Francisco de Goya
Nota: Para outras acepções para "Goya", veja Goya (desambiguação).
Francisco de Goya y Lucientes | |
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Retrato feito por Vicente López Portaña em 1826. | |
Nascimento | 30 de março de 1746 Espanha, Fuendetodos |
Morte | 15 de abril de 1828 (82 anos) França, Bordéus |
Nacionalidade | Espanhol |
Ocupação | Pintor, gravador |
Movimento estético | Neoclassicismo, Romantismo |
Assinatura | |
Francisco José de Goya y Lucientes (Fuendetodos, 30 de março de 1746 — Bordéus, 15 ou 16 de abril de 1828) foi um pintor e gravador espanhol.
Índice
1 Os primeiros anos
2 O reconhecimento
3 A doença
4 Os últimos anos
5 Obras
6 Filmes
7 Referências
8 Bibliografia
9 Ligações externas
Os primeiros anos |
Goya nasceu em Fuendetodos, Aragão, Espanha, no dia 30 de março de 1746, filho de José Benito de Goya y Franque e de Gracia y Lucientes Salvador. Passou sua infância em Fuendetodos, onde sua família morava em uma casa com o brasão da família de sua mãe. O pai ganhava a vida como dourador. Em 1749, a família comprou uma casa na cidade de Saragoça e alguns anos mais tarde mudou-se para lá. Goya frequentou a Escuelas Pias, onde fez uma estreita amizade com Martin Zapater, sendo sua correspondência ao longo dos anos considerada uma valiosa fonte para as biografias de Goya. Aos 14 anos, entrou para a aprendizagem com o pintor Don José Luzán y Martinez. Como era costume na época, começou fazendo cópias de pinturas de vários mestres.
Aos dezessete anos, transferiu-se para Madrid, onde estudou com Anton Raphael Mengs, um pintor que era popular na realeza espanhola. Entrou em choque com seu mestre e seus exames foram insatisfatórios. Tentou por duas vezes, uma em 1763 e outra em 1766, entrar para a Academia de Belas Artes, sendo rejeitado em ambas as tentativas. Os biógrafos atribuem a Goya todo o tipo de aventuras nos anos que se seguiram, como a de ter se tornado toureiro em Roma e ter se envolvido em inúmeras aventuras amorosas.
No final de 1771, inscreveu-se em concurso da Academia de Belas Artes de Parma, recebendo uma menção honrosa e sua primeira encomenda: o afresco na Igreja Nossa Senhora do Pilar, em Saragoça. A partir daí, seguiram-se encomendas para o Palácio de Sobradiel e o Monastério Aula Dei. Entre os anos de 1773 e 1774 foram executadas, provavelmente, as últimas pinturas desse período em que esteve em Saragoça.
Goya se casou com Josefa Bayeu, irmã dos artistas Francisco e Ramon Bayeu. Enquanto esteve em Madrid, trabalhou para várias fábricas, fazendo desenhos para tapeçarias. São desse período os desenhos que ganharam fama, com reprodução de cenas folclóricas e de paisagens. Contudo, ele não era um artista interessado em paisagens e o fundo de suas obras mostra o pouco interesse que ele tinha por elas.
O reconhecimento |
Depois de estabelecido em Madrid, começou a pintar retratos. O mais antigo que se conhece data de 1774, sendo que no ano de 1778 fez nada menos do que quatorze retratos.
No ano de 1780, entrou para a Academia de San Fernando e apresentou a obra "La Crucificada". Nessa pintura, Goya seguiu as regras acadêmicas, provando que era um mestre do estilo convencional. Em 1785, começou a receber encomendas da aristocracia. A primeira encomenda foi para o "Festival Folclórico" do dia de Santo Isidoro. No mesmo ano, executou o primeiro retrato de um membro da nobreza, a Duquesa de Osuna. Em 25 de abril de 1785, depois da morte de Carlos III e da coroação de Carlos IV, foi nomeado "Primeiro Pintor da Câmara do Rei", tornando-se o pintor oficial do monarca e sua família.
Muitas de suas gravuras, em referência à moral, ao estranho e ao bizarro da alma humana, encontraram grande aceitação.[1]
Em 1790, pintou um de seus autorretratos.
A doença |
Em 1792, numa viagem a Andaluzia, contraiu uma doença séria e desconhecida, transmitida por seu amigo Sebastián Martínez, ficando temporariamente paralítico, parcialmente cego e totalmente surdo. Com a doença, perdeu sua vivacidade, seu dinamismo, sua autoconfiança. A alegria desapareceu lentamente de suas pinturas, as cores se tornaram mais escuras e seu modo de pintar ficou mais livre e expressivo. Parcialmente recuperado, retornou a Madrid no verão de 1793 e continuou a trabalhar como artista da Corte, porém buscou outras inspirações para expressar sua fantasia e invenção sem limite, o que as obras sob encomenda não lhe permitiam.
Devido à doença, Goya passou a não ter mais muito respeito pela aristocracia, expondo nas suas pinturas as verdadeiras identidades e as fraquezas dos modelos. Um exemplo é o retrato do rei Fernando VII da Espanha. Seus retratos deste período mostram, todavia, a sua fascinação pelas mulheres e pelas crianças, não igualada por nenhum outro artista, com a possível exceção de Renoir. Dois retratos de mulheres, executados nessa época, mostram claramente essa qualidade: Doña Antonia Zarate, orgulhosa, ereta, coquete e algo triste; e a Condesa de Chinchón, o mais terno de seus retratos de mulheres, no qual o rosto infantil e a postura frágil dos ombros contrastam com o traje elegantemente pintado. Estes retratos foram como um último adeus às alegrias da vida, porque pouco depois Goya se exilou em sua Quinta del Sordo, em Madrid. As guerras napoleônicas vieram e se foram, e os horrores sofridos pelos espanhóis deixaram um Goya amargo, transformando a sua arte em um ataque contra a conduta insana dos seres humanos, passando a retratar a falta de sentido do sofrimento humano, tanto injusto como não merecido.
