Império Inca





Disambig grey.svg Nota: Para outros significados, veja Inca (desambiguação).






























































































Tawantinsuyu
«As quatro regiões do mundo»

Império Inca
Tahuantinsuyo


Império Pré-Colombiano








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1438 – 1533

Flag of Cross of Burgundy.svg
 
Flag of Cross of Burgundy.svg
 
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Bandeira de Império Inca


Bandeira



Lema nacional
"Ama llulla, ama quella, ama sua"
(Não mentir, não vagar, não roubar)

Localização de Império Inca



Continente

América do Sul

Capital

Cusco
13° 31' S 71° 59' O

Língua oficial

Quíchua

Outros idiomas

Aymara, Puquina, Quingnam, Mochica, Mapudungun, Chacha, Cacán, Caranqui, Pasto, Esmeralda, Sechura, Culli, Chipaya, Uru, Kunza, Canhari.

Religião

Religião Inca

Governo

Império

Sapa Inca

 • 1438-1472

Pachacuti
 • 1472-1493

Túpac Yupanqui
 • 1493-1525

Huayna Capac
 • 1525-1532

Huáscar
 • 1532-1533

Atahualpa

História

 • 1438
Fundação do Tawantinsuyu por Pachacuti
 • 1527
Início da Guerra civil entre Huáscar e Atahualpa
 • 1533

Conquista espanhola

Área
 • 1500
2 000 000 km2

População
 • 1500 est. 14 000 000 
     Dens. pop.
7 hab./km²


Império Inca (Tawantinsuyu em quíchua) foi um Estado criado pela civilização inca, resultado de uma sucessão de civilizações andinas e que se tornou o maior império da América pré-colombiana.[1] A administração política e o centro de forças armadas do império ficavam localizados em Cusco (em quíchua, "Umbigo do Mundo"), no atual Peru. O império surgiu nas terras altas peruanas em algum momento do século XIII. De 1438 até 1533, os incas utilizaram vários métodos, da conquista militar à assimilação pacífica, para incorporar uma grande porção do oeste da América do Sul, centrado na Cordilheira dos Andes, incluindo grande parte do atual Equador e Peru, sul e oeste da Bolívia, noroeste da Argentina, norte do Chile e sul da Colômbia.


O império abrangia diversas nações e mais de 700 idiomas diferentes, sendo o mais falado o quíchua. Outro idioma que se destacava era a língua aimará, de uma das principais etnias componentes, os aimarás. O nome quíchua para o império era Tawantinsuyu,[2] que pode ser traduzido como as quatro regiões ou as quatro regiões unidas. Antes da reforma ortográfica era escrita em espanhol como Tahuantinsuyo. Tawantin é um grupo de quatro partes (tawa significa "quatro", com o sufixo -ntin que nomeia um grupo); Suyu significa "região" ou "província". O império foi dividido em quatro Suyus, cujos cantos faziam fronteira com a capital, Cusco (Qosqo).


Darcy Ribeiro considera esse padrão de organização social, que denomina de "império teocrático do regadio", semelhante aos formados há mais ou menos dois mil anos na região Mesopotâmia ou às civilizações que se desenvolveram na Índia e China mil anos depois e às civilizações Maias e Astecas na Mesoamérica. Segundo Ribeiro, esse tipo de formação imperial caracteriza-se pela tecnologia de irrigação (regadio), desenvolvendo sistemas de engenharia hidráulica, agricultura irrigada (exceção talvez dos Maias que apenas possuíam o domínio do transporte das águas), metalurgia do cobre e bronze, técnicas de construção (com deslocamento e cortes de pedras até hoje desconhecidos), notação numérica (quipos), escrita ideográfica (no caso dos astecas) e técnicas de comunicação.[3] Devido ao seu governo centralizado, a organização social do império inca é frequentemente comparada àquela idealizada por governos socialistas.[4]




Índice






  • 1 História


    • 1.1 Antecedentes e origem


    • 1.2 Reino de Cusco e formação do império


    • 1.3 Expansão


    • 1.4 Guerra civil e conquista espanhola




  • 2 Governo


    • 2.1 Imperadores incas




  • 3 Economia


    • 3.1 Moeda


    • 3.2 Agricultura


    • 3.3 Caça




  • 4 Sociedade


    • 4.1 Infância




  • 5 Cultura


    • 5.1 Religião


      • 5.1.1 Lugares sagrados


      • 5.1.2 Sacrifícios


      • 5.1.3 Festivais


      • 5.1.4 Costumes funerários




    • 5.2 Os quipos


    • 5.3 Medicina


    • 5.4 Música


    • 5.5 Arte e artesanato


    • 5.6 Culinária




  • 6 Ver também


  • 7 Referências


  • 8 Ligações externas





História


Antecedentes e origem



Ver artigo principal: Civilizações andinas

Ver também: Era pré-colombiana



A primeira imagem do Inca na Europa. Pedro Cieza de León. Crónica del Perú, 1553.


Esta cultura já construía pirâmides de até vinte e seis metros de altura e grandes complexos cerimoniais. Parece certo que mais de vinte centros populacionais competiam entre si para produzir a arquitetura mais impressionante. Há provas de que a cultura do "Norte" tinha religião de culto antropomórfico, praticava a agricultura irrigada e o comércio, notadamente troca de algodão plantado por peixe, com povos das planícies.


Por volta de 1800 a.C., este povo deixou a região, possivelmente propagando seus avançados conhecimentos, podendo haver alguma relação com o surgimento da cultura posterior que se estabeleceu no vale do rio Casma. Posteriormente (cerca de 800 a.C.) surge em Chavin de Huantar o embrião do Estado teocrático andino. Do ano 50 até cerca do ano 700 a civilização mochica floresce, e aproximadamente no ano 1000 explode a cultura Tiahuanaco. Os incas, originários das montanhas do Peru, expandiram o seu controle a quase toda região dos Andes. A civilização inca alcançou o seu apogeu no século XV, sob Pachacuti. Entre as suas realizações culturais está a arquitetura, a construção de estradas, pontes e engenhosos sistemas de irrigação.

























