Diplomacia bizantina




A diplomacia bizantina refere-se aos princípios, métodos, mecanismos, ideias e técnicas que o Império Bizantino defendeu e utilizou de modo a negociar com outros Estados e promover os objetivos de sua política externa. Dimitri Obolensky afirma que a preservação da civilização na Europa Oriental foi devido à habilidade e desenvoltura da diplomacia bizantina, que continuou sendo uma das contribuições duradouras para a história da Europa e Oriente Médio.[1]




Índice






  • 1 Desafios e objetivos


  • 2 Princípios e métodos


  • 3 Referências


  • 4 Bibliografia





Desafios e objetivos |



Diplomacia bizantina



Embaixada de João, o Gramático em 829, entre o imperador Teófilo (r. 829–842) e o califa abássida Almamune (r. 813–833).





Olga, governante da Rússia de Quieve, junto com seu acompanhante em Constantinopla.





Omortague (r. 815–831), governante da Bulgária, envia uma delegação para o imperador bizantino Miguel II, o Amoriano (r. 820–829).



Iluminuras do Escilitzes de Madrid


Após a queda de Roma, o principal desafio do Império Bizantino foi manter um conjunto de relações entre ele próprio e seus diversos vizinhos, incluindo os povos germânicos, georgianos, ibéricos, búlgaros, eslavos, armênios, hunos, ávaros, francos, lombardos e árabes, que incorporou e assim manteve seu estatuto imperial. Todos estes vizinhos não dispunham do recurso chave que Bizâncio havia assumido a partir de Roma, uma estrutura legal formalizada. Quando eles começaram a forjar instituições políticas formais, eram dependentes do império. Enquanto que escritores clássicos gostam de fazer uma distinção nítida entre paz e guerra, para os bizantinos a diplomacia era uma forma de guerra por outros meios. Antecipando Nicolau Maquiavel e Carl von Clausewitz, o historiador bizantino João Cinamo escreve, "uma vez que muitos e diversos assuntos levam em direção a um fim, vitória, é uma questão de indiferença que se usa para alcançá-la." Com um exército regular de 120.000-140.000 homens após as perdas do século VII,[2][3] a segurança do império dependia de diplomacia ativista.


O "Gabinete dos Bárbaros" de Bizâncio foi a primeira agência de inteligência estrangeira, coletando informações sobre os impérios rivais de todas as fontes imagináveis.[4] Enquanto na aparência fosse um gabinete protocolar - sua principal missão era garantir que enviados estrangeiros fossem adequadamente tratados e recebessem fundos suficientes do Estado para sua manutenção, e manteve tradutores oficiais – tendo claramente uma função de segurança. O Tratado sobre Estratégia, do século VI, aconselhava sobre embaixadas estrangeiras: "[emissários] que nos são enviados devem ser recebidos com honra e generosidade, para todos mantê-los em alta estima. Seus assistentes, no entanto, devem ser mantidos sob vigilância para serem obtidas todas as informações por meio de perguntas do nosso povo".[5]



Princípios e métodos |


A diplomacia bizantina chamou seus vizinhos em uma rede de relações internacionais e interestaduais, controlada pelo próprio império.[6] Este processo girava em torno de tratados. O historiador bizantino Evângelo Crisos postula um processo de três camadas no trabalho: 1) o novo governante foi recebido na família dos reis, 2) havia uma assimilação das atitudes e valores sociais bizantinos, 3) como uma formalização da segunda camada do processo, havia leis."[7]