Entre os anos de 1810 e 1814, produziu sua famosa série de pinturas "Los Desastres de la Guerra" e suas duas obras primas "El Segundo de Mayo 1808" e "El Tercero de Mayo 1808" (também conhecido como "Los fusilamientos en la montaña del Príncipe Pío" ou "Los fusilamientos del tres de mayo" ). Estas pinturas demonstram um uso de cores extremamente poderoso e expressivo. Pela primeira vez, a guerra foi descrita como fútil e sem glória, e pela primeira vez não havia heróis, somente assassinos e mortos.
Em 1821, a Inquisição abriu um processo contra Goya por considerar obscenas as suas "Majas", mas o pintor conseguiu livrar-se, sendo-lhe restituída a função de "Primeiro Pintor da Câmara".
Os últimos anos |
Durante a última parte de sua vida, Goya cobriu as paredes de sua Quinta del Sordo com as famosas "pinturas negras", as últimas e mais misteriosas de seu gênio atormentado, como "Saturno devorando um filho" (1819-1823) que se encontra atualmente no Museu do Prado. Esta pintura constitui uma referência aos conflitos internos de Espanha, durante o reinado absolutista de Fernando VII, mas será também um reflexo da degradação da sua saúde física e mental.
Conhecido como "Goya, o Turbulento" e considerado às vezes como "o Shakespeare do pincel"[2], suas produções artísticas incluem uma ampla variedade representativa de retratos, paisagens, cenas mitológicas, tragédia, comédia, sátira, farsa, homens, deuses e demônios, feiticeiros, e um pouco do obsceno.[2]
Em 1824, Goya exilou-se em Bordéus, França, vindo a morrer quatro anos depois naquela cidade. Encontra-se sepultado em San Antonio del la Florida, Madrid na Espanha.[3]
“ | O sono da razão produz monstros. | ” |
Obras |
São conhecidas 432 obras de Goya, dispersas por 95 pontos do planeta, em 221 instituições públicas e privadas[4].
- (1777) - Riña en el Mesón del Gallo
- (1777) - El paseo por Andalucía
- (1778) - La cometa
- (1786) - La nevada
- (1786-1787) - Cazador junto a una fuente
- (1786-1787) - La vendimia
- (1789) - Carlos IV de vermelho
- (1795) - La Duquesa de Alba y la dueña ou La Duquesa de Alba y la "beata"
- (1799) - Los caprichos
- (1810-1820) - Los desastres de la guerra
- (1814) - Los fusilamientos del tres de mayo
- (1814) - Tres de mayo de 1808 en Madrid ou La carga de los mamelucos
- La maja desnuda
- La maja vestida
- (1815) Los disparates
- Saturno devorando a un hijo
- El Aquelarre
Filmes |
Sombras de Goya, de Milos Forman (2006)- Goya, de Carlos Saura (1999)
Referências
↑ Marin de Oliveira 2013.
↑ ab Franco, 147
↑ Francisco de Goya (em inglês) no Find a Grave
↑ «Museu virtual reúne todo o Goya»
Bibliografia |
Buchholz, Elke Linda (1999). Francisco de Goya: Life and Work (em inglês). Colônia: Könemann. 96 páginas. ISBN 9783829029308. Consultado em 17 de agosto de 2014
Ciofalo, John J (2001). The Self-Portraits of Francisco Goya (em inglês). Cambridge: Cambridge University Press. 240 páginas. ISBN 9780521771368. Consultado em 17 de agosto de 2014
Connell, Evan S (2004). Francisco Goya: A Life (em inglês). Nova Iorque: Counterpoint. 246 páginas. ISBN 9781582433073. Consultado em 17 de agosto de 2014
Gassier, Pierre (1955). Goya: Biographical and Critical Study (em inglês). Nova Iorque: Skira. 139 páginas. Consultado em 17 de agosto de 2014
Havard, Robert (5 de julho de 2005). «Bulletin of Spanish Studies» 5 ed. (em inglês). 82: 615-639|capítulo=
ignorado (ajuda)
Hughes, Robert (2004). Goya. Nova Iorque: Alfred A. Knopf. ISBN 0-394-58028-1
Junquera, Juan José (2003). The Black Paintings of Goya (em inglês). Londres: Scala Publishers. 95 páginas. ISBN 9781857592733. Consultado em 17 de agosto de 2014
Licht, Fred (1983). Goya: The Origins of the Modern Temper in Art (em inglês). [S.l.]: Harper & Row. 288 páginas. ISBN 9780064301237. Consultado em 17 de agosto de 2014
Thomas, Henry; Thomas, Dana Lee (1960). Vidas de Grandes Pintores. Rio de Janeiro: Globo. 147 páginas. Consultado em 17 de agosto de 2014 A referência emprega parâmetros obsoletos|coautores=
(ajuda)
Tomlinson, Janis (1999). Francisco Goya y Lucientes 1746–1828 (em inglês). [S.l.]: Phaidon. 320 páginas. Consultado em 17 de agosto de 2014
Marin de Oliveira, S. R (2013). A Representação do Feio na Arte: Breve Estudo sobre Quatro Gravuras de Francisco Goya (Dissertação de Mestrado). São Paulo: UNESP
Ligações externas |
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- Obras de Francisco Goya
- As obras de arte de Francisco Goya
- Goya e a Modernidade
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