80 - Machu Picchu - Juin 2009 - edit.jpgMachu Picchu

Civilização Inca

Sociedade Inca

Idioma

Deuses

Mitologia

Infra-estructura

Culinária

Agricultura

Política Inca

Tawantinsuyu (Império Inca)

Willkapampa

História Inca

Cusco

Expansão

Militarismo Inca


Conquista

Pós-Conquista

Atawallpa Qhapaq

Francisco Pizarro

As primeiras evidências escritas sobre o império incaico são constituídas por crônicas de vários autores europeus (posteriormente existiram cronistas mestiços e indígenas que também recompilaram as histórias dos incas). Estes autores compilaram a história incaica baseando-se nos relatos recolhidos por todo império[5]. Os primeiros cronistas tiveram que enfrentar várias dificuldades para poder traduzir a história incaica, além de se confrontarem com uma visão de mundo totalmente distinta da que estavam acostumados[5]. Isso fez com que existissem várias contradições entre os textos coloniais e um exemplo disso é como foram representadas as cronologias sobre os governantes incas, onde muitas crônicas atribuem a mesma façanha, fatos e episódios em diferentes governos[5].


Sobre as crônicas do império incaico, é importante salientar que certos autores tiveram outros interesses ao escrevê-las. No caso dos cronistas espanhóis, seu interesse foi legitimar a conquista através da história, pois para eles em muitas crônicas se releva que os incas conquistaram o vasto território através inteiramente da violência, portanto não teriam direitos sobre os territórios conquistados. Em outro caso, os cronistas ligados a igreja católica buscaram legitimar a evangelização descrevendo a religião incaica como obra do demônio, os incas como filhos de Noé e buscando identificar os deuses incaicos com as crença bíblica ou com o folclore europeu[5]. Igualmente existiram outros cronistas mestiços e indígenas que também tiveram um interesse de enaltecer o império ou qualquer um dos clãs que estavam relacionados, como o caso do Inca Garcilaso, que mostrou um império inca sem pobreza, riqueza repartida e recursos explorados racionalmente[6].


Os Ayllu e Panaca tinham canções especiais que narravam as suas histórias. Esses cantos eram executadas em determinadas cerimônias frente ao Inca. Esses relatos, em forma de memória coletiva, constituem os primeiros registros históricos reconhecidos nas crônicas[5].


Outro recurso utilizado para registrar a história eram os mantos e tábuas que possuíam pinturas representando acontecimentos históricos. Esses documentos foram guardados em lugar chamado Poquen Cancha. Sabe-se que o Vice-rei Francisco de Toledo enviou ao rei Filipe II de Espanha quatro tecidos que ilustravam a vida dos incas, acrescentando com suas próprias palavras que "os yndios pintores no tenían la curiosidad de los de allá"[5]. Além disso, alguns acontecimentos do passado foram registrados nos Quipo, embora não esteja claro como eles utilizavam esse sistema de cordas e nós para registrar sua história. Existem várias crônicas que descrevem que os Quipo serviam para evocar as façanhas dos governantes[5].


Em geral, no império incaico se recordavam os fatos que pareciam importantes relembrar e não era necessário a precisão. Além disso, os governantes podiam ordenar a exclusão de algum acontecimento que poderiam vir a importuná-los no futuro. María Rostworowski denomina essa característica da história incaica como "amnésia política", que era assumida por todos, porém era recuperada pelos Ayllu e Panaca afetados, sendo este um fator que contribuiu para as futuras contradições na crônicas europeias sobre os incas[5].



Reino de Cusco e formação do império



Ver artigo principal: Curacazgo Inca



O Curacazgo Inca em 1438, de vermelho no mapa.


Um primeiro momento de desenvolvimento da cultura inca ocorreu após a migração para o vale de Cusco, e a fundação da primeira cidade pelo então Sapa Inca Manco Capac. Essa cidade-Estado, que cresceu conforme a expansão das guerras pelo vale, atingiu seu ápice em 1438, quando Viracocha Inca funda o Tawantinsuyu.


O Sapa Inca Pachacuti é quem de fato organizou o reino de Cusco como um império, o chamado Tahuantinsuyu, um sistema federalista que concentrava o centro do governo para os incas, centrados em Cusco, e dividia o poder entre outros quatro governantes de províncias (os chamados Suyus), eram esses: o Chinchasuyu (Norte), o Antisuyu (Leste), o Contisuyu (Oeste) e Collasuyu (Sul).[7] A Pachacuti também é atribuída a construção de Machu Picchu, que teria sido feita para sua família como um retiro de verão [carece de fontes?].


Quando desejava que uma terra fosse anexada ao império, Pachacuti enviava espiões para essas regiões que traziam para ele relatórios sobre as organizações políticas, militares e econômicas. Depois de analisar essas informações o Sapa Inca enviava mensageiros para os dirigentes dessas terras, tentando os convencer pela lógica das vantagens que eles teriam em se juntar ao império, essas vantagens incluíam presentes de luxo, como têxteis de alta qualidade, e promessas de que esses líderes seriam materialmente ricos como nobres e governantes do império. Esse acordo incluía a educação dos filhos desses nobres na capital inca, que recebiam lições sobre a cultura e religião inca, esses filhos podiam depois serem casados com filhas de outros nobres do império, fortalecendo assim as boas relações entre a nobreza imperial.



Expansão




A expansão por Pachacuti.


