Campos Gerais do Paraná
Os Campos Gerais do Paraná constituem uma região fitogeográfica situada no sul do Brasil a oeste da Escarpa Devoniana do Estado do Paraná denominada “segundo planalto”, que invade ao norte o Estado de São Paulo e ao sul o Estado de Santa Catarina. A região dos Campos Gerais do Paraná foi denominada o "paraíso terrestre do Brasil" pelo naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire em virtude de suas paisagens naturais.[1] É também conhecida como área de influência de Ponta Grossa.[2]
Índice
1 História
2 Terminologia
3 Flora
4 Fauna
5 Municípios
6 Economia
6.1 Turismo
6.1.1 Parques e belezas naturais
6.1.2 Museus
7 Infraestrutura
7.1 Saúde
7.2 Educação
7.3 Transporte
7.3.1 Rodoviário
7.3.2 Aeroviário
7.3.2.1 Aeroportos
7.3.2.2 Teleférico
7.4 Energia
7.4.1 Usinas hidrelétricas
8 Características econômicas
9 Ver também
10 Referências
11 Bibliografia
12 Ligações externas
História |
Antes da chegada dos europeus, o território da região dos Campos Gerais era habitado por povos indígenas da grande nação Tupi.[3]. A ocupação do território da região dos Campos Gerais iniciou-se na primeira década do século XVIII por colonos portugueses que estabeleceram fazendas e sítios.[4] A partir da segunda metade do século XVIII, tropeiros vindos do Estado do Rio Grande do Sul, e que iam para as feiras no Estado de São Paulo passaram pela região.[5] Depois dos tropeiros, imigrantes alemães, holandeses, italianos, japoneses, poloneses, sírio-libaneses e ucranianos estabeleceram-se na região dos Campos Gerais do Paraná e fundaram diversas colônias, entre as quais Carambeí, a Colônia Witmarsum e Prudentópolis.[6][7]
Terminologia |
O termo "campos gerais", usado como unidade de vegetação ou de paisagem, pode ser assumir significados distintos, a depender do autor.[8] Segundo Martius (1824), o termo era aplicado pelos habitantes do interior do Brasil a toda região de campos (em sentido amplo, incluindo savanas), isto é, todas as regiões destituídas de florestas.[9]
Ainda num sentido amplo, o termo pode ser aplicado aos campos limpos e mais elevados de Minas Gerais, Bahia e de quase todo o interior do Brasil.[10] Neste sentido, Rizzini (1997) usou o termo para certos campos limpos do Brasil Central, presentes em Abaeté (MG).[11]
Num sentido mais restrito, Gonzaga de Campos (1912), aplicou o termo "campos gerais" para os campos sub-arbustivos que ficam ao sul do trópico de Capricórnio, da parte meridional de São Paulo até a parte setentrional do Rio Grande do Sul.[10]
Por sua vez, Maack (1947, 1948) definiu a região dos Campos Gerais como uma unidade fitogeográfica compreendendo os campos limpos e campos cerrados naturais situados sobre o Segundo Planalto Paranaense.[12][13][14]
De modo similar, Aroldo de Azevedo (1949) conceituou o "Planalto dos Campos-Gerais" (ou "Segundo Planalto paranaense") como a denominação local da Depressão Periférica do Planalto Meridional. Segundo o mesmo autor, o "Planalto de Guarapuava" (ou "Terceiro Planalto paranaense") é parte do Planalto Arenítico-Basáltico, também uma subunidade do Planalto Meridional.[15]
Enfim, Dantas et al. (2008) chamaram de "Planalto dos Campos Gerais" uma região mais elevada do Planalto Meridional, abrangendo o sudeste de Santa Catarina e a serra Gaúcha no nordeste do Rio Grande do Sul[16] – a qual corresponde, na terminologia de Azevedo (1949), ao "Planalto do Alto Uruguai (ou das Missões)".
Flora |
A vegetação predominante da região dos Campos Gerais do Paraná pertence aos biomas Cerrado e Mata Atlântica, sendo caracterizada por seus campos limpos permeados de matas de galeria e capões esparsos de floresta ombrófila mista onde ocorre a espécie Araucaria angustifolia, árvore símbolo do Paraná.