De modo a conduzir este processo, os bizantinos recorreram a uma série de práticas, principalmente diplomáticas. Por exemplo, embaixadas para Constantinopla poderiam frequentemente permanecer por anos. Membros de outras casas reais eram rotineiramente convidados a ficar em Constantinopla, não só como potenciais reféns, mas também como peões manipuláveis, que podiam vir a ser usados em questões políticas favoráveis aos bizantinos em seus países de origem. Outra prática fundamental era deslumbrar os visitantes com cerimónias e espetáculos suntuosos.[8] As riquezas de Constantinopla serviram para propósitos diplomáticos do Estado como um meio de propaganda, e como um meio de impressionar os estrangeiros.[9] Quando Liutprando de Cremona foi enviado como um embaixador para a capital bizantino, foi dominado pela residência imperial, as refeições luxuosas e o entretenimento acrobático. Um cuidado especial foi tomado para estimular o maior número de sentidos tanto quanto possível: coisas iluminadas para ver, sons aterrorizantes, comida saborosa; mesmo as peças do conjunto diplomático tiveram bárbaros em volta do trono vestindo seus equipamentos nativos.[8]


O fato de que Bizâncio nas suas relações com os bárbaros geralmente preferiu a diplomacia à guerra não é surpreendente. Para os romanos orientais, que enfrentavam a necessidade de ter que lutar em duas frentes - no Oriente contra persas, árabes e turcos e no Norte contra eslavos e nômades das estepes - era sabido, por experiência pessoal, qual caro a guerra era, tanto em dinheiro como mão de obra.[1] Os bizantinos foram hábeis em usar diplomacia como uma arma de guerra: se os búlgaros ameaçassem, subsídios poderiam ser dados à Rússia de Quieve; uma ameaça rus' poderia ser contornada por subsídios aos pechenegues; se os pechenegues causassem problemas, os cumanos e oguzes poderiam ser contratados. Havia sempre alguém na retaguarda do inimigo em uma posição de apreciar a generosidade do imperador. Outro princípio inovador da diplomacia bizantino foi a interferência efetiva nos assuntos internos de outros Estados. Em 1282, Miguel VIII Paleólogo (r. 1259–1282) patrocinou uma revolta na Sicília contra Carlos I da Sicília (r. 1266–1285) chamadas de Vésperas Sicilianas. Heráclio (r. 610–641) uma vez interceptou uma mensagem de seu rival persa Cosroes II (r. 590–628) que ordenava a execução de um general. Heráclio acrescentou 400 nomes a mensagem e desviou o mensageiro, provocando uma rebelião daqueles da lista.[4]




Referências




  1. ab Obolensky 1994, p. 3.


  2. Gabriel 2002, p. 281.


  3. Haldon 1999, p. 101.


  4. ab Antonucci 1993, p. 11–13.


  5. Dennis 1985, p. 125.


  6. Neumann 2005, p. 869–870.


  7. Shepard 1992, p. 35.


  8. ab Neumann 2005, p. 870–871.


  9. Laiou 2002, p. 3.



Bibliografia |





  • Antonucci, Michael (1993). «War by Other Means: The Legacy of Byzantium». History Today. 43 (2). ISSN 0018-2753 


  • Dennis, George T. (1985). Three Byzantine Military Treatises (Volume 9). Washington: Dumbarton Oaks, Research Library and Collection 


  • Gabriel, Richard A. (2002). The Great Armies of Antiquity (em inglês). Westport: Greenwood Publishing Group. ISBN 0-275-97809-5 


  • Haldon, John (1999). Warfare, State and Society in the Byzantine World, 565-1204. Londres: University College London Press. ISBN 1-85728-495-X 


  • Laiou, Angeliki E. (2002). The Economic History of Byzantium (em inglês). Washington: Dumbarton Oaks 


  • Neumann, Iver B. (2005). «Sublime Diplomacy: Byzantine, Early Modern, Contemporary» (PDF). Millennium: Journal of International Studies. 34 (3). ISSN 1569-2981. doi:10.1177/03058298060340030201 


  • Obolensky, Dimitri (1994). Byzantium and the Slavs. Yonkers: St Vladimir's Seminary Press. ISBN 0-88141-008-X 


  • Shepard, Jonathan; Franklin, Simon (1992). Byzantine Diplomacy: Papers from the Twenty-Fourth Spring Symposium of Byzantine Studies. Aldershot, Hampshire: Variorum. ISBN 0-86078-338-3  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)









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