Os incas tinham um exército muito bem treinado e organizado. Quando conquistavam um lugar, o povo era submetido à tributação pela qual prestavam serviços designados pelos conquistadores. Os incas encorajavam as pessoas a se juntarem ao império e quando isto ocorria eram sempre bem tratadas. Serviços postais eram então estabelecidos por mensageiros (chasquis) que entregavam mensagens oficiais entre as maiores cidades. Notícias também eram veiculadas pelo sistema Chasqui na velocidade de 125 milhas por dia. Os incas também promoviam a mudança de populações conquistadas como parte da criação a "rodovia inca", que foi idealizada para ser usada nas guerras, para o transporte de bens e outros propósitos. Esta troca de populações (manay) acabou promovendo a troca de informações e propagação da cultura inca. Todo o Império Inca foi unido por excelentes estradas e pontes. Sua extensão máxima era de 4.500 km de comprimento por 400 km de largura, o que dava 1,800,000 km² de extensão.


Era parte da tradição os filhos dos imperadores incas liderarem o exército, Túpac Yupanqui filho do Sapa Inca Pachacuti, quando ainda era apenas o filho do Sapa Inca, começou as conquistas para o norte em 1463, conquistas essas que se prosseguiram quando o mesmo subiu ao trono de Sapa Inca em 1471. Sua maior conquista foi o reino de Chimor, o único rival dos Incas na costa do Peru. O império de Túpac dominava todo o norte do atual Equador e Colômbia.


O filho de Túpac, Huayana Capac, adicionou uma pequena parte de terra do norte do moderno Equador e algumas partes do Peru.[8] No auge, o Império Inca incluía o Peru e a Bolívia, a maior parte do Equador, uma grande porção do que seria o Chile. O avanço pelo sul foi interrompido por causa da forte resistência das tribos Mapuches. O império se expandiu também para a Argentina e Colômbia. Contudo, grande parte do Sul do império era uma grande extensão de território despovoado.


O império foi um mosaico de línguas, culturas e povos. Os vários componentes não eram completamente leais, assim como as culturas locais não foram totalmente assimiladas. Essa dominação, somada a obrigação do pagamento de tributos, acabavam por gerar um império com grandes chances de ruir internamente.


O período de máxima expansão do Império Inca ocorreu a partir do ano 1450 quando chegou a cobrir a região andina do Equador ao centro do Chile, com mais de 3000 quilômetros de extensão.


Guerra civil e conquista espanhola



Ver artigos principais: Guerra dos Dois Irmãos, Conquista do Império Inca e Colonização espanhola da América



Imagem retratando o Massacre de Cajamarca, que deixou milhares de nativos mortos




Um dos principais eventos da conquista do Império Inca foi a morte de Atahualpa, o último Sapa Inca, em 29 de agosto de 1533


Os conquistadores espanhóis liderados por Francisco Pizarro e seus irmãos exploraram o sul do Panamá, alcançando as terras incas em 1526. Ficou claro que eles haviam chegado em terras ricas, com grande chance de se achar grandes tesouros, e após mais uma expedição (1529), Pizarro foi a Espanha e recebeu aprovação real para conquistar a região e a transformar em vice-reinado. Este documento foi recebido em detalhes na seguinte citação: "Em julho de 1529, a rainha da Espanha assinou uma carta permitindo a Pizarro conquistar os Incas. Pizarro foi nomeado governador e capitão de todas as conquistas no Peru, ou Nova Castela como a Espanha agora chama as terras".[9]


No momento do retorno de Pizarro para o Peru, em 1532, a guerra entre os dois filhos de Huayana Capac gerando agitação nos territórios recém conquistados - e talvez mais importante, a varíola, que se espalhou pela América Central - tinham enfraquecido o império. Foi lamentável para os Incas que os Espanhóis chegassem bem no meio da guerra civil, alimentado ainda pela doença que precedeu a colonização europeia. Os cavaleiros espanhóis, totalmente blindados, tinham grande superioridade tecnológica sobre as forças incas.


Pizarro não tinha uma grande força ao seu favor: apenas 168 homens, 1 canhão e 27 cavalos. Ele teve que várias vezes se esquivar de confrontos potenciais que poderiam eliminar por completo suas forças. As batalhas pelos Andes foi uma espécie de cerco de guerra onde um grande número de relutantes voluntários eram enviados para esmagar os opositores. Os Espanhóis contavam com melhor tecnologia e técnicas, que se desenvolveram após séculos de guerra contra os mouros na Península Ibérica. Além da superioridade tática e material, ainda acabaram adquirindo vários aliados entre os nativos que queriam ver o fim do domínio Inca sobre seus territórios.


O primeiro confronto foi a Batalha de Puna, perto da atual Guayaquil, na costa do oceano Pacífico. Em seguida, Pizarro fundou a cidade de Piura, em julho de 1532. Hernando de Soto foi enviado para explorar o interior da ilha, e retornou com um convite para conhecer o Sapa Inca, Atahualpa, que derrotou seu irmão na guerra civil e estava descansando em Cajamarca com seu exército de 80.000 homens.


Pizarro e alguns homens, mais notavelmente um frade com o nome de Vicente de Valverde, se reuniram com o inca, que tinha trazido apenas uma pequena comitiva. Por meio de um intérprete, frei Vicente leu o "requerimento", que exigia que o Sapa Inca e o império deviam aceitar o jugo do rei Carlos I de Espanha e se converter ao cristianismo. Devido à barreira linguística, e talvez, a má interpretação, Atahualpa ficou um pouco intrigado com a descrição do frade da fé cristã e foi dito que não tinha entendido completamente a intenção do enviado. Depois de mais uma frustrada tentativa de Atahualpa entender a fé cristã, os espanhóis ficaram impacientes e irritados e atacaram a comitiva (ver Batalha de Cajamarca) e capturaram Atahualpa como prisioneiro.