Segundo Carmo (2006), os campos gerais paranaenses apresentam uma flora de transição entre os campos do Brasil Central e os do Sul.[17]
Fauna |
A fauna da região dos Campos Gerais do Paraná é composta por diversas espécies de peixes, espécies de aves como a curicaca, o pica-pau-do-campo e a seriema e por mamíferos terrestres como o graxaim-do-campo, o tamanduá-bandeira e o veado-campeiro.
Municípios |
Municípios que fazem parte dessa região:
• | Ponta Grossa | • | Castro | • | Palmeira | • | Lapa | |
• | Arapoti | • | Campo do Tenente | • | Cândido de Abreu | • | Ipiranga | |
• | Jaguariaíva | • | Ortigueira | • | Piraí do Sul | • | Porto Amazonas | |
• | Reserva | • | Telêmaco Borba | • | Tibagi | • | Balsa Nova | |
• | Campo Largo (Região Metropolitana de Curitiba) | • | Carambeí | • | Imbaú | • | Ivaí | |
• | Rio Negro | • | São João do Triunfo | • | São José da Boa Vista | • | Teixeira Soares | |
• | Sengés | • | Ventania | • | Imbituva |
Dezenove destes Municípios estão congregados na AMCG (Associação dos Municípios dos Campos Gerais).
Economia |
A economia se apresenta se forma diversificada, destacando os setores madeireiros, metalmecânico e agropecuário. As cidades dos Campos Gerais são recordistas nacionais em vários segmentos do agronegócio. Na região esta instalada a maior e melhor bacia leiteira e o maior produtor de trigo do Brasil.
Turismo |
Principais pontos turísticos da região:
Parques e belezas naturais |
- Área de Proteção Ambiental da Escarpa Devoniana
- Floresta Nacional de Piraí do Sul
- Cânion do Rio Jaguaricatu
- Parque Ecológico Samuel Klabin
- Parque Estadual de Caxambu
- Parque Estadual de Vila Velha
- Parque Estadual do Cerrado
Parque Estadual do Guartelá - Cânion do Guartelá
Parque Estadual do Vale do Codó - Cânion do Rio Jaguariaíva
Parque Nacional dos Campos Gerais - Buraco do Padre
Museus |
Casa da Memória Paraná - Ponta Grossa
Casa Fazenda Cancela - Colônia Witmarsum - Palmeira- Museu Casa do Colono (Parque Municipal Passo do Risseti) - Tibagi
Museu Campos Gerais - Ponta Grossa- Museu Conde Francisco Matarazzo - Jaguariaíva
- Museu de Arqueologia - Ponta Grossa
- Museu do Imigrante Holandês - Arapoti
Museu do Tropeiro - Castro- Museu Histórico Municipal Desembargador Edmundo Mercer Júnior- Tibagi
- Museu Municipal Ricardo Martins Szesz Filho - Piraí do Sul
Parque Histórico de Carambeí - Carambeí
Solar Jesuíno Marcondes - Palmeira
Infraestrutura |
Possui boa infraestrutura de referência, principalmente nas áreas de saúde e educação.
Saúde |
Hospital Regional - Ponta Grossa
- Hospital Regional de Telêmaco Borba
Santa Casa de Misericórdia - Ponta Grossa
Hospital Bom Jesus - Ponta Grossa
Hospital Dr. Feitosa - Telêmaco Borba
Hospital São Camilo - Ponta Grossa
Hospital Municipal Ana Fiorilo Menarim - Castro
Hospital Geral Unimed (HGU) - Ponta Grossa
Hospital Carolina Lupion - Jaguariaíva
Hospital Evangélico - Ponta Grossa
Hospital Luísa Borba Carneiro - Tibagi
Hospital Municipal Dr. Amadeu Puppi - Ponta Grossa
Hospital Municipal 18 de Dezembro - Arapoti
Hospital Vicentino - Ponta Grossa
- Hospital Moura - Telêmaco Borba
Educação |
UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná;
UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa;
IFPR - Instituto Federal do Paraná;
Cescage - Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais;
Secal - Faculdades Santa Amélia;
FATEB - Faculdade de Telêmaco Borba;
ULT - União Latino-Americana de Tecnologia;
FATI - Faculdade Educacional de Arapoti;
INEC-FACASTRO - Instituto Educacional de Castro- Faculdade de Castro;
Iessa-Sant'ana - Instituto Superior de Educação Sant'Ana e Faculdade Sant'Ana;
UNIÃO-PG - Faculdade Educacional de Ponta Grossa;
FASF - Faculdade Sagrada Família;
Transporte |
A região é privilegiada por agregar um dos maiores entroncamentro rodoferroviário do sul do Brasil.
