses que comeram pão de centeio (o pão das classes mais pobres) contaminado com o fungo, eram envenenados e desenvolveram a doença, atualmente denominada de ergotismo.
Em alguns casos, também verificou-se alegações falsas de prática de "bruxaria" e de estar "possuído pelo demônio", com o fim de se apropriar ilicitamente de bens alheios ou como uma forma de vingança.[21]
Ver também |
- Lista de pessoas executadas por bruxaria
Anna Göldi, a "última bruxa da Europa"- Bruxaria
- Bruxas de Salém
- Família Pappenheimer
Macartismo, a caça aos comunistas nos Estados Unidos da América- Mulher na história
Referências
↑ «CATHOLIC ENCYCLOPEDIA: Witchcraft»
↑ «The Avalon Project : Documents in Law, History and Diplomacy»
↑ "witch" here translates the Hebrew מכשפה, and is rendered φαρμακός in the Septuagint.
↑ Livy. History of Rome, Book XXXIX. [S.l.: s.n.]
↑ Durrant, Jonathan Bryan; Bailey, Michael David (2012). Historical Dictionary of Witchcraft, 2nd ed. [S.l.]: Scarecrow Press, Plymouth, UK. pp. 121–122. ISBN 978-0-8108-7245-5
↑ The Life of Augustus, by Suetonius
↑ Garnsey, Peter; Saller, Richard P. (1987). The Roman Empire: Economy, Society, and Culture. Berkeley and Los Angeles, California: University of California Press. pp. 168–174. ISBN 0-520-06067-9
↑ Suetônio, Vita Augusti, XXXI.
↑ Teodósio, Codex Theodosiamus, 9,16,3.
↑ Ogden, Daniel (2002). Magic, Witchcraft, and Ghosts in the Greek and Roman Worlds: A Sourcebook. Oxford, United Kingdom: Oxford University Press. 283 páginas. ISBN 0-19-513575-X
↑ Behringer, Wolfgang (2004). Witches and Witch-Hunts: A Global History. [S.l.]: Polity Press. pp. 48–50. ISBN 074562717X
↑ Hutton, Ronald. The Pagan Religions of the Ancient British Isles..
↑ "A capitulary of Charlemagne (747–814) for the Saxons in 787 imposed the death penalty on those who, like pagans, believed that a man or woman could be a striga, one who devours humans, and burned them.", Behringer, "Witches and Witch-hunts: a Global History", p. 30 (2004). Wiley-Blackwell
↑ "Likewise, an Irish synod at around 800 condemned the belief in witches, and in particular those who slandered people for being lamias (que interpretatur striga).", Behringer, "Witches and Witch-hunts: a Global History", pp. 30–31 (2004). Wiley-Blackwell.
↑ "A Crown witness of 'Carolingian skepticism', Archbishop Agobard of Lyon (769–840), reports witch panics during the reign of Charlemagne. In his sermon on hailstorms he reports frequent lynchings of supposed weather magicians (tempestarii), as well as of sorcerers, who were made responsible for a terrible livestock mortality in 810. According to Agobard, the common people in their fury over crop failure had developed the extravagant idea that foreigners were secretly coming with airships to strip their fields of crops, and transmit it to Magonia. These anxieties resulted in severe aggression, and on one occasion around 816, Agobard could hardly prevent a crowd from killing three foreign men and women, perceived as Magonian people. As their supposed homeland's name suggests, the crop failure was associated with magic. The bishop emphasized that thunderstorms were caused exclusively by natural or divine agencies.", Behringer, "Witches and Witch-hunts: a Global History", pp. 54–55 (2004). Wiley-Blackwell.
↑ «witch hunts - Bible Apologetics»
"A decree of King Coloman of Hungary (c. 1074–116, r. 1095–1116) against the belief in the existence of strigae (De strigis vero que non sunt, ne ulla questio fiat) suggests that they were thought to be human beings with demonic affiliation: witches.", Behringer, "Witches and Witch-hunts: a Global History", p. 32 (2004). Wiley-Blackwell.
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sem|sobrenome1=
em Authors list (ajuda)
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↑ Wicca: For th of Us - The Burning Times
↑ Recent Developments in Study of The Great European Witch Hunt
↑ Who Burned the Witches?
- Benedict Carpzov, Practica Nova Rerum Criminalium Imperialis Saxonica in Tres Partes Divisão, Wittenberg, 1635.
- Henry Charles Léa, A History of the inquisition of the Middle Ages. Nova Iorque, Happer.
- Recent Developments in the Study of The Great European Witch Hunt[1].
- Who Burned the Witches?[2]