Atahualpa ofereceu aos espanhóis ouro suficiente para encher a sala em que ele foi preso, e duas vezes a mesma quantidade de prata. O inca satisfizera esse resgate, mas Pizarro alucinado, recusando-se depois a libertar o inca. Durante a prisão de Atahualpa, Huascar foi assassinado noutro local. Os espanhóis mantiveram isso como se fosse ordens do próprio Atahualpa, o que foi utilizado como uma das acusações contra Atahualpa quando os espanhóis finalmente decidiram condená-lo à morte, em agosto de 1533.


Governo


Imperadores incas





Atahualpa, o último Imperador Inca.


O primeiro imperador Inca foi Manco Capac, que reinou por volta do ano 1200. Os detalhes de vários dos primeiros imperadores foram perdidos durante a invasão espanhola.




  • Manco Capac (Manku Qhapaq, 1100-?)


  • Sinchi Roca (Sinchiroca, Séc. XII)


  • Lloque Yupanqui (Lluqi Yupanki, Séc. XIII)


  • Maita Capac ( Mayta Qhapaq, Séc. XIII)


  • Cápac Yupanqui (Qhapaq Yupanki, Séc. XIII)


  • Inca Roca (Inca Ruca, Séc. XIV)


  • Yahuar Huacac (Yawar Waqaq, Séc. XIV)


  • Viracocha Inca (Wiraqucha Inka, Séc. XV)


  • Pachacuti (Pachakutiq Inka Yupanki, Pachacutic Inca Yupanqui, 1438 – 1471)


  • Túpac Yupanqui (Tupaq Inka Yupanki, Topa Inca Yupanqui, 1471 – 1493)


  • Huayna Capac (Wayna Qhapaq, 1493 – 1527)


  • Huáscar (Waskhar, 1527 – 1532)


  • Atahualpa (Ataw Wallpa, 1532 – 1533)


  • Tupac Hualpa (Topa Huallpa, 1533 – 1535), imperador-fantoche instalado pelos espanhóis





Panorama da fortaleza Sacsayhuaman com a cidade de Cusco ao fundo. Cusco era a capital do antigo Império Inca, até ser tomada pelo Império Espanhol.



Economia




O sistema de gerenciamento de estado da economia do Império Inca.


O Império Inca tinha uma organização econômica de caráter próximo ao modo de produção asiático, na qual todos os níveis da sociedade pagavam tributos ao imperador, conhecido como O inca. O inca era divinizado sendo carregado em liteiras com grande pompa e estilo. Usava roupas, cocares e adornos especiais que demonstravam sua superioridade e poder. Ele reivindicava seu poder dizendo-se descendente de deuses (origem divina do poder real). Abaixo do inca havia quatro principais classes de cidadãos.


A primeira era a família real, nobres, líderes militares e líderes religiosos. Estas pessoas controlavam o Império Inca e muitos viviam em Cusco. A seguir, estavam os governadores das quatro províncias em que o Império Inca era dividido. Eles tinham muito poder pois organizavam as tropas, coletavam os tributos cabendo-lhes impor a lei e estabelecer a ordem. Abaixo dos governadores estavam os oficiais militares locais, responsáveis pelos julgamentos menos importantes e a resolução de pequenas disputas podendo inclusive atribuir castigos. Mais abaixo estavam os camponeses que eram a maioria da população.


Entre os camponeses, a estrutura básica da organização territorial era o ayllu. O ayllu era uma comunidade aldeã composta por diversas famílias cujos membros consideravam possuir um antepassado comum (real ou fictício). A cada ayllu correspondia um determinado território. O kuraca era o chefe do ayllu. Cabia-lhe a distribuição das terras pelos membros da comunidade aptos para o trabalho.


Havia três ordens de trabalhos agrícolas:



  • Realizados em benefício do Inca e da família real;

  • Destinados à subsistência da família, realizados no pedaço de terra que lhe cabia;

  • Realizados no seio da comunidade aldeã, para responder às necessidades dos mais desfavorecidos.


De fato, o sistema de ajuda entre as famílias estava muito desenvolvido. Para além das terras colectivas, havia reservas destinadas a minorar as carências em tempos de fome ou a serem usadas sempre que a aldeia era visitada por uma delegação do inca.


Outro dos deveres de cada membro da comunidade consistia em colaborar nos trabalhos colectivos, como por exemplo a manutenção dos canais de irrigação.


Os nobres foram chamados pelos espanhóis de "orelhões", devido à impressão que tiveram de suas enormes orelhas, aumentadas pelos grandes pendentes que usavam. Os "orelhões" eram educados em escolas especiais durante quatro anos. Eles estudavam a língua quíchua, religião, quipos, história, geometria, geografia e astronomia. Ao terminar os estudos, eles se graduavam em uma cerimônia solene, onde demonstravam sua preparação passando em algumas provas.


Eles se vestiam de branco e se reuniam na praça de Cusco. Todos os candidatos tinham o cabelo cortado e levavam na cabeça um llauto (uma espécie de turbante) negro com plumas. Depois de rezarem ao sol, lua e ao trovão, eles subiam a colina de Huanacaui, onde ficavam em jejum, participavam de competições e dançavam.





Machu Picchu.


Mais tarde, o Inca lhes entregava umas calças justas, um diadema de plumas e um peitoral de metal. Finalmente ele perfurava a orelha de cada um pessoalmente com uma agulha de ouro, para que pudessem usar seus pendentes característicos, próprios de sua categoria.


Os "orelhões" tinham vários privilégios, entre eles a posse de terras e a poligamia. Eles recebiam presentes do monarca, tais como mulheres, lhamas, objetos preciosos, permissão para usar liteiras ou trono.


Eles constituíam os funcionários do império. Em primeiro lugar estavam os quatro apu, ou administradores das quatro partes do império que assessoravam diretamente o imperador. Abaixo deles estavam os tucricues, ou governadores das províncias que residiam em suas capitais, e eram periodicamente inspecionadas.