Rodoviário |
Principais rodovias que cortam a região dos Campos Gerais:
BR-376 - Rodovia do Café;
BR-153 - Transbrasiliana;
BR-277;
BR-373;
PR-151;
PR-160- Rodovia do Papel;
Aeroviário |
Aeroportos |
- Aeroporto de Arapoti
- Aeroporto de Castro
- Aeroporto de Ponta Grossa
- Aeroporto de Telêmaco Borba
Teleférico |
- Bonde Aéreo de Telêmaco Borba
Energia |
Usinas hidrelétricas |
Usina Hidrelétrica Mauá - Ortigueira e Telêmaco Borba
Usina Hidrelétrica São Jorge - Ponta Grossa
Características econômicas |
As características econômicas dessa região são:
- População de 1 100 000 habitantes.
- Aproximadamente 1 milhão de hectares de lavouras anuais de milho, soja, trigo, feijão, batata;
- Região com a melhor produtividade de milho no Brasil.
- Um dos maiores pólos esmagadores de soja da América Latina.
- Vasta área de florestas plantadas com fins madeireiros, papeleiros e energéticos.
- Maior produção agropecuária do Paraná, destacada a produção de leite, suínos e aves.
- Reconhecida bacia leiteira de excelência com a maior produção e melhor produtividade de leite do Brasil.
- Produção de 1,07 milhões de litros de leite por dia.
- Produção diversificada com mais de 160 produtos agropecuários.
- Sistema de cooperativas agropecuárias consolidado com faturamento de R$ 1,5 bilhões.
- 18 municípios ricos em cultura, turismo e natureza.
- Comércio desenvolvido e diversificado com condições de atender as demandas da região.
- Setor industrial voltado para o processamento de produtos rurais locais que agregam valor e geram emprego e renda para a região.
Ver também |
- Academia de Letras dos Campos Gerais
- Rota dos Tropeiros
Referências
↑ Monteiro Pereira, Marco Aurélio (2007). «O paraíso terrestre no Brasil: os campos gerais do Paraná no relato de Auguste de Saint-Hilaire». Revista de História Regional Volume 7 N° 1. Ponta Grossa, Paraná. Consultado em 20 de julho de 2017
↑ Dicionário Histórico e Geográfico - UEPG
↑ Notícias: Aconteceu! Os índios dos Campos Gerais. Prefeitura Municipal de Tibagi, 16 de abril de 2010. Consultado em 8 de dezembro de 2018
↑ Dicionário Histórico e Geográfico dos Campos Gerais. UEPG. Consultado em 20 de julho de 2017
↑ Você conhece a história da região dos Campos Gerais?. Diário dos Campos, 28 de abril de 2017. Consultado em 28 de julho de 2017
↑ Paraná: abrigo para mais de 20 etinas. Tribuna do Paraná, 24 de dezembro de 2014. Consultado em 23 de julho de 2017
↑ Imigrantes puros de origem. Gazeta do Povo, 24 de outubro de 2013. Consultado em 23 de julho de 2017
↑ Walter, B. M. T. (2006). Fitofisionomias do bioma Cerrado: síntese terminológica e relações florísticas. Tese de Doutorado, Universidade de Brasília, [1].
↑ Martius, C. F. P. von. (1824). Die Physiognomie des Pflanzenreiches in Brasilien. Eine Rede, gelesen in der am 14. Febr. 1824 gehaltnen Sitzung der Königlichen Bayerischen Akademie der Wissenschaften. München, Lindauer, Brasiliana, Google. [Tradução: "A fisionomia do reino vegetal no Brasil", por E. Niemeyer e C. Stellfeld. Arquivos do Museu Paranaense, v. 3, p. 239-271, 1943, pdf, Google; Boletim Geografico, v. 8, n. 95, p. 1294-1311, 1951, pdf, Google.] [Cf. p. 1305-1307.]