Os incas incumbiam os dominados do trabalho que cada um deveria executar, o quanto e qual terra poderiam cultivar e quão longe poderiam viajar. Depois de se adaptar a tais regras, eram bem vistos pelos dominadores.


Se um inca era acusado de furto mas isto não era provado, o próprio oficial local incumbido de manter a ordem era punido por não fazer seu trabalho corretamente.


Inválidos e incapazes eram auxiliados a prover sua subsistência com trabalho. Às mulheres casadas eram distribuídas meadas de lã para confecção de roupas.


Todos os incas eram obrigados a trabalhar para o império e para os seus deuses domésticos (mita).


Os incas não tinham liberdade de viajar e os filhos sempre tinham de seguir o ofício dos pais. O Império Inca foi dividido em quatro partes. Todas as atividades dos habitantes eram supervisionadas pelos funcionários do império.


Moeda


Os incas não usavam dinheiro propriamente dito. Eles faziam trocas ou escambos nos quais mercadorias eram trocadas por outras e mesmo o trabalho era remunerado com mercadorias e comida. Serviam como moedas sementes de cacau e também conchas coloridas, que eram consideradas de grande valor.


Agricultura


No apogeu de civilização inca, por volta de 1400, a agricultura organizada espalhou-se por todo o império, desde a Colômbia até o Chile, com o cultivo de grãos comestíveis da planície litorânea do oceano Pacífico, passando pelos altiplanos andinos e adentrando na planície amazônica oriental.


Calcula-se que os incas cultivavam cerca de setecentas espécies vegetais. A chave do sucesso da agricultura inca era a existência de estradas e trilhas que possibilitavam uma boa distribuição das colheitas numa vasta região.


As principais culturas vegetais eram as batatas (semilha), batatas doce (batatas), milho, pimentas, algodão, tomates, amendoim, mandioca, e um grão conhecido como quinua.


O plantio era feito em terraços e já usavam a adiantada técnica das curvas de nível sendo os primeiros a usar o sistema de irrigação.


Os incas usavam varas afiadas e arados para revolver o solo, e usavam também a lhama para transporte das colheitas, embora tais animais fornecessem também lã para fazer tecidos, mantas e cordas, couro e carne.


Ervas aromáticas e medicinais também eram plantadas e as folhas de coca, eram reservadas para a elite. Toda a produção agrícola era fiscalizada pelos funcionários do império.





Panorama dos terraços agrícolas de Písac, no Vale Sagrado dos Incas, Peru.




Caça


Os incas usavam o arco e flechas e zarabatanas para caçar animais como cervos, aves e peixes que lhes forneciam carne, couro e plumas que usavam em seus tecidos. A caça era coletiva e o método mais usual era de formar um grande círculo que ia se fechando sobre um centro para onde iam os animais.


Sociedade




A "pedra de doze ângulos", localizada uma construção Inca em Cusco, é um exemplo clássico da tecnologia inca


Em Cusco em 1589, Mancio Serra de Leguisamo – o último sobrevivente dos primeiros conquistadores do Peru – escreveu no preâmbulo de seu testamento o seguinte, em partes:


Encontramos esses reinos em tal bom estado, e os Incas os governavam de maneira tão sabia, que entre eles não havia um ladrão ou um viciado, não havia uma adúltera, ou sequer uma mulher má admitida entre eles, não havia tampouco pessoas imorais. Os homens tinham ocupações honestas e úteis. As terras, florestas, minas, pastos, casas e todos os tipos de produtos eram controlados e distribuídos de tal forma que cada um sabia o que lhe pertencia, sem que outro tomasse ou ocupasse algo alheio, ou fizesse queixas a respeito… o motivo que me obriga a fazer estas declarações é a libertação da minha consciência, visto que me considero culpado. Pois destruímos, com nosso mal exemplo, as pessoas que tinham tal governo como o que era desfrutado por esses nativos. Eram tão livres do cometimento de crimes ou excessos, tanto os homens quanto as mulheres, que o índio que tinha 100 000 pesos em ouro e prata em sua casa a deixava aberta, meramente deixando uma pequena vara contra a porta, como sinal de que seu mestre estava fora. Com isso, de acordo com seus costumes, ninguém poderia entrar ou levar algo que estivesse ali. Quando viram que colocávamos cadeados e chaves em nossas portas, supuseram que fosse por medo deles, para que eles não nos matassem, mas não porque acreditassem que alguém poderia roubar a propriedade de outro. Assim, quando descobriram que havia ladrões entre nós, e homens que buscavam fazer as suas filhas cometerem pecados, nos desprezaram.[10]



Infância


A infância de um inca pode parecer severa para os padrões atuais. Ao nascer, os incas lavavam o bebê com água fria e o embrulhavam numa manta e o colocavam em uma cova feita no chão. Quando a criança alcançava um ano de idade, se esperava que andasse ou ao menos engatinhasse sem qualquer ajuda. Aos dois anos de idade, as crianças eram submetidas a ritual no qual se lhes cortavam os cabelos, determinando assim o fim da infância. Desde então, os pais esperavam que os filhos ajudassem em tarefas ao redor da casa. A partir daí as crianças eram severamente castigadas quando se portavam mal. Aos quatorze anos os meninos eram vestidos com uma tanga sendo então declarados adultos. Os meninos mais pobres eram submetidos a vários testes de resistência e de conhecimento, ao fim dos quais lhes eram atribuídos adornos (brincos) coloridos e armas. As cores dos brincos determinavam o lugar hierárquico que ocupariam na sociedade.






Panorama de Machu Picchu, uma antiga cidade inca em meio aos Andes peruanos



Cultura



Religião





Machu Picchu.




Ruínas de Ingapirca, no Equador, na província de Cañar.


Os Incas eram extremamente religiosos e viam o Sol e a Lua como entidades divinas às quais suplicavam suas bênçãos, fosse para melhores colheitas, fosse para o êxito em combates com grupos rivais. O deus Sol (Inti) era o deus masculino e acreditavam que o Rei descendia dele. Atribuíam ao deus Sol qualidades espirituais, transmitidas à mente pela mastigação da folha de coca, daí as profecias que justificaram a criação de templos sagrados construídos nas encostas íngremes das montanhas andinas.[11]


Os incas construíram diversos tipos de casas consagradas às suas divindades. Alguns dos mais famosos são o Templo do Sol em Cusco, o templo de Vilkike, o templo do Aconcágua (a montanha mais alta da América do Sul) e o Templo do Sol no Lago Titicaca. O Templo do Sol, em Cusco, foi construído com pedras encaixadas de forma fascinante. Esta construção tinha uma circunferência de mais de 360 metros. Dentro do templo havia uma grande imagem do sol. Em algumas partes do templo havia incrustações douradas representando espigas de milho, lhamas e punhados de terra. Porções das terras incas eram dedicadas ao deus do sol e administradas por sacerdotes.


Os sumo-sacerdotes eram chamados Huillca-Humu, viviam uma vida reclusa e monástica e profetizavam utilizando uma planta sagrada chamada huillca ou vilca [1] (Acácia cebil) com a qual preparavam uma chicha de propriedades enteógenas que era bebida na "Festa do Sol", Inti Raymi. A palavra quíchua Huillca significa, simplesmente, algo "santo", "sagrado".


Lugares sagrados


A religião era politeísta, constituída de forças do bem e do mal. O bem era representado por tudo aquilo que era importante para o homem como a chuva e a luz do Sol, e o mal, por forças negativas, como a seca e a guerra.


Os huacas, ou lugares sagrados, estavam espalhados pelo território inca. Huacas eram entidades divinas que viviam em objetos naturais como montanhas, rochas e riachos. Líderes espirituais de uma comunidade usavam rezas e oferendas para se comunicar com um huaca para pedir conselho ou ajuda.



Sacrifícios


Os incas ofereciam sacrifícios tanto humanos, chamado de Capacocha, como de animais nas ocasiões mais importantes, maioria das vezes em rituais ao nascer do Sol. Grandes ocasiões, como nas sucessões imperiais, exigiam grandes sacrifícios que poderiam incluir até duzentas crianças. Não raro as mulheres a serviço dos templos eram sacrificadas, mas a maioria das vezes os sacrifícios humanos eram impostos a grupos recentemente conquistados ou derrotados em guerra, como tributo à dominação. As vítimas sacrificiais deviam ser fisicamente íntegras, sem marcas ou lesões e preferencialmente jovens e belas.


De acordo com uma lenda, uma menina de dez anos de idade chamada Tanta Carhua foi escolhida pelo seu pai para ser sacrificada ao imperador inca. A criança, supostamente perfeita fisicamente, foi enviada a Cusco onde foi recebida com festas e honrarias para homenagear-lhe a coragem e depois foi enterrada viva em uma tumba nas montanhas andinas. Esta lenda prescreve que as vítimas sacrificiais deveriam ser perfeitas, e que havia grande honra em conhecerem e serem escolhidas pelo imperador, tornando-se, depois da morte, espíritos com caráter divino que passariam a oficiar junto aos sacerdotes. Antes do sacrifício, os sacerdotes adornavam ricamente as vítimas e davam a ela uma bebida chamada chicha, que é um fermentado de milho, até hoje apreciada.


Muitos dos sacrifícios eram realizadas no cume de montanhas[12]. Hoje existem arqueólogos especializados em escavar nestes ambientes. Em 1999 uma expedição liderada pela National Geographic escavou o que é ainda hoje o sítio arqueológico mais alto do mundo numa altitude acima dos 6700 metros no Vulcão Llullaillaco de onde retiraram 3 crianças, chamadas de niños del Llullaillaco, em perfeito estado de conservação[13].


Festivais


Os incas tinham um calendário de trinta dias, no qual cada mês tinha o seu próprio festival.


Os meses e celebrações do calendário são os seguintes:






































































Mês Gregoriano
Mês Inca
Tradução
Janeiro Huchuy Pacoy Pequena colheita
Fevereiro Hatun Pocoy Grande colheita
Março Pawqar Waraq Ramo de flores
Abril Ayriwa Dança do milho jovem
Maio Aymuray Canção da colheita
Junho Inti Raymi Festival do Sol
Julho Anta Situwa Purificação terrena
Agosto Qapaq Situwa Sacrifício de purificação geral
Setembro Qaya Raymi Festival da rainha
Outubro Uma Raymi Festival da água
Novembro Ayamarqa Procissão dos mortos
Dezembro Qapaq Raymi Festival magnífico



Costumes funerários


Os incas acreditavam na reencarnação. Aqueles que obedeciam à regra, ama sua, ama llulla, ama chella (não roube, não minta e não seja preguiçoso), quando morressem iriam viver ao calor do sol enquanto os desobedientes passariam os dias eternamente na terra fria.


Os incas também praticavam o processo de mumificação, especialmente das pessoas falecidas mais proeminentes. Junto às múmias era enterrado uma grande quantidade de objetos do gosto ou utilidade do morto. De suas sepulturas, acreditavam, as múmias mallqui poderiam conversar com ancestrais ou outros espíritos huacas daquela região. As múmias, por vezes eram chamadas a testemunhar fatos importantes e presidir a vários rituais e celebrações. Normalmente o defunto era enterrado em posição fetal.[14]


Os quipos



Ver artigo principal: Quipo

Se bem que o império fosse muito centralizado e extremamente estruturado – e até, pode dizer-se, burocrático –, não havia um sistema de escrita. Para gerir o império eram utilizados os quipos (ou quipus), cordões de lã ou outro material onde eram codificadas mensagens.