↑ ab Gonzaga de Campos, L.F. (1912). Mappa florestal. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio; Serviço Geológico e Mineralógico; Typ. da Directoria do Serviço de Estatistica, 1912. link. [Acompanha um mapa: Mattas e Campos no Brasil, 1911, link.]
↑ Rizzini, C.T. (1997). Tratado de fitogeografia do Brasil: aspectos ecológicos, sociológicos e florísticos. 2a edição. Rio de Janeiro, Âmbito Cultural, 1997. Volume único, 747 p.
↑ MAACK, Reinhard. Breves Notícias Sobre a Geologia dos Estados do Paraná e Santa Catarina. Braz. arch. biol. technol., Jubilee Volume (1946-2001), pp. 169-288, 2001. Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-89132001000500010&lng=en&nrm=iso>. [Publicado originalmente em Arquivos de Biologia e Tecnologia, v. 2, pp. 63-154, 1947.]
↑ MAACK, R. 1948. Notas preliminares sobre clima, solos e vegetação do Estado do Paraná. Curitiba, Arq. Biol. Tecnol. 3:102-200.
↑ RITTER, Lia Maris Orth; RIBEIRO, Milton Cezar and MORO, Rosemeri Segecin. Composição florística e fitofisionomia de remanescentes disjuntos de Cerrado nos Campos Gerais, PR, Brasil - limite austral do bioma. Biota Neotrop. [online]. 2010, vol.10, n.3 [cited 2017-05-03], pp.379-414. Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-06032010000300034&lng=en&nrm=iso>
↑ AZEVEDO, Aroldo de. O Planalto Brasileiro e o problema da classificação de suas formas de relevo. Boletim Paulista de Geografia, n. 2, p. 43-50, julho de 1949. link. [Ver p. 43-44, 51-53].
↑ DANTAS, M. E.; ARMESTO, R. C. G.; ADAMY, A. "Origem das paisagens". In: SILVA, C. R. (ed.). Geodiversidade do Brasil: conhecer o passado, para entender o presente e prever o futuro. Rio de Janeiro: Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais/Serviço Geológico do Brasil (CPRM/SGB), 2008. p. 33-56. link.
↑ CARMO, Marta Regina Barrotto do. Caracterização fitofisionômica do Parque Estadual do Guartelá, município de Tibagi, Estado do Paraná. 2006. viii, 142 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, 2006. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/100628>.
Bibliografia |
- Behling, H., 1997. Late Quaternary vegetation, climate and fire history in the Araucaria forest and campos region from Serra Campos Gerais, Paraná State (South Brazil). Rev. Palaeobot. Palynol. 97, 109-121., [2].
- Imaguire, N. 1980. Contribuição ao estudo florístico e ecológico da fazenda experimental do setor de ciências agrárias da Universidade Federal do Paraná. Parte 2. O porquê da existência dos campos e matas no primeiro e segundo planaltos paranaenses. Acta Biol. Par. 8/9: 47-72, [3].
- Moro, R.S. (org.). Biogeografia do Cerrado nos Campos Gerais. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2012.
- Moro, R. S.; Carmo, M.R.B. A vegetação campestre nos Campos Gerais. In: Mel, M.S.; Moro, R.S.; Guimarães, G.B. (org.). Patrimônio natural dos Campos Gerais do Paraná. 1ed. Ponta Grossa: Editora da UEPG, 2007, v. 1, p. 93-98. link.
- Ritter, L. M. O. Composição florística e aspectos físicos do cerrado nos Campos Gerais, Paraná. Tese de Doutorado. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Ponta Grossa, Paraná, 2008. link.
- Silva, A.R. et al . Florística e fitossociologia em três diferentes fitofisionomias campestres no Sul do Brasil. Hoehnea, São Paulo, v. 43, n. 3, p. 325-347. link.
Ligações externas |
- AMCG - Associação dos Municípios dos Campos Gerais
- Campos Geraís É Mais
- Campos Gerais Rural
- Site Oficial da ALCG - Academia de Letras dos Campos Gerais