Destinavam-se os quipos a manterem estatísticas permanentemente actualizadas. Regularmente procedia-se a recenseamentos da população extremamente completos (por exemplo, número de habitantes por idade e sexo). Registava-se ainda o número de cabeças de gado, os tributos pagos por outros povos ou a eles devidos, os movimentos de entrada e saída de mercadorias dos armazéns estatais, etc. Mediante os registos procurava-se equilibrar a oferta e a procura, numa tentativa de planificação da economia.


Mais concretamente, o quipo é constituído por um cordão a que se ligam cordões menores de diferentes cores, tanto paralelamente como partindo de um ponto comum. Os números eram dados pelos nós e as significações pelas cores.


Os nós das extremidades inferiores representam as unidades. Acima ficam as dezenas, mais acima as centenas e, por último, os milhares e as dezenas de milhar. Saliente-se que, para além de utilizarem o sistema decimal, os incas conceberam o equivalente do zero: um intervalo maior entre os nós, ou seja, um sítio vazio. Ignora-se o significado dos nós complexos, porventura reservados aos múltiplos.


Quanto às cores, indicavam os significados ou qualidades. Mas como o número de cores e seus matizes é limitado, muito inferior ao número de objectos a recensear, o significado das cores variava de acordo com a significação geral do quipo. Era pois necessário conhecer a significação geral do quipo para se poder interpretá-lo. Por exemplo: o amarelo referia-se ao ouro nas estatísticas referentes aos despojos de guerra e ao milho nas referentes à produção agrícola.


A fim de facilitar a leitura, as pessoas e coisas eram dispostas de acordo com uma hierarquia definida. Assim, nos quipos demográficos, os homens ocupavam o primeiro lugar, seguidos das mulheres e, por fim, das crianças. Nos recenseamentos de armas a ordem era a seguinte: lanças, flechas, arcos, zagaias, clavas, achas e fundas.


A ausência de cordão secundário ao longo do principal, assim como a falta de uma cor, possuía determinado significado, exactamente como acontecia com a ausência de nó no cordão (zero).


Os intérpretes dos quipus, os quipucamayucs (ou seja, "guardiães dos quipos"), possuíam uma excelente memória, cuja fidelidade era assegurada por um processo radical: qualquer erro ou omissão era punido com a pena de morte. Cada quipucamayuc especializava-se na leitura de determinada categoria de cordões: religiosos, militares, económicos, demográficos, etc. Cabia-lhes igualmente instruir os seus filhos, para que estes mais tarde lhes sucedessem.


Para melhor fixar as narrativas, o quipucamayuc cantava-as, como uma melopéia.


Os quipos serviam ainda para o registo de factos históricos e ritos mágicos. No entanto, ao contrário dos estatísticos, estes quipus ainda não foram decifrados.


Medicina




Cirurgia Inca. Observa-se o crescimento do tecido ósseo em volta do corte, indicando a sobrevida do paciente


Os médicos historiadores Lyons e Petrucelli [15] descrevem as culturas pré-colombianas como sistemas de intrincadas misturas de religião, magia e empirismo semelhantes ao das sociedades arcaicas. A medicina Inca conhecida por suas sobrevivências e relatos de cronistas, reuniu pelo menos 1.400 espécies de vegetais (Pamo-Reyna), técnicas cirúrgicas e especializações médicas os hampi-camayok e oquetlupcuc ou sirac (donos de medicamentos e cirurgiões) Thorwald,[16]


Os incas fizeram muitas descobertas farmacológicas. Usavam a "quina" (Cinchona L.) no tratamento da febre, posteriormente utilizada, com grande sucesso, contra a malária importada com a colonização [17]. As folhas da coca eram usadas de modo geral como analgésicos, e para diminuir a fome, embora os mensageiros Chasqui as usassem para obter energia extra. Outra terapia comum e eficiente era o banho de ferimentos com uma cocção de casca de pimenteiras ainda morna.


Entre as práticas médicas dessa civilização que ainda intrigam os pesquisadores está o procedimento cirúrgico conhecido como trepanação realizado com mais freqüência em homens adultos, (provavelmente para tratar os ferimentos sofridos durante o combate). Ainda hoje, procedimento similar é realizado para aliviar a pressão causada pelo acúmulo de fluidos após trauma craniano grave. Há evidências que as técnicas cirúrgicas foram padronizadas e aperfeiçoadas ao longo do tempo, face ao fato de que os crânios mais antigos não mostram nenhum sinal da consolidação óssea após a operação – o que sugere que o procedimento foi provavelmente fatal –, ao contrário dos encontrados mais recentemente, cujas taxas de sobrevivência se aproximaram de 90% e com níveis de infecção muito baixos, segundo pesquisadores.[18][19]



Música


Os incas tocavam música em tambores e instrumentos de sopro que incluem as flautas, flauta de pan, quena e trombetas feitas de conchas marinhas ou de cerâmica de concreto.


Arte e artesanato


Os incas produziam artefatos destinados ao uso diário ornados com imagens e detalhes de deuses. Era comum na cultura inca o uso de formas geométricas abstratas e representação de animais altamente estilizados no feitio de cerâmicas, esculturas de madeira, tecidos e objetos de metal. Eles produziam belos objetos de ouro e as mulheres produziam tecidos finos com desenhos surpreendentes.



Culinária


A comida inca consistia principalmente de vegetais, pães, bolos, mingaus de cereais (notadamente de milho ou aveia), e carne (assados ou guisados), comumente de caititus (porcos selvagens) e de lhama. Apesar da dieta dos incas ser muito variada, havia muitas diferenças entre os alimentos consumidos pelos diversos setores da sociedade.


A maior parte da população só comia duas refeições por dia. O prato comum dos Andes era o chuño, ou farinha de batata desidratada. Adicionava-se água, pimentão ou pimenta, e sal para então servir. Eles também preparavam o locro com carne seca ou cozida, com muito pimentão, pimenta, batatas e feijão. Eles comiam ainda grandes quantidades de frutas, como a pêra picada ou o tarwi. O milho era bastante consumido e era preparado fervido ou torrado.


Os nobres e a família real se alimentavam muito melhor do que a população: na mesa do imperador não podia faltar carne, que era escassa para a população, além disso, ele comia carne de lhama, de vicunha, patos selvagens, perdizes da puna, rãs, caracóis e peixe.


A refeição começava com frutas. Depois vinham as iguarias, apresentadas sobre uma esteira de juncos trançados eram estendidos no solo. O Inca se acomodava em seu assento de madeira, coberto com uma tela fina de lã e indicava o que lhe agradava. Daí, uma das mulheres de seu séquito o servia em um prato de barro ou de metal precioso, que segurava entre suas mãos enquanto o Inca comia. As sobras e tudo que o Inca havia tocado, devia ser guardado em um cofre e queimado logo depois, dispersando as cinzas.



Ver também




O Commons possui uma categoria contendo imagens e outros ficheiros sobre Império Inca



  • Civilização Inca

  • História do Peru

  • Vale Sagrado dos Incas

  • Machu Picchu

  • Civilização de Nazca

  • Civilização Tiahuanaco



Referências




  1. Terence D'Altroy, Os Incas, pp. 2–3. 2-3.


  2. Tawantin Suyu deriva do quíchua "tawa" (quatro), a que o sufixo "-ntin" (em conjunto ou unida) é adicionado, seguido por "Suyu" (região ou província), o que torna praticamente como "Os quatro terrenos juntos ". The four suyos were: Chinchay Suyo (North), Anti Suyo (East. The Amazon jungle), Colla Suyo (South) and Conti Suyo (West). Os quatro suyos foram: Chinchay Suyo (Norte), Anti Suyo (East. A selva amazônica), Colla Suyo (Sul) e Conti Suyo (Oeste).


  3. Ribeiro, Darcy. O processo civilizatório. RJ, Civilização Brasileira, 1975


  4. Baudin, Louis. El imperio socialista de los incas.. Argentina, Editorial Los Incas, 1970


  5. abcdefgh Rostworowski Tovar, María (2010). «1.La historia de los incas». Incas. Col: Biblioteca Imprescindibles Peruanos (em Español). Peru: Empresa Editora El Comercio S.A. - Producciones Cantabria S.A.C. pp. 17–25. ISBN 978-612-4069-47-5  |acessodata= requer |url= (ajuda) !CS1 manut: Língua não reconhecida (link)


  6. Rostworowski Tovar, María (2010). «2. La ocupación del Cusco». Incas. Col: Biblioteca Imprescindibles Peruanos (em Español). Perú: Empresa Editora El Comercio S.A. - Producciones Cantabria S.A.C. pp. 26–35. ISBN 978-612-4069-47-5  |acessodata= requer |url= (ajuda) !CS1 manut: Língua não reconhecida (link)


  7. As três leis de Tawantinsuyu ainda são referidos na Bolívia estes dias, como as três leis do Collasuyo.


  8. The Incas and their Ancestors


  9. Somervill,Barbara; Francisco Pizarro: Conquerer of the Incas Published by Compass Point Books, 2005; pp.52


  10. MARKHAM, Clements Robert: The Incas of Peru (Os Incas do Peru), 1. ed. – New York, E.P. Dutton and Company, 1910.


  11. BLAINEY, Geofrey: Uma breve história do mundo, 2. ed. - São Paulo, Fundamento Educacional, 2008.


  12. Hauck, Pedro (20 de fevereiro de 2015). «Antes dos Primeiros: O montanhismo dos Incas». AltaMontanha. Consultado em 20 de fevereiro de 2015 


  13. Hauck, Pedro (25 de novembro de 2014). «Escalando o Llullaillaco, a montanha sagrada dos Incas». AltaMontanha. Consultado em 20 de fevereiro de 2016 


  14. ANDRIEN, Kenneth. Andean Worlds (Mundos Andinos). 2001.


  15. Lyons, Albert S,; Petrucelli, Joseph. História da medicina.. SP, Manole, 1997


  16. Thorwald, Jürgen. O segredos dos médicos antigos. SP, Melhoramentos, 1990


  17. FRANCA, Tanos C. C.; SANTOS, Marta G. dos; FIGUEROA-VILLAR, José D.. Malária: aspectos históricos e quimioterapia. Quím. Nova, São Paulo , v. 31, n. 5, p. 1271-1278, 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422008000500060&lng=en&nrm=iso>. access on 10 Dec. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-40422008000500060.


  18. NORRIS, Scott. Inca Skull Surgeons Were "Highly Skilled," Study Finds. National Geographic News, May 12, 2008 Jan. 2011


  19. PARR, Nicolette. Trephination. in: Intentional cultural modifications to the skeleton UF Florida Arquivado em 7 de setembro de 2011, no Wayback Machine. Jan. 2011



Ligações externas




  • Tupac Amaru (em português) , a vida, a época e a execução do último Inca.


  • Machu Picchu, galeria de fotografias (em português)


  • Felipe Guaman Poma de Ayala: (em inglês) El primer nueva corónica y buen gobierno (1615/1616)


  • Garcilaso Inca de La Vega: (em castelhano) Comentarios Reales de los Incas

  • Canseco, María R. D. History of the Inca realm. UK, Cambridge University Press, 1999 Disponível no Google Books Jun, 2011 (en)




























  • Portal